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Maracatus de Baque Solto se encontram nesta segunda (3), em Nazaré da Mata. Conheça os personagens

Tradição do Carnaval de Pernambuco, o Encontro dos Maracatus de Baque Solto de Nazaré da Mata celebra cultura, história e ancestralidade

Por Adriana Guarda Publicado em 03/03/2025 às 8:00

Mais de 30 grupos se reúnem nesta segunda-feira (3) e terça-feira (4) para participar do Encontro dos Maracatus de Baque Solto de Nazaré da Mata, conhecida como Terra do Maracatu. Em 2025, evento exalta à memória e o legado cultural do Mestre Barachinha, do Maracatu Estrela Dourada, e da Mestra Gil, primeira mulher a ocupar o posto de poeta de improviso. 

O tema deste ano é “O Som do Maracatu é o Coração de Nazaré” e o destaque desta edição é o retorno do evento, após muitos anos, para Praça João XXII, conhecida como Praça da Catedral. A programação é gratuita, e aberta ao público.

Além de Nazaré da Mata, integram a programação maracatus rurais dos municípios de Vitória de Santo Antão, Tracunhaém, Timbaúba, Carpina, Aliança, Condado, Lagoa de Itaenga, Buenos Aires, Chã de Alegria, Itambé, Ferreiros, Glória do Goitá, Araçoiaba, Lagoa do Carro e Itaquitinga.

"Estamos muito felizes de poder fazer um carnaval que valoriza à nossa identidade cultura e raízes africanas e indígenas. Em 2025, estamos tendo a alegria de celebrar, junto aos 18 grupos locais, e outros 12 convidados da região, a cultura popular feita pelas crianças, mulheres, homens, idosos, público LGBTQIAPN+. A cultura pernambucana tem sua diversidade, e o maracatu de baque solto tem isso em sua identidade e história. O que nos enche de orgulho por demais", diz o Secretário de Cultura, Turismo e Esportes de Nazaré da Mata, Washington Dario.

O secretário também comemora o incremento que o Encontro de Maracatus pode trazer para o turismo. "A cidade está animada, colorida, cheia de turistas. Um clima de total alegria. A gestão municipal está muito empenhada de reconhecer que, apesar de termos assumidos há menos de sessenta dias, estamos ajudando a colocar Nazaré da Mata no mapa do afroturismo brasileiro e internacional. A cultura do maracatu rural é um catalizador fundamental que contribuir no desenvolvimento sustentável, preservação, difusão, memória e salvaguarda da cultura de nossa gente", complementa. 

Em Nazaré da Mata, atualmente, há 19 grupos. A brincadeira popular, que surgiu no terreiros dos canais, tem em sua representação figuras e personagens que remetem à cultura africana, indígena e europeia. 

BAQUE SOLTO OU BAQUE VIRADO?

É de baque solto ou virado? A confusão ainda é comum, mesmo em Pernambuco, a terra do maracatu. A diferenciação é, principalmente, visual e sonora. Se tem a presença exuberante do caboclo de lança, com sua gola de lantejoulas, cabeleira e chocalhos: é de baque solto. Se escuta a força das alfaias, com um ritmo que parece nos transportar para outra realidade: é de baque virado. 

O maestro Guerra Peixe foi um dos primeiros a estudar as diferenças musicais entre os dois maracatus. Foram três anos de pesquisa, entre 1949 e 1952, para escrever o livro Maracatus do Recife, apresentando as peculiaridades de cada um. No baque solto, a banda de músicos é chamada de terno e é formada por 'porca', tambor, gonguê, caixa e instrumentos de sopro.

O caboclo de lança é o personagem mais emblemático do baque solto e do Carnaval de Pernambuco. Até o Galo da Madrugada  reverenciou o guerreiro este ano, vestindo uma gola confeccionada de garrafas PET. A verdade é que ele é uma figura atraente e intrigante, que desperta fascínio e medo. 

O baque solto surgiu na Zona da Mata pernambucana, unindo tradições indígenas, africanas e ibéricas. "No começo desfilavam só caboclos de lança, arreiamá (índio que traz a paz para o maracatu) e baianas de toalhas, que eram homens vestidos de mulher. Depois surgiram outros personagens. O caboclo de lança é um índio guerreiro que está ali para proteger seu povo”, conta o presidente da Associação de Maracatus de Baque Solto de Pernambuco, Manoelzinho Salustiano. Com o deslocamento de trabalhadores da cana para o Grande Recife, os grupos deixaram de se concentrar apenas na Zona da Mata.

Com o brinquedo se espalhando por várias regiões, também se multiplicaram as festas. Além do evento de Maracatus de Nazaré da Mata, também acontecem outros encontros tradicionais, em Aliança e Olinda. Neste domingo, o encontro é em Aliança, a partir das 15h. Na segunda (3), às 11h, tem festa na Ilumiara Zumbi, na Cidade Tabajara, em Olinda. E, na terça (4), os maracatus voltam a se encontrar em Aliança, a partir das 8h.    

Conheça os principais personagens do Maracatu de Baque Solto

Caboclo de lança - integrante mais conhecido do baque solto, ele é o guerreiro que protege o maracatu, formando uma barreira ao redor do grupo. Veste a chamada arrumação, com gola bordada de lantejoulas, cabeleira de fios reluzentes, cravo na boca e a lança (guiada). Dança como se fizesse movimentos de uma luta

Arreiamá - caboclo de pena, que não usa lança, mas um machado. Na cabeça, traz um cocar de penas de pavão e representa a
conexão do maracatu com as forças da natureza. A dança lembra a do caboclinho. 

Mestre do apito - Ele é o porta-voz do grupo e quem comanda a festa. Além de ser o poeta quem cria as loas (músicas), ele organiza as manobras e evoluções do grupo. É ele quem conduz o espetáculo e executa as loas acompanhado pelo terno (grupo de músicos da brincadeira).  

Dama do paço - tem a missão de carregar a boneca. É personagem fundamental da brincadeira, porque a calunga é a protetora do maracatu e só a dama do paço e outros poucos integrantes podem pegar na boneca.

Catita - um dos personagens mais antigos do baque solto (também presente no Cavalo Marinho), ela é responsável por pedir dinheiro e comida para o grupo. Carrega um jereré (instrumento de pescaria) e é estravagante na vestimenta, usando colares, peruca, óculos escuro e vestido estampado. Fica na frente do maracatu, junto com o Mateus e a Burrinha. 

Serviço:

  • O quê: Encontro dos Maracatus de Baque Solto de Nazaré da Mata celebra cultura, história e ancestralidade
  • Quando: dias 03 e 04 de março
  • Onde: Praça João XXIII, conhecida como Praça da Catedral, em Nazaré da Mata

 

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