'Pequena Coleção das Dores', de Luciana Padilha, entra em cartaz no Eufrásio Barbosa, em Olinda
Com 200 imagens divididas em núcleo temáticos, mostra propõe reflexões sobre memórias, afetos e dores a partir de um inventário poético e visual

Reflexões sobre memórias, afetos e dores coletivas se entrelaçam na nova exposição da artista, pesquisadora e professora Luciana Padilha.
Criada a partir de um inventário poético e visual, a mostra "Pequena Coleção das Dores" fica em cartaz no Mercado Eufrásio Barbosa, em Olinda, a partir desta sexta-feira (28), às 19h. A entrada é gratuita.
Com curadoria de Rebeka Monita, a mostra é um desdobramento do projeto de doutorado da artista, desenvolvido entre 2019 e 2024.
A exposição reúne mais de 200 imagens, divididas em núcleos temáticos, além de outros trabalhos que dialogam com os processos criativos e afetivos da artista.
Inventário das Dores
O ponto de partida do trabalho foi o Inventário das Dores, uma obra composta por palavras recortadas de um dicionário que contêm a sílaba ou as três letras "dor" em sua grafia, como "adorável", "caminhador" ou "adormecida".
"Eu saí recortando de um dicionário todas as palavras que continham a sílaba ou as três letras em sequência para recortar e colar. Isso virou uma obra que vai estar lá presente", explica Luciana.
O inventário, com mais de 1.767 palavras, não representa necessariamente a dor em si, mas abre caminho para uma ressignificação desse sentimento através da arte.
Palavras viram imagens fotográficas
A partir desse inventário, a artista transformou as palavras em imagens fotográficas capturadas com uma câmera lambe-lambe, também conhecida como câmera ambulante ou de jardim.
"A ideia era trabalhar realmente o sentido dessas palavras, não necessariamente representar a dor. O trabalho todo do doutorado é uma ressignificação desse entendimento de dor", afirma Luciana.
"Com a Pequena Coleção das Dores, a ideia passou a ser traçar um caminho a partir das palavras do inventário, conectando-as aos sentidos e lugares que elas têm na minha própria trajetória. Esse mapeamento é, na verdade, um processo de transmutação — uma forma de olhar para essas dores através da arte, dando a elas novos contornos e significados", diz.
Curadoria
A curadoria de Rebeka Monita organizou a exposição em núcleos temáticos que refletem a poética de Luciana Padilha.
"São mais de 200 imagens nesse núcleo que é a Pequena Coleção das Dores e mais seis outros trabalhos. Vamos ocupar as duas salas do Mercado Eufrásio Barbosa, além de uma pequena instalação que ficará no pátio de entrada", explica a curadora.
Entre os núcleos, destacam-se o Grupo dos Sonhadores, com retratos de amigos fotografados no Coreto, na Praça do Carmo de Olinda; o Grupo do Colecionador, que reúne imagens e palavras capturadas em positivo e negativo; e o Grupo Redor, que explora o entorno das ladeiras de Olinda, marcando a vida da artista.
Na expografia, a cartografia foi o método criativo escolhido, mapeando não apenas espaços físicos, mas também territórios emocionais.
O conceito de cartografia empregado no projeto parte da ideia de que a artista está fazendo um grande mapeamento dessas dores inevitáveis ao ser humano. A fragilidade e a efemeridade se misturam com a alegria da memória e da afetividade.
SERVIÇO
Exposição Pequena Coleção das Dores, de Luciana Padilha, com curadoria de Rebeka Monita
Onde: Mercado Eufrásio Barbosa – Olinda/PE
Quando: 28 de março, às 19h
Período: até 15 de abril
Quanto: Entrada gratuita