Carnaval 2022: 'Bolsonaro' toma vacina e vira jacaré em desfile da escola de samba Rosas de Ouro
A escola de samba fez uma referência a uma declaração do presidente Bolsonaro sobre as vacinas contra covid-19

Com informações da Estadão Conteúdo
O desfile da Rosas de Ouro na manhã deste domingo (24) levou ao Sambódromo do Anhembi a representação de um presidente que virava jacaré após ser vacinado por uma enfermeira. A escola de samba fez uma referência a uma declaração do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), em 2020. Na época, o chefe do Planalto disse que se a pessoa optasse por tomar vacina contra covid-19 e virasse um jacaré, o problema seria dela.
Fundada em 1971, a escola escolheu como tema rituais e caminhos para a cura dos males - pelas mãos, pela alma ou pela mente. Paulo Menezes foi o carnavalesco.
Batizado de "Sanitatem", o samba-enredo diz em um trecho: "Faço minhas preces ao senhor/ Que a ciência seja a fonte do saber/ A medicina, esperança pra salvar/ O povo cantando em oração/ A alma e o brilho no olhar/ Entenda que o samba também tem o dom de curar".
Na comissão de frente, um dos bailarinos cuspia fogo. O primeiro casal de mestre-sala e porta-bandeira trazia pombos da paz na roupa, nas cores da escola (branco e rosa) e dourado. Como na Águia de Ouro, uma ala trazia pessoas com vestes e pintura que remetiam à iniciação kétu, na religião, com a cabeça careca, pinturas e roupa brancas, plantas e espada de São Jorge, referência também presente no abre-alas.
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Em outro carro, o tema foi o Egito Antigo, com hieróglifos, deuses antropomorfos e outros elementos associados ao período e ao local. As curas milagrosas, em três dias, foram lembradas em uma das últimas alas.
Em um tripé, o manto de uma Nossa Senhora do Círio de Nazaré era coberto de papéis com pedidos. No carro seguinte: um Jesus Cristo negro perecia na cruz. Já o último carro trazia a cura pela ciência, com vidros de doses com a frase "vacina salva".
Outra representação política
Outra representação política chamou atenção no Sambódromo do Anhembi. Na Gaviões da Fiel, que desfilou o enredo "Basta!", um homem com faixa que parecia ser a presidencial andava em meio a militares e policiais.
Apesar das duas referências, da Rosas de Ouro e da Gaviões da Fiel, a reportagem do Estadão não identificou manifestações políticas explícitas durante o desfile, seja em faixas nas arquibancadas, seja em gritos dos espectadores. As escolas não têm admitido explicitamente que as representações são do presidente Jair Bolsonaro. A Gaviões até mesmo negou em nota publicada dias atrás.