Eliane Elias lança primeiro disco gravado no Brasil desde 1980

Publicado em 12/04/2015 às 22:37
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Eliane Elias-2015-Made-In-Brazil A pianista paulista Eliane Elias é uma das mais curiosas histórias de uma artista brasileira. Desconhecida no Brasil, em 1980, aos 21 anos ela foi para os Estados Unidos tocar jazz. Tocou tão bem, que se tornou a primeira mulher instrumentista a ganhar uma capa da Downbeat, mais importante publicação de jazz dos EUA (portanto, do mundo). Já recebeu cinco indicações ao Grammy, mas continua ignorada pela grande maioria dos compatriotas. Razão provável para batizar de Made in Brazil, o disco, feito em São Paulo, que lançou esta semana, pela Concord, com direito a entrevista na Billboard, e matérias nas principais publicações do gênero. Eliane Elias não gravava no Brasil desde que se mudou para os Estados Unidos. A ideia do álbum surgiu em 2013, quando ela passava férias em São Paulo, logo depois da morte do violonista Oscar Castro Neves, parceiro constante em estúdios, em Nova Iorque ou Los Angeles. Made in Brazil tem repertório dividido por meia dúzia de composições autorais  (criadas há dois anos, durante as férias paulistas) e outro tanto de clássicos da MPB, abrindo com Brazil, como Aquarela do Brasil (Ary Barroso), é conhecida lá fora. Roberto Menescal, a filha Amanda Brecker (o pai é o trompetista Randy Brecker), o grupo vocal Take 6, a Orquestra Sinfônica de Londres (cordas em sete faixas), entre outros estão no álbum com Eliane Elias,que é muito mais pianista que cantora (até porque é uma instrumentista extremamente talentosa), mas sabe usar bem a voz, sobretudo nas divisões de frases. Ela escolheu de propósito canções manjadas, feito Você (Bôscoli/Menescal), Águas de março (Tom Jobim), ou No tabuleiro da baiana (Ary Barroso), para exercitar seus dons personalizados de improvisos, suingue e ritmo Como compositora, Eliane Elias merecia ser mais escutada, e gravada, pelas intérpretes brasileiras. Suas canções têm engenhosas soluções rítmicas e melódicas, com letras muito boas. Ficam entre a canção, A sorte do amor (Luck of love, enriquecido com as cordas da LSO), ou o samba jazzificado, Driving ambition (com citações a Drive my car, dos Beatles, e deliciosas vocalizações do Take 6),. O público brasileiro deve se contentar em curtir Eliane Elias em disco, na capa, inclusive, onde esbanja sensualidade. No ano passado ela marcou 240 concertos na agenda, nenhum no Brasil, onde raramente se apresenta. Confiram Eliane Elias em Águas de março: https://www.youtube.com/watch?v=DuMsVg9Zvu8

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