
Guerra de Algodão, longa-metragem de Cláudio Marques e Marília Hughes Guerreiro (A Cidade do Futuro, Depois da Chuva), chega ao catálogo da Netflix após cumprir carreira no circuito de festivais no Brasil, como na Mostra São Paulo, e em Montreal, Los Angeles, Atlanta, entre outros. O trabalho discute temas como o amadurecimento, a relação com a cidade, (não) pertencimento, memória e família.
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Na obra, distribuída pela Vitrine Filmes, a adolescente Dora (Dora Goritzki), criada na Alemanha, volta forçadamente a Salvador para passar uma temporada com a avó, Maria (Thaia Perez), com quem nunca teve contato. Relutante em se adaptar à nova realidade, aos poucos, ela descobre que a matriarca foi uma pioneira do cinema e do teatro na Bahia e teve que arcar com o preconceito e o machismo.
O choque de culturas, o entendimento do seu povo e as cicatrizes que permeiam sua ancestralidade são questões que a jovem precisa enfrentar. Marília Hughes explica que a obra surgiu com contornos biográficos, já que tanto ela quanto Cláudio Marques, apesar das raízes baianas, foram impactados pela efervescência soteropolitana quando se mudaram para lá na adolescência.
"É um filme que fala sobre a importância de conhecer a nossa história. Tomara que quem assista se interesse pelas histórias de seus avós e bisavós, que se reconecte com as lutas que vieram antes, nos desafios e obstáculos. A gente costuma ressaltar os desencontros geracionais, mas há muito o que aprender nessas trocas", afirma a diretora.
A jornada de Dora é, também, a de conexão com a capital, uma terra estranha para ela. A cultura afro-brasileira é essencial nesse processo, como mostram cenas da jovem estabelencendo uma amizade com Thaila (Thaila Rodrigues), que mora na periferia da cidade, em rodas de música, capoeira e, mais emblematicamente, na Festa de Iemanja, comemorada no dia 2 de fevereiro.
Foi um processo semelhante aos dois diretores, que se conheceram em uma roda de capoeira (há muitos elementos de referência autobiográfica tanto deles quanto da protagonista, como o fato da atriz Dora Goritzki, ter de fato, vivido na Alemanha). Marília ressalta ainda outra questão-chave do filme: o feminismo.
"É um filme de muitas camadas que dialogam de uma maneira sutil. Havia também a vontade de falar das pioneiras do cinema e do teatro da Bahia", conta. "É um filme muito feminino, que chama a gente a nos conectar com o ciclo de mulheres da nossa família, com base no afeto e na solidariedade."
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