ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS

José Paulo Cavalcanti toma posse na ABL: 'Uma homenagem a Pernambuco'

Advogado e escritor recifense assume a cadeira 39 da Academia Brasileira de Letras, anteriormente ocupada pelo também pernambucano Maciel Maciel

Imagem do autor
Cadastrado por

Emannuel Bento

Publicado em 09/06/2022 às 15:08 | Atualizado em 13/06/2022 às 19:44
Notícia
X

Eleito imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL) em novembro de 2021, o jurista e escritor recifense José Paulo Cavalcanti Filho tomará posse da cadeira 39 nesta sexta-feira (10), em cerimônia realizada no histórico Petit Trianon, no Rio de Janeiro.

José Paulo, que é articulista do Jornal do Commercio, ocupará a vaga que foi deixada pelo também pernambucano Marco Maciel. Essa cadeira foi fundada por um outro conterrâneo, o historiador e diplomata Oliveira Lima (1867-1928). Já o patrono é Francisco Adolfo de Varnhagen.

"Em 125 anos de Academia, só um pernambucano que morava no Recife foi eleito: Mauro Mota. Ele foi eleito em 1970 e morreu em 1984", ressalta José Paulo Cavalcanti, em entrevista ao JC.

"Sou o segundo que vai ocupar uma cadeira e continuar morando no Recife, mais de 50 anos depois. Essa é uma das razões pela qual considero que essa eleição é, sobretudo, uma homenagem da Academia a Pernambuco", continua.

Alexandre Gondim/@blogdosurfe
Ele era cnhecido na praia como Zé Paulinho - Alexandre Gondim/@blogdosurfe
RODRIGO CARVALHO / ACERVO JC IMAGEM
José Paulo Cavalcanti Filho possui livros publicados em 12 países - RODRIGO CARVALHO / ACERVO JC IMAGEM
RODRIGO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM
RECONHECIMENTO Cavalcanti Filho recebeu 21 votos, em cerimônia com participação de 34 Acadêmicos. Assim, assume a vaga deixada pelo ex-presidente da República Marco Maciel - RODRIGO CARVALHO/ACERVO JC IMAGEM

O escritor, que é um profundo conhecedor do poeta Fernando Pessoa, explica que o discurso da cerimônia de posse precisa seguir um regimento interno, que solicita que os imortais citem "personalidades e patronos anteriores".

A cadeira de número 39 já foi ocupada por nomes como Roberto Marinho, Otto Lara Resende, Elmano Cardim, Rodolfo Garcia, além dos já citados pernambucanos Oliveira Lima e Marco Maciel. 

"No discurso, também pretendo responder duas perguntas. A primeira é: quem somos como país? Será uma reflexão sobre o que é o país hoje. Um país fraturado, dividido, pois perdemos a capacidade de conviver. É preciso remar no sentido contrário desse rio para chegar, como diz a música de Luiz Gonzaga, ao 'riacho do navio' do nosso futuro promissor", adianta.

A segunda pergunta, antecipa o advogado, será sobre qual o papel da ABL nos dias de hoje. Ele relembra que o primeiro artigo do estatuto redigido por Machado de Assis aponta que a instituição "tem por fim a cultura da língua e da literatura nacional".

"Na defesa da língua, considero não haver nada mais urgente, revolucionário e transformador que a educação popular", comenta José Paulo. "Na cultura, em uma visão mais ampla, precisamos compreender que somos diversos. É preciso que saibamos enriquecer, prestigiando essa diversidade".

Atualmente, os outros pernambucanos da instituição são o advogado, jornalista e poeta Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça (cadeira 26), o diplomata Geraldo Holanda Cavalcanti (29), o professor Evanildo Bechara (33) e o historiador Evaldo Cabral de Mello (34).

Sociedade pernambucana celebra a conquista

"José Paulo Cavalcanti ultrapassou a barreira do mundo jurídico e escreve seu nome na área literária ao fazer parte da Academia Brasileira de Letras. Seus estudos sobre as obras do poeta Fernando Pessoa são referência. É um motivo de orgulho para todos nós", diz João Carlos Paes Mendonça, presidente do Grupo JCPM e do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação.

"A cadeira de número 39 tem uma seiva cultural pernambucana, o que Zé Paulo certamente dará continuidade. Ele bagagem literária, contribuição com bastante efeito para a literatura. Sua obra é cultura pernambucana que está em várias partes do mundo, pois teve obras publicadas em diversos idiomas", diz Margarida Cantarelli, desembargadora e ex-presidente da Academia Pernambucana de Letras.

"José Paulo prossegue, com sua eleição na ABL, a presença marcante de Pernambuco na cultura do País. Ele sucede a Marco Maciel -- um nome sucede outro, não o substitui. Agora é a hora e vez de José Paulo Cavalcanti levar adiante os brios literários da gente pernambucana aos quatro cantos do Brasil", fala Lourival Holanda, presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL).

"A merecida presença de José Paulo na Academia Brasileira de Letras reforça as tradições pernambucanas na literatura brasileira", diz Fernando Ribeiro Lins, presidente da OAB em Pernambuco.

"José Paulo é um escritor incrível, de uma redação inexcedível, que faz com que a atenção do leitor seja voltada ao seu escrito. Ler suas crônicas às quintas-feiras é um balsamo para qualquer pessoa pela riqueza da narrativa, por uma redação que é incomum e ao mesmo tempo super agradável. Ele irá honrar sem dúvida o nome de Pernambuco na ABL", diz Edilson Pereira Nobre Júnior, desembargador presidente do Tribunal Regional Federal 5ª Região.

Sobre José Paulo Cavalcanti Filho

José Paulo Cavalcanti Filho nasceu na capital pernambucana em 1948. Iniciou os estudos em Direito na Universidade Católica de Pernambuco, chegando a ser presidente do diretório acadêmico em 1968.

Ele participou de programas de estudos em universidades internacionais como Harvard, Cambridge e Massachusetts.

FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
Pernambucano José Paulo Cavalcanti filho foi eleito membro da ABL - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
José Paulo Cavalcanti filho, o primeiro surfista de Pernambuco foi eleito membro da ABL. - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM
José Paulo Cavalcanti filho, o primeiro surfista de Pernambuco foi eleito membro da ABL. - FILIPE JORDÃO/JC IMAGEM

José Paulo ocupou diversos cargos de destaque em instituições da justiça, a exemplo de Secretário Geral do Ministério da Justiça (1985/1986), Ministro de Estado da Justiça (1985) e também foi membro da comissão instituída pelo Conselho Federal da OAB para acompanhar a Revisão Constitucional (1993/1994) e Reforma Constitucional (1995).

No âmbito literário - já que estamos falando de uma academia de letras -, Cavalcanti Filho é bastante conhecido por ser um profundo conhecedor de Fernando Pessoa, grande escritor do começo do século 20.

Ele é autor de um livro que se tornou referência internacional sobre o português: "Fernando Pessoa: Uma (Quase) Autobiografia" (Record, 2011), que levou o 1º lugar do prêmio Jabuti, na categoria biografia, e ganhou edições em vários países.

O novo imortal ainda acumula várias comendas e condecorações, com destaque à Ordem de Rio Branco, Grão Oficial, concedida pelo Governo do Brasil. Fez consultoria para a UNESCO, Banco Mundial, Ministério da Cultura, dentre outras instituições.

Tags

Autor