MÚSICA | Notícia

Músicas do Carnaval 2025: de Geraldo Azevedo a Flaira Ferro, conheça frevos lançados neste ano

Artistas de diferentes gerações reafirmam a força do gênero, seja na tradição dos blocos líricos, em homenagens aos ícones ou em experimentações

Por Emannuel Bento Publicado em 19/02/2025 às 15:51

O frevo continua vivo, pulsante e em constante transformação. Em 2025, artistas de diferentes gerações reafirmam a força do gênero, seja na tradição dos blocos líricos, nas homenagens aos ícones da música pernambucana ou nas experimentações que ampliam seus limites.

Nomes como Claudionor Germano, Geraldo Azevedo e a Banda de Pau e Corda se reinventam dentro da tradição, enquanto Flaira Ferro, com seu flerte com o rock e a música eletrônica, e a Orquestra do Babá, com releituras inusitadas, mostram que há espaço para ousadia.

Todos mantêm viva a essência do ritmo. Confira alguns dos lançamentos que marcam o frevo neste ano:

Recife Início, Meio e Fim, da Orquestra Malassombro com Claudionor Germano e Coral Edgard Moraes

LUARA OLÍVIA/DIVULGAÇÃO
Orquestra Malassombro lança álbum 'Recife, início, meio e fim' - LUARA OLÍVIA/DIVULGAÇÃO

O single "Recife: Início, meio e fim", que deu início aos lançamentos do álbum homônimo da Orquestra Malassombro, é uma verdadeira carta de amor à cidade. "Aqui eu sou feliz", canta o Coral Edgard Moraes. Claudionor Germano também participa nos versos iniciais e de encerramento.

A música é assinada por Rafael Marques, André Mussalem, José Demóstenes Torres e Isadora Melo, fazendo um mapeamento afetivo de hábitos e locais caros à identidade recifense.

Reverenciar um Recife atual é um dos principais objetivos do grupo, formado em 2018, e um dos grandes responsáveis pela renovação do frevo de bloco.

"Pensamos em homenagear o Recife e Claudionor é um personagem fundamental da cidade, habita o frevo, construiu essa história", diz a cantora Isadora Melo. "Vai além do tempo, mostra o que falamos e vivemos, a cidade em si", acrescenta o maestro Rafael Marques.

"Sempre Valeu", de Geraldo Azevedo

Leo Martins
Imagem de divulgação do músico Geraldo Azavedo - Leo Martins

Medalhão da MPB, Geraldo Azevedo equilibra a suavidade da sua voz com a linguagem energética do frevo em 'Sempre Valeu', composto em parceria com Pippo Spero e produzido e arranjado por César Michiles.

Na letra, o cantor reflete sobre os atos de amar e cantar e conclui, no auge de seus 80 anos, que "vale a pena". Azevedo termina a canção agradecendo à vida pelo dom que recebeu.

"A concepção do arranjo foi pensada com clareza e precisão, equilibrando a força dos metais com a sonoridade das flautas e o ritmo pulsante do frevo com a delicadeza que marca a interpretação de Geraldo", conta Michiles.

"O processo criativo aconteceu no estúdio de Geraldo, em sua casa, um ambiente que transborda inspiração. Ali, finalizei o arranjo, ajustando cada detalhe. A gravação foi concluída em Recife, unindo parte da sua banda com uma seção de metais, para criar uma sonoridade que respeitasse tanto a tradição do frevo quanto a essência do artista", finaliza.

"Massa Real", da Orquestra do Babá com Sofia Freire

HUGO MUNIZ
Imagem da Orquestra de Frevo do Babá - HUGO MUNIZ

A Orquestra de Frevo do Babá faz uma boa releitura de "Massa Real", de Caetano Veloso, com vocais de Sofia Freire, celebrando o Carnaval com doçura.

A faixa integra o álbum 'Frevoessência', produzido de forma totalmente independente, sem apoio de editais, reafirmando o compromisso do grupo com a renovação do frevo.

"Atualmente, quase ninguém grava frevo. Isso torna nosso trabalho ainda mais relevante, pois estamos assumindo a responsabilidade de manter o gênero ativo e acessível", destaca Babá.

O trabalho é inspirado por referências como o clássico disco "Coral Mucambo", de 1982, mesclando hinos icônicos com composições menos conhecidas, interpretadas por artistas que imprimem novas nuances - como no caso de "Massa Real".

Outras canções do álbum são "De Chapéu e Sol Aberto", "Arreia Lenha", "Cometa Mambembe", "Batutas de São José", "Pra Tirar Coco", "Bairro Novo Casa Caiada", entre outras.

"Afeto Radical", de Flaira Ferro com Lenine

MATHEUS MELO/DIVULGAÇÃO
Imagem da cantora Flaira Ferro - MATHEUS MELO/DIVULGAÇÃO

Flaira Ferro dá a primeira amostra de seu novo álbum, previsto para março, com o single "Afeto Radical", com participação de Lenine nos vocais. A faixa mescla a energia efervescente do frevo com rock, música eletrônica e metais - caminho que Flaira vem percorrendo desde "Revólver", de 2019.

A composição é assinada em parceria com o paraibano Lucas Dan, com arranjos e direção de Henrique Albino e produção musical de Kastrup (SP). A instrumentação combina teclados, saxofones, guitarra, baixos, violão de 12 cordas, trompete, trombone, synths e bateria.

A inspiração para a composição veio durante a gravidez da artista, que refletiu sobre as mudanças que a maternidade trouxe para sua identidade e acompanhava as notícias de guerras e polarizações políticas.

"Estava nesse misto de emoções, e a arte era a ferramenta que estava ao meu alcance para transformar sentimentos, mobilizar, denunciar e esperançar outros mundos", completa.

'Frevo do Hospício', da Banda de Pau e Corda com Spok

DIVULGAÇÃO
Imagem da Banda de Pau e Corda - DIVULGAÇÃO

"Frevo do Hospício", composição de Sérgio Andrade, da Banda de Pau e Corda, com produção de Alexandre Barros e Zé Freire, é uma ao  poder de transformação do frevo nos ambientes na folia.

Andrade teve como inspiração os momentos em que Alceu Valença tocava na sacada da casa dele, no Sítio Histórico de Olinda, na saída do Bicho Maluco Beleza. "Ele jogava a energia dele para a turma embaixo, e os foliões jogavam a energia de volta para cima. Me inspirei nesse momento", diz Sérgio.

Spok, além de ser uma grande figura do carnaval pernambucano, foi convidado também pela sua história com a Banda de Pau e Corda. "O primeiro palco que ele tocou no Carnaval foi conosco, no Carnaval que fazíamos em Boa Viagem, em 1986", diz Andrade. "Perpetuamos o frevo desde o nosso primeiro LP e nunca deixamos de gravá-lo em todos os nossos álbuns".

'Calor e Saudade', de Vinicíus Barros

LAURA PROTO/DIVULGAÇÃO
Imagem do cantor Vinicíus Barros - LAURA PROTO/DIVULGAÇÃO

O cantor Vinícius Barros lançou "Calor e Saudade", um frevo canção que tem a participação da Orquestra Malassombro, com arranjos do maestro Rafael Marques.

A faixa deu início aos trabalhos do seu terceiro disco, previsto para março. "Quis começar com um frevo para marcar a importância da nossa resistência cultural. Um gênero centenário, um dos símbolos da nossa identidade e do nosso território, que hoje é reconhecido pela Unesco, como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade".

"O que vou trazer conta a história de um cenário imaginado na cabeça de um homem negro, periférico, em meio às contradições urbanas, onde afetos, memórias, territórios e pessoas orbitam em torno de uma identidade em construção", diz o artista.

"O processo criativo aconteceu no estúdio de Geraldo, em sua casa, um ambiente que transborda inspiração. Ali, finalizei o arranjo, ajustando cada detalhe. A gravação foi concluída em Recife, unindo parte da sua banda com uma seção de metais, para criar uma sonoridade que respeitasse tanto a tradição do frevo quanto a essência do artista", finaliza César. 

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