Mostra 'Elas Pintam o 7' abre nova temporada no gabinete da vice-prefeita do Recife
Exposição coletiva reúne telas de sete pernambucanas com intuito de refletir sobre a produção feminina e os impactos trazidos pela pandemia

Cerca de cinco meses atrás, a vice-prefeita do Recife, Isabella de Roldão, abriu as portas de seu gabinete para que os universos artísticos de sete pernambucanas tomassem o espaço com suas perspectivas sobre a pluralidade de existências femininas. Marisa Lacerda, Ana Vaz, Thina Cunha, Margot Monteiro, além de Tereza Costa Rêgo e Maria Carmen, em memória, integraram a estreia da mostra coletiva Elas Pintam o 7, sob curadoria de Ana Veloso, também expositora. Hoje, a exposição ganhou nova etapa, com a inauguração de sua segunda temporada. A abertura oficial contou com um bate-papo virtual, realizado no final da manhã, entre a vice-prefeita e as novas artistas convidadas.
Desta vez, expõem suas telas, novamente através de curadoria assinada por Ana Veloso, Nara Cavalcanti, Suzana Azevedo, Luciene Torres, Julieta Pontes e Diana Pernambucano. Como homenagem, completam o quadro artístico a obra Nossa Senhora (2006), de Sônia Malta, garanhuense que ainda criança aprendeu e experimentou a arte nativa dos indígenas da etnia Fulni Ô, com os quais entendeu o encantamento das cores; e Natureza viva (2007), de Sylvia Pontual, parte dos movimentos artísticos da Ribeira, Oficina 154 e Oficina Guaianases de Gravura, impulsionada pela eferverscência artística do Recife sessentista.
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Se, na primeira edição, a linha condutora foi a exibição da força da produção feminina sob diversos temas, nesta segunda empreitada a temática volta-se mais especificamente às reflexões trazidas e provocadas pela pandemia. "A arte se tornou um meio de catarse para as angústias do isolamento. Ancoramos a oportunidade de não separar a arte da política, por meios que lhe são próprios", observa a curadora Ana Veloso.
OBSERVAR É ARTE
É sob essa perspectiva, por exemplo, que fala Julieta Pontes, cuja obra escolhida para a expo é L`Observateurs du jardin (Os Observadores do Jardim), de 2009, em que traduz o pensamento de que a observação é primordial para o entendimento profundo a respeito de algo, alguém ou determinada situação - isso dentro e fora da arte.
"No pós-pandemia, tudo vai ser uma grande adaptação, inclusive no mercado da arte, na divulgação, com o uso da internet. As pessoas que consomem vão mudar e os tipos de arte também têm mudado", comenta Julieta ao JC. "É importante estimular a arte feminina, porque existe sempre uma preferência por tudo o que é masculino, inclusive na arte. Ter uma pessoa, mulher, na área pública, que dá respaldo a outras mulheres, é muito bom, nos dá um alento", comemora.
"Sou grata pelas suas artes e habilidades, além da disponibilidade em emprestar um pouquinho do tanto que elas são para nossa sala", destaca Isabella de Roldão. "Meu grande desejo é que as pessoas que aqui adentram se identifiquem com as obras e conheçam um pouco mais das nossas mulheres artistas, das suas obras, das suas inspirações, do que elas são", finaliza a anfitriã.