É 2020 e a Kalouv está traçando novos planos. A prolífica banda pernambucana lança o single Talho, a primeira música do grupo com letras e voz.
"Musicalmente falando, é uma faixa que simboliza uma extensão do que a Kalouv desenvolveu nos últimos anos. Saindo da vibe mais introspectiva dos primeiros trabalhos para uma composição que remete a elementos da música brasileira, do R&B e do indie pop", comenta Túlio Albuquerque, guitarrista da Kalouv.
Para a empreitada, o grupo se uniu a Boogarins na composição do single para explorar novos universos sonoros a partir do que já vinham trabalhando. "O metalofone e as percussões também trazem novas cores para o nosso som. A identidade da Kalouv está preservada, com elementos do math rock e do post-rock, mas acredito que é como se nossa música pudesse ser visualizada de outra perspectiva", diz.
São dez anos de trajetória com uma história ligada ao post-rock e a música instrumental. No caminho, foram três excelentes álbuns e um EP, carregados de guitarra, sintetizadores e teclado. Agora em Talho, podemos escutar outros sons de elementos percussivos, como o ganzá, garrafas, samples e o metalofone - além da voz humana.
"Talho é um nome que remete a corte e faz paralelo justamente ao que passamos com a saída de Saulo. Mas o corte não é necessariamente uma ferida. Se você pensar na poda de uma árvore, é como se em cada parte cortada pudessem brotar novos ramos. Uma metáfora do que seriam novas histórias, novas ideias", diz Túlio.
A faixa, carregada de um tom nostálgico (como bem diz a banda) é também de despedida. Foi composta no ano passado e é a última com participação de Saulo Mesquita, que deixou a Kalouv para tocar projetos pessoais fora do país. Quem assumiu o seu lugar foi o guitarrista Matheus Araújo.
"Partir também já é juntar/Vou longe pra perto sonhar/Apego é corrente/Corte é brisa/O corre é vida", canta Dinho Almeida, da Boogarins, no segundo verso da canção.
"O single foi um exercício difícil que me deixou muito feliz com o resultado final. É muito bonito ouvir a parte instrumental. É muito bonito ouvir a parte com voz. Tudo virou um tudo. Com muito sentimento e melodias que trazem um trem de nostalgia", conta ele.
"O processo começou a fluir quando fomos fazer um show do Boogarins em Recife e os meninos falaram o motivo da música. Talho tem essa coisa de corte de relação, porque um deles estava indo morar em Portugal. Foi aí que tudo fechou. Tinha acabado de chegar de uma tour e tinha muitos áudios de saudades dos amigos, no WhatsApp. Foi a partir daí que os versos começaram a surgir", explica o vocalista da Boogarins.
Concisão é a chave-perfeita para entender os caminhos que a Kalouv vem embarcando. A letra tenta capturar mais uma "vibe" sonora, convidando o ouvinte a embarcar na melodia do que enchê-lo de informações líricas.
Para acompanhar essa ideia, a Kalouv traz também um clipe feito por colagens de imagens que revisitam momentos vividos pela banda nos últimos dez anos. O clipe é montado e editado por Luara Olívia com finalização por Jão Vicente.
A canção foi gravada no Zelo Estúdio (Recife), com produção, gravação e mixagem feita por Guilherme Assis, da Mulungu e Barro.
O lançamento de Talho é o ponto alto de um projeto que a Kalouv vem desenvolvendo nas suas redes sociais. Através de duas séries, a banda revisita sua história no #KALOUV10ANOS, compilando fotos e vídeos de cada ano de sua carreira, mostrando um pouco do que aconteceu em cada um deles: shows, bastidores e lançamentos. Já a série do IGTV "Nós e a Kalouv" trouxe a cada edição um dos integrantes falando sobre a criação e a relação que têm com sua música preferida do grupo.
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