MAIO LARANJA | Notícia

Mais da metade dos adolescentes já sofreu violência sexual na internet, aponta levantamento

Pesquisa inédita da ChildFund Brasil faz alerta aos pais no mês de conscientização e enfrentamento da violência sexual infantojuvenil

Por Raphael Guerra Publicado em 16/05/2025 às 12:02 | Atualizado em 16/05/2025 às 12:08

Um novo levantamento sobre os crimes sexuais contra crianças e adolescentes traz um reforço sobre os cuidados que os pais devem ter em relação ao consumo da internet pelos filhos. Mais da metade dos garotos e garotas entre 13 e 18 anos já foi vítima de violência sexual on-line.

O alerta é da organização ChildFund Brasil, que lançou a segunda etapa da pesquisa Mapeamento dos Fatores de Vulnerabilidade de Adolescentes Brasileiros na Internet, como forma de ampliar a conscientização ao enfrentamento da violência sexual infantojuvenil. O estudo integra a agenda da campanha Maio Laranja. 

Ao todo, 54% dos adolescentes já sofreram violência sexual no ambiente virtual, o que corresponde a 9,2 milhões. Os casos ocorreram com ou sem a interação de um agressor.

"Essa etapa da pesquisa demonstra claramente que os adolescentes não se sentem seguros na internet e não sabem como denunciar casos de violência. Também revela que eles não têm acesso à educação digital estruturada que os ensine a navegar com segurança", afirmou Mauricio Cunha, diretor de país do ChildFund Brasil.

FALTA DE CONTROLE DOS PAIS

Foram ouvidos cerca de 8,5 mil adolescentes no País, sobretudo das regiões Nordeste e Sudeste. A pesquisa apontou que, com o aumento da idade, cresce o tempo de uso da internet e a variedade de aplicativos, o que eleva em até 1,3 vezes o risco de violência online para jovens de 17 e 18 anos em comparação aos de 15.

Em média, os adolescentes passam quatro horas diárias conectados, principalmente pelo celular e fora do contexto escolar. Os resultados indicaram uma predominância de hábitos on-line entre eles: 79% dos hobbies mencionados são digitais, e apenas 21% envolvem atividades off-line, como passear ou praticar esportes.

Aplicativos como Instagram e TikTok são os mais citados. "Esses dados reforçam o alerta para a exposição prolongada a conteúdos e interações potencialmente perigosas no ambiente virtual", apontou a  ChildFund Brasil. 

Apesar de grande parte dos adolescentes terem declarado ter recebido alguma orientação sobre o uso da internet, 94% afirmaram não saber como proceder em situações de risco de violência, como denunciar esses casos.

A reação mais comum diante desses contextos é o bloqueio de perfis suspeitos, em vez da formalização de denúncias com o apoio dos pais - contribuindo para a subnotificação dos crimes.

ADOLESCENTES APONTAM INSTAGRAM COMO APLICATIVO MAIS INSEGURO

A pesquisa identificou 14 formas de violência vivenciadas por adolescentes em ambientes digitais, divididas em quatro categorias: privacidade e segurança, ameaças e assédio, conteúdo sensível e discussões online.

As violações mais recorrentes incluem invasão de contas, pedidos de fotos e dados pessoais, bullying, comentários ofensivos e exposição em grupos. Entre os ambientes virtuais mais citados como inseguros, o Instagram lidera com 68% das menções, seguido pelo jogo Roblox, com 12%.

Também foram destacados os riscos do jogo Free Fire, associado ao assédio verbal, e do TikTok, com exposição a conteúdos inadequados.

Diante desse cenário, o estudo recomenda ações integradas para conscientizar e prevenir, como canais de denúncia acessíveis, campanhas educativas sobre privacidade, apoio emocional em escolas e capacitação de pais e educadores para identificar e acolher sinais de sofrimento.

"O ChildFund Brasil tem alertado sobre a importância da educação digital de crianças e adolescentes, para prevenir os casos de todas as formas de violência online. Acreditamos que somente assim, podemos mudar essa realidade", pontuou Mauricio.

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