Os prodígios de Robertinho

DOCUMENTÁRIO Da jovem guarda ao psicodelismo, do pop ao metal, guitarrista Robertinho do Recife conta sua trajetória em capítulos

José Teles
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José Teles
Publicado em 05/10/2020 às 2:00
ACERVO PESSOAL
TALENTO Robertinho do Recife foi um guitarrista prodígio no início da década de 1960 na cena musical da capital pernambucana - FOTO: ACERVO PESSOAL
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Robertinho do Recife é um dos raros exemplos de garoto prodígio que deu certo. Começou menino tocando numa banda (conjunto, como se dizia então), Os Éforos, empunhando uma guitarra que, em fotos parece maior do que ele. Passou por Os Moderatos e Os Bambinos, dois dos principais grupos do iê-iê-iê da capital pernambucana nos anos 1960. Foi o início de uma trajetória muito rica, de muitos episódios, com a participação do guitarrista nos diversos movimentos e mudanças acontecidas na músicas brasileiras nessas mais de cinco décadas.

Uma história que ganhou um documentário, Robertinho do Recife? Robertinho do Mundo, dirigido por Claudia André, também sua empresária, uma produção da Mil Artes. O doc será apresentado em capítulos, a partir de hoje no canal Music Box Brazil, às 22h30, e reprisado na quinta-feira. Serão dez programas, cada um deles com uma fase da carreira de Robertinho, saindo do Recife, onde foi da jovem guarda ao psicodelismo, indo aos Estados Unidos, a tentativa de se fixar no Mississippi, tocando numa banda chamada Watch Pocket, do sucesso Mammy Blue, interrompida por uma grave acidente de automóvel. E chega ao sucesso pop nos anos 70, solo ou com o popular Yahoo (de Mordida de Amor), incursões pelo erudito e pelo heavy metal, até a ida para os bastidores, como produtor de discos.

Um trabalho feito na independência, que enfrentou bloqueios ao longo de sua feitura: "Tive algumas broncas, sobretudo na questão de liberação de direitos. Estavam cobrando vinte mil reais por cada música dos Beatles, que estariam no capítulo sobre George Martin, não deu, e foi então foi uma perda muito grande. Tive problemas também com outras coisas que tive que retirar, coisa de que participei, que fazem parte da minha história, mas as editoras não querem saber disso. O doc é uma produção independente, com limitações financeiras. Um projeto pequeno, que vai para um canal pequeno, sem muitos recursos", comenta Robertinho, em entrevista ao JC.

Dentro destas limitações, ele considera que o resultado final acabou sendo melhor do apontavam as dificuldades: "O filme é feito com muitos muito depoimentos, em ordem cronológica, é todo pontuado pelos depoentes, que conduzem a narrativa. Contam uma história que não é só minha, é nossa, de tudo que a gente passou juntos. Desde Os Bambinos, e Os Moderatos, depois por Geraldo e Alceu, os primeiros contatos mais famosos que eu tive. Aí vêm Zé Ramalho, Elba, Fagner, Caetano Veloso (de quem é parceiro). Aí tem o pessoal do metal, a parte da rapsódia rock, o encontro com George Martin, Metalmania, Yahoo, com depoimentos de Zé Henrique que conta fatos do Yahoo que pouca gente sabe. Falo das minhas produções", diz Robertinho, que se dedica ao estúdio desde 1990, logo depois do álbum Rapsódia Rock, em cujos shows ele tocava com trajes em incorporava um Bach.

O último capitulo do doc, espécie de bônus, é inteiramente dedicado ao seu trabalho com Zé Ramalho, que já soma três décadas: "Dei um destaque especial a Zé, porque o considero meu maior parceiro, fizemos muitos projetos juntos, inclusive fizemos um disco juntos com releituras de heavy metal, mas nem lançamos, soltamos algumas músicas na Internet". Robertinho do Recife e Zé Ramalho gravaram versões de canções de, entre outros, Ozzy Osbourne e Motörhead.

O documentário rendeu também um e-book, que está disponível para download na loja de app do Android: "As legendas foram transformada num livro, que pode ser lido num app, que está disponível gratuitamente, pro enquanto apenas para usuários de android, e para quem tem aparelho da Apple", explica.

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