
O canto gregoriano é alicerçado na liturgia católica, em uma construção harmônica de vozes que evoca a transcendência da oração. Essa tradição milenar encantou o paranaense Juliano Ravanello ainda na adolescência e, desde então, ele se dedica ao seu estudo e divulgação. Em seu terceiro álbum, Music of Silence, que chega às plataformas digitais nesta sexta-feira (29), Juliano aprofunda sua pesquisa adicionando toques de experimentação ao gênero, com o uso de elementos da música clássica e de sintetizadores.
Gravado na Rússia, o trabalho traz cantos tradicionais em latim, incorporando referências contemporâneas, a exemplo de Andrea Bocelli e Hans Zimmer, com arranjos orquestrais assinados por Maycon Ananias. Da instrumentação (em geral, acompanhado por um órgão ou um harmônico, o canto gregoriano é caracterizado por ser a capela) à interpretação de Juliano, Music of Silence cria uma atmosfera que induz à reflexão e a um estado de relaxamento.
"Esse álbum foi construído muito antes da decisão de gravar; há alguns anos venho me dedicando muito ao estudo, à investigação e interpretação da música antiga, em especial o canto gregoriano. Isso, de certa forma, expandiu minha visão sobre minha própria música e com certeza impactou em todo o processo, desde a conexão imediata com o produtor e hoje amigo, Maycon Ananias, que de maneira sensível conseguiu transmitir com maestria a emoção que gostaria de passar em cada música, à escolha do repertório, dos profissionais envolvidos", explica Ravanello. "Acredito que meu próprio amadurecimento dentro da música foi o grande diferencial deste álbum."
O trabalho é o terceiro disco do artista, tem direção criativa de Rebeca Brack e conta com a colaboração do St. Petersburg Recording Ensemble (Rússia), na gravação das orquestras e dos coros. Anteriormente, ele lançou Canto Gregoriano | Gregorian Chants (2010) e Salve Regina (2015). Juliano Ravanello conta que, a princípio, a ideia de inserir outros elementos lhe assustou, mas que o processo foi recompensador.
"Há alguns anos, a música clássica vem me influenciando e já nutria um desejo de incluí-la em um próximo trabalho. Minha ideia inicial era um quarteto de cordas, mas partiu do meu produtor a ideia de gravar em parceria com uma grande orquestra. Confesso que essa combinação me assustou um pouco, pois não sabia como se daria essa sinergia entre o canto gregoriano, que tem um ritmo livre e não medido com o compasso de uma orquestra. O processo foi desafiador, mas estou muito feliz com o resultado final que retrata essa nova fase da minha carreira. Meu maior objetivo é sempre ampliar o alcance da música sacra e caminhar por outros estilos musicais possibilita essa conexão com novos ouvintes", afirma.
Com a pandemia, conta, essa necessidade de autoconhecimento e transcendência torno-se ainda mais evidente e este trabalho se posiciona na contramão das angústias e urgências deste momento.
"A música exerce grande influência na emoção e no desenvolvimento do homem, já que é a arte que toca direto ao coração. Nesse sentido, Music of Silence propõe essa abertura para nos conectarmos conosco e com o belo", pontua. "O belo deve ser contemplado por qualquer pessoa que esteja aberta a experimentá-lo, e a música é uma comunicação universal da beleza."
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