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Fagner e Zeca Baleiro resgatam registro de show de 18 anos atrás

Os dois firmaram parceria em 2002 com uma pequena turnê de oito oshows

José Teles
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José Teles
Publicado em 23/04/2020 às 16:21
Divulgação
Uma das faixas é um clipe colaborativo com imagens enviadas por fãs na quarentena - FOTO: Divulgação

Impossibilitados de se apresentar em público, pelo isolamento social, Fagner e Zeca Baleiro tiram do fundo do baú a gravação de um show que fizeram juntos em 2002, em Brasília. Na época os dois engatavam uma parceria, realizaram oito apresentações que levaram ao álbum Raimundo Fagner e Zeca Baleiro, com áudios pinçados de apresentações no falecido Canecão, no Rio, entre 12 e 14 de dezembro de 2003. Dois anos mais tarde seria a vez de um DVD de um dos shows. Tanto o CD quanto o DVD (com selo da extinta gravadora Indie Records) tiveram uma divulgação discreta: “Não tínhamos o objetivo de repercutir esse show, era uma experiência, um trabalho artesanal que deu certo”, esclareceu Fagner na época.
Tanto o disco quanto o DVD de Fagner e Zeca foram esquecidos, são raridades, há muitos anos fora de catálogo. As gravações dos shows foram arquivadas, igualmente esquecida. O registro que chega às plataformas digitais, segundo informa a assessoria, foi descoberto por acaso, no final do ano passado, e estava previsto para este semestre de 2020, quando os dois voltariam aos palcos para divulgá-lo. Seja lá como for, o álbum chega em momento oportuno. Já que não podem cantar em teatros para o seu público, os dois vão até onde este está confinado, e tem a música como uma das opções para preencher o tempo.
A dupla até gravou um clipe explicitamente com este fim, da parceria inédita, intitulada Quando o Sol. O clipe é colaborativo. Zeca e Fagner pediram aos fãs imagens deles já em regime de isolamento. A edição é de Fred Siewerdt: “ É uma maneira de interagirmos com o público e também de nos mantermos ativos nestes dias difíceis, além de colaborar com o mantra 'fique em casa' e enfrentar essa crise juntos”, comenta Fagner, sobre uma das duas gravações de estúdio do álbum. A outra chega a ser uma surpresa. A regravação de Meu Amor Chorou, de Luis Marçal Neto, sucesso do pesqueirense Paulo Diniz em 1971, uma das músicas recorrentes no repertório de cantor de barzinho.
Ao contrário do álbum de 2003, gravado com banda outra, este com o show brasiliense é quase intimista, Raimundo Fagner e Zeca Baleiro estiveram no palco com apenas dois músicos, Tuco Marcondes (violão e guitarra), e Adelson Viana (piano e acordeom). Estes shows geralmente costumam ser até mais divertidos do que o de carreira, de lançamento de inéditas. Fagner, canta por exemplo, Você Só Pensa em Grana, uma diatribe contra a ganância de alguém, assinada por Zeca Baleiro, muito pouco conhecida, do álbum Líricas, de 2000, de versos cortantes: “Você rasga os poemas que te dou/mas nunca vi você rasgar dinheiro/você vai me jurar eterno amor/se eu lhe comprar o mundo inteiro”.
Abrem o repertório com Serenou na Madrugada, canção de domínio público, mas cujos direitos poderiam ser reivindicados para os direitos autorais e Capiba, que a adaptou e assinou como Linda Flor da madrugada (lançada por Cyro Monteiro em 1971). E passeiam por searas variadas, que incluem De Teresina a São Luis, lançada em 1962 por Luiz Gonzaga, de João do Vale, (co-assinada por Helena Gonzaga, parceria obviamente cedida à mulher de Gonzagão).
É um Fagner e Zeca Baleiro acústico. Baleiro mostra-se muito vontade ao lado de Fagner. A diferença dos dois, além da idade, era de tempo de carreira. O maranhense era ainda relativamente uma cara nova na MPB, seu primeiro álbum, Por Onde Andará Stephen Fry? É de 1997, enquanto Fagner estava completando 30 anos de carreira, a contar do álbum de estreia, Manera Fru Fru Manera, de 1973.
SEM CORREÇÕES
Um cassete na capa do álbum lembra que sua música veio de uma fita antiga, deixada como foi encontrada, sem nenhum acréscimo de instrumentos, ou correções na gravação, que recebeu apenas uma remasterização, feita pelo técnico de som Leonardo Nakabayashi. Raimundo Fagner & Zeca Baleiro ao Vivo em Brasília, 2002, não deve ter edição física, mas terá mais visibilidade do que o CD e DVD, com registro da mesma mini-turnê, e que tem um repertório bem diferente.

 

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