Jovem baleado por delegado em Fernando de Noronha diz que terá que amputar a perna
Em vídeo publicado nas redes sociais, na sexta-feira, Emmanuel Pedro Gonçalves Apory fez desabafo e voltou a afirmar que não praticou assédio

O jovem que foi baleado por um delegado durante briga em uma festa no Forte dos Remédios, na ilha de Fernando de Noronha, afirmou que precisará amputar a perna atingida. A declaração foi publicada em vídeo, na sexta-feira (16), nas redes sociais. O caso segue sob investigação da Polícia Civil.
"Vai ser necessária a amputação para seguir com minha vida. Então, conseguiram o que queria. E talvez meu erro foi querer ajudar e ter empatia por quem não merece. Não dei em cima de ninguém, respeitei a todo momento e, por mais que demore, a verdade tarda, mas não falha", afirmou Emmanuel Pedro Gonçalves Apory, que está internado no Hospital da Restauração, na área central do Recife.
A assessoria da unidade de saúde informou que, a pedido da família, não pode repassar informações sobre o caso.
"O que quero, no momento, é chegar em casa e estar bem. Porque, no momento, me encontro em cima de uma cama, prestes a fazer uma cirurgia de amputação, precisando de ajuda para tudo. Para comer, tomar banho, me limpar, me cobrir, me deitar e para poder dormir. Se não fosse pela minha mãe segurando essa bronca, não sei o que seria de mim", disse Emmanuel.
Morador de Noronha, ele está internado desde o dia 4 de maio. Uma câmera de segurança registrou o momento em que o delegado Luiz Alberto Braga o abordou e chegou a empurrá-lo duas vezes antes do início de uma luta corporal. Encurralado, o delegado sacou a arma de foco e atirou no jovem.
Testemunhas relataram que o delegado teria discutido com a companheira durante a festa. Pouco depois, ele teria visto a mulher conversando com Emmanuel e teria ficado com ciúmes. A defesa de Luiz Alberto negou e disse Emmanuel teria assediado a mulher durante o evento - por isso teria ocorrido a abordagem.
"A pessoa que tentou ceifar minha vida está tranquila em algum lugar, como se fosse só mais um caso para estatística. Não podemos deixar assim. Eu sei que tentaram me matar. Desejo nenhum mal, apenas quero que a justiça seja feita", disse o jovem, em outro trecho do vídeo publicado na sexta-feira.
INVESTIGAÇÃO
Luiz Alberto foi afastado das funções por 120 dias por determinação do secretário de Defesa Social, Alessandro Carvalho. O delegado também foi obrigado a entregar a identificação, armas e outros utensílios funcionais. A Corregedoria da SDS também instaurou processo administrativo disciplinar especial (Pade).
No mesmo dia da confusão, o delegado prestou depoimento no Grupo de Operações Especiais (GOE), no Recife, onde afirmou ter agido em legítima defesa, entregou a arma usada em Noronha e foi liberado sem ser autuado em flagrante.
O caso segue sob investigação do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), ainda sem prazo de conclusão.
Luiz Alberto cumpria plantão na Delegacia de Fernando de Noronha, cobrindo férias do delegado titular. Ele é lotado na Delegacia de Repressão ao Roubo e Furto de Cargas, no Departamento de Repressão aos Crimes Patrimoniais (Depatri), no bairro de Afogados, Zona Oeste do Recife.