CULTURA NAS CAPITAIS | Notícia

Recife é a capital brasileira onde mais se vai ao Carnaval, aponta pesquisa

Recife também se destaca em jogos eletrônicos, cinema e shows musicais, mas tem baixa adesão a teatro, circo, saraus e concertos no Nordeste

Por Emannuel Bento Publicado em 01/04/2025 às 5:00

Recife é a capital brasileira onde mais se frequenta o Carnaval, de acordo com a pesquisa Cultura nas Capitais, maior levantamento sobre o tema já produzido no Brasil.

Dos entrevistados, 31% disseram ter ido, quase o dobro da média da pesquisa (17%). É a cidade onde mais gente foi a desfile (22%) e blocos (30%). As festas juninas também se destacam (32%), contra 28% da média das capitais.

No Recife, as classes D e E acompanham a média nacional (35%) apenas no segmento de festas populares, destacando a importância dos ciclos festivos na democratização do acesso à arte.

A pesquisa Cultura nas Capitais ouviu 19500 pessoas das 26 capitais brasileiras e do Distrito Federal entre os dias 19 e 22 de maio de 2024, revelando padrões de acesso, exclusão e preferências.

Games, cinema e shows são destaques no Recife

Wesley D'Almeida/PCR
Imagem do polo do Marco Zero, no Carnaval do Recife, durante o show de Lenine na terça-feira de Carnaval - Wesley D'Almeida/PCR

Além disso, Recife é a capital do Nordeste onde mais se vai ao cinema, um número de 46% - ainda assim, abaixo da média nacional (48%), mostrando como acesso à sétima arte não é amplo na região.

Outra área de destaque é a dos jogos eletrônicos, sendo também o maior índice do Nordeste (53%), acima da média nacional, que é de 51%.

A capital pernambucana também é a que mais frequenta shows de música na região (41%), quase empatada com João Pessoa (40%) e Aracaju (40%).

Posição de lanterna no circo e no teatro

MARCOS PASTICK/PCR
Imagem da Mostra de Circo do Recife, em 2023 - MARCOS PASTICK/PCR

"Por outro lado, Recife teve um dos menores índices de público em teatros (17%), superando apenas Teresina. O dado reforça a necessidade de políticas públicas que incentivem a apreciação das artes cênicas ao longo do ano, especialmente por meio de temporadas de ocupação mais acessíveis e eficientes.

Recife também apresentou os piores números do Nordeste na ida ao circo (11%) e saraus (7%). No setor de concertos (4%), só não fica atrás de Maceió (2%).

Na comparação com os resultados da pesquisa de 2017, Recife apresentou queda no acesso à maioria das atividades culturais, entre elas bibliotecas (-15%), cinemas (-8%) e teatros (-7%).

Ainda sobre bibliotecas, apenas 19% dos recifenses disseram ter ido a bibliotecas em 2024. O percentual fica abaixo da média nacional das capitais (25%).

Oportunidades

Andréa Rêgo Barros/PCR
Museu da Cidade do Recife - Andréa Rêgo Barros/PCR

Apesar de alguns índices negativos, a pesquisa Cultura nas Capitais aponta oportunidades para os gestores culturais direcionarem investimentos. Para começar, 80% dos recifenses a cultura é essencial na vida deles, especialmente por ser sinônimo de bem-estar.

O percentual de pessoas que desejam visitar museus no Recife (26%) é maior do que aqueles que foram a espaços museológicos no período da pesquisa (19%). Além disso, pessoas de outras 17 cidades ouvidas pela pesquisa disseram ter visitado algum espaço museológico no Recife, demonstrando a importância desse setor para o turismo.

Apesar do número baixo da ida ao teatro, 34% desejam assistir a peças teatrais, o dobro daqueles que declararam ter ido (17%). Já o percentual de pessoas que frequentam espetáculos de dança poderia dobrar no Recife. Dos entrevistados que não acessaram a atividade, 25% declararam o interesse, mesmo percentual dos que foram (25%).

"Recife é uma cidade com vocação cultural pulsante, e os dados da pesquisa confirmam isso. Ao mesmo tempo em que o Carnaval e o São João seguem fortemente valorizados pela população, há um enorme potencial de crescimento em outras áreas, como teatro, museus e espetáculos de dança", diz João Leiva, diretor da JLeiva e responsável pelo levantamento.

"Isso evidencia não apenas o interesse da população, mas também uma grande oportunidade para políticas públicas e investimentos privados que democratizem ainda mais o acesso à cultura na capital pernambucana", completa.

Metodologia 

Nesta edição da pesquisa Cultura nas Capitais, as pessoas foram abordadas pessoalmente em pontos de fluxo populacional. Ao todo, os pesquisadores foram distribuídos por 1.930 pontos de fluxo (entre 40 e 300 por capital), em regiões com diferentes características sociais e econômicas.

Os entrevistados respondiam até 61 perguntas, além das relacionadas a características sociais e econômicas (como escolaridade, cor da pele etc.). O instituto responsável pelo estudo é o Datafolha.

A pesquisa também adotou oCritério Brasil de Classificação Econômica, um instrumento de segmentação econômica que utiliza o levantamento de características domiciliares para diferenciar a população em classes: A, B, C, D ou E.

O trabalho foi realizado pela JLeiva Cultura & Esporte, com patrocínio do Itaú e do Instituto Cultural Vale, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) do Ministério da Cultura, com parceria da Fundação Itaú.

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