Apesar dos cortes de verbas, o Sesc SP continua sendo uma trincheira poderosa para a música brasileira, lançando discos que gravadora alguma nesta época de fast-food sonoro ousaria lançar. É o caso do álbum, infelizmente por enquanto apenas digital, Marcelo Tupinambá — São Paulo Futuro. O disco é dedicado à música do compositor paulista, modernista, Fernando Alvares Lobo (1889/1953), que compôs sob pseudônimos. Sua música é interpretada neste disco por um time de primeiríssima: Fabiana Cozza, Toninho Ferragutti, André Mehmari, Roberto Corrêa, Henrique Cazes, Toninho Carrasqueira, Theo de Barros, Cacilda Mehmari, Dudu Alves, Nailor Proveta, Karina Ninni, Valdo Gonzaga e Hercules Gomes.
Tupinambá teve como letrista gente à altura do seu talento: Afonso Schmidt, Alphonsus de Guimaraens, Amadeu Amaral, Castello Netto, Guilherme de Almeida, Homero Prates, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Menotti Del Picchia, Olegário Mariano. O disco traz onze faixas, entre tema instrumentais e canções. Dudu Alves, do Quinteto Violado, toca Sou Batuta (curiosamente com trechos que se assemelham ao baião).
A cantora Fabiana Cozza interpreta Canção Marinha (Letra de Mario de Andrade), acompanhada pelo acordeonista Toninho Ferragutti. Um disco importante por trazer à tona a música de Marcello Tupinambá, um autor que, nas primeira décadas do século 20, sedimentou o terreno para a música popular urbana da era do rádio. Este álbum pode ser incluído entre os melhores desta safra, ratificando que, na cultura, nem tudo foi tão ruim assim em 2020.
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