Vanusa ganha caixas com discos lançados de 1967 a 1979

A mineira Vanusa Santos Flores aportou no programa da TV Record, em 1967, Estourou com Pra Nunca Mais Chorar (Carlos Imperial/Eduardo Araújo), e lançaria o primeiro LP em 1968, ano do final do programa. De 1969 a 1979 lançou discos com grandes músicos, e composições de alguns dos mais importantes autores da época. Passou, portanto, pouco mais de um ano como ídolo da "música jovem". No entanto, ainda hoje é mais lembrada pela rápida militância no iê iê iê. A maioria da sua discografia, mesmo álbuns relativamente recentes, encontrava-se fora de catálogo (alguns nunca foram relançados em CD). Uma parte volta às lojas. Vanusa teve reeditados oitos títulos lançados entre 1967 e 1979, pelo Discobertas, o selo que vem prestando um serviço inestimável à MPB, repondo nas lojas álbuns esnobados pelas gravadoras. Ou, se extintas, suas sucessoras RCA, Continental, e Som Livre. São duas caixinhas. Vanusa Vol. (1967-1973), Vanusa Vol.2 (1974-1979), cada qual com quatro álbuns, com reprodução das capas originais, mais faixas extras, todos devidamente remasterizados. Na primeira caixa, os discos são intitulados Vanusa. Apenas o de 1971 continuava inédito em CD. Todos eles, no entanto, trazem raridades de compactos. Comunicação (Edinho/Helio Matheus), no disco de 1969, foi defendida neste ano por Vanusa no quarto Festival da MPB da TV Record. Enquanto Prova de Fogo (Erasmo Carlos), no álbum de 1968, é uma adaptação do sucesso de Wanderléa para um LP carnavalesco, com estrelas da Jovem Guarda. Vanusa já se mostra diferente no álbum de estréia, sem rock bobinhos, e flertando com psicodelia, e soul music (Mundo Colorido, dele própria) e com temas que não frequentavam as letras do iê iê iê, como a problemática racial (Negro, parceria com David Miranda). Nos discos seguintes, a cantora trilha caminhos ainda mais diversos da Jovem Guarda, interpretando o que de mais novo se fazia então. Em 1’971, grava Ivan Lins e Ronaldo Monteiro de Souza (O Dia e a Hora), Luiz Vagner, com Tom Gomes (O Que Você Está Fazendo Neste Lugar Tão Frio?), o ainda pouco conhecido Massadas (O mago dos Pornôs) ou Zé Rodrix e Tavito (Coisas Pequenas). Antonio Marcos, com quem vivia, numa polêmica união sem casamento na igreja, passa a ser um dos autores mais presentes nesta fase de Vanusa. Que estourou com músicas como Manhãs de Setembro, dela e Mario Campanha, do disco de 1973. 1974- 1979 A caixa 2 traz Vanusa (1974), Amigos Novos & Amigos (1975), 30 anos (1977), e Viva Vanusa (1979). A cantora passa a abrir caminho para novos compositores. Em 30 anos, lança Avohai, de Zé Ramalho, grava também Belchior (Brincando com a Vida). Em Amigos Novos & Amigos faz sucesso com Paralelas, de Belchior, em Vanusa lança composição de Hermeto Pascoal, a hoje obscura Alumiou. Os produtores variam entre Mauro Motta, Wilson Miranda, Moracy do Val e Lincoln Olivetti. Qualquer dúvida sobre as qualidades vocais da cantora, é conferir sua interpretação de Sunny (Bobby Hebb), no álbum de 1969, ele joga a voz nas alturas, e recria um standard exaustivamente regravado. São relançamentos, providenciais, no mês dos 50 anos da Jovem Guarda, que mostram uma Vanusa completamente dissociada da juvenilidade que se acredita generalizada no movimento. Ela estava antenada com a música do seu tempo, psicodelia, soul, protesto social, e sem sofrer muita influência da Tropicália, como aconteceu, por exemplo, com Ronnie Von, em discos cultuados equivocadamente como psicodélicos. E Vanusa até gravou Caetano Veloso, de quem lançou a canção inédita Duas Manhãs. Sua ligação é mais com a MPB alternativa, ou uma alternativa à MPB dos festivais que se delineava no começo dos anos 70. Confiram o áudio de Vanusa em Avohai: https://www.youtube.com/watch?v=Zg9gaQqMfTY