CORRUPÇÃO | Notícia

Vídeo comprova festas ilegais no Presídio de Igarassu; operação prendeu policiais penais

Imagens fazem parte de inquérito que também resultou na prisão do ex-diretor da unidade. PF diz que agentes beneficiavam presos em troca de presentes

Por Raphael Guerra Publicado em 27/02/2025 às 13:16

A investigação da Polícia Federal que resultou na prisão de oito policiais penais suspeitos de beneficiar detentos do Presídio de Igarassu, no Grande Recife, em troca de presentes, identificou um vídeo com imagens de uma festa ilegal com bebidas alcoólicas e garotas de programa.

As imagens foram gravadas em março de 2024, segundo a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap). Nesse período, o diretor era Charles Belarmino de Queiroz, exonerado do cargo no final do mesmo ano e preso preventivamente na Operação La Catedral, na última terça-feira (25). 

O vídeo faz parte do inquérito, que apontou que os policiais penais recebiam joias, comida e celulares como presentes. Em troca, os profissionais da segurança liberavam a entrada de visitantes em horários proibidos no presídio, além de bebidas, drogas e garotas de programa. 

VEJA VÍDEO DA FESTA:

O responsável pela festa teria sido, de acordo com as investigações, o presidiário Lyferson Barbosa da Silva, condenado em 2016 por participação no assassinato do médico Artur Eugênio de Azevedo, de 35 anos, ocorrido em 12 de maio de 2014, em Jaboatão dos Guararapes.

"O detento responsável pela ação ilícita foi transferido para presídio federal três meses depois, prazo necessário para a conclusão dos trâmites de transferência", informou a assessoria da Seap nesta quinta-feira (27). 

Lyferson está na Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul. A decisão judicial pela transferência ocorreu após parecer do Ministério Público indicar que, mesmo cumprindo pena no Presídio de Igarassu, ele usava celulares e continuava dando ordens à facção que liderava. 

Em nota, a assessoria da Seap reforçou que "todas as denúncias que chegarem serão rigorosamente investigadas e tomadas as providências necessárias".

PRISÕES E CRIMES ATRIBUÍDOS AO GRUPO

Na operação da Polícia Federal, um novo mandado de prisão preventiva foi cumprido contra Lyferson. Além do ex-diretor, os outros sete policiais penais presos foram: Eronildo José dos Santos, Cecília da Silva Santos; Newson Motta da Costa Neto; Everton de Melo Santana; Ernande Eduardo Freire Cavalcanti; Reginaldo Ferreira Aniceto; Ednaldo José da Silva.

Outros dois profissionais foram afastados das funções públicas, mas os nomes não foram revelados oficialmente. 

Os investigados devem responder pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico de drogas; lavagem de dinheiro; corrupção; prevaricação; promoção ou facilitação de ingresso de aparelho telefônico em presídio; participação em organização criminosa.

PROCESSO ADMINISTRATIVO

Além do processo criminal, os policiais penais também podem ser demitidos. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social (SDS) vai instaurar um processo administrativo disciplinar para apurar a conduta deles. 

A coluna apurou que as armas de fogo dos policiais penais presos na operação foram recolhidas e passaram por perícia.

Todo o material do inquérito conduzido pela Polícia Federal para apurar os crimes atribuídos ao grupo será compartilhado com a Corregedoria para agilizar o andamento do processo, que pode resultar na demissão dos policiais penais.

Os depoimentos serão colhidos e encaminhados à Corregedoria possivelmente na próxima semana. 

O QUE DIZ O SINDICATO DOS POLICIAIS PENAIS?

Em nota, o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco afirmou que acompanha os desdobramentos da operação e que "não compactua com qualquer conduta que possa configurar desvio de função ou prática criminosa".

"Nosso papel é representar e defender os interesses da categoria dentro dos princípios da legalidade e da moralidade pública. O sindicato já enviou seu departamento jurídico para acompanhar de perto o desdobramento dos fatos, garantindo que os direitos dos policiais penais envolvidos sejam preservados e que a verdade seja devidamente esclarecida", pontuou.

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