INVESTIGAÇÃO | Notícia

Operação no Presídio de Igarassu: alvo ordenou ataques ao Detran, escolas e hospital em Pernambuco

Mesmo preso por morte de médico, Lyferson Barbosa da Silva continuou dando ordens a grupo e queria derrubar cúpula da segurança pública estadual

Por Raphael Guerra Publicado em 25/02/2025 às 12:38

Alvo da operação da Polícia Federal que prendeu policiais penais suspeitos de integrar uma organização que praticava crimes no Presídio de Igarassu, no Grande Recife, o detento Lyferson Barbosa da Silva chegou a ordenar, em 2023, ataques à sede do Detran, a escolas e até hospital no Estado. 

Segundo a investigação, ele estaria insatisfeito com decisões da Secretaria de Defesa Social e queria provocar a desordem no Estado para que a cúpula fosse substituída. 

Um diálogo descoberto em investigação realizada ao longo de 2023 identificou a ordem dada a um comparsa para os ataques a repartições públicas, além de "incendiar veículos e assassinar pessoas inocentes".

No ano passado, Lyferson foi transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul, por decisão da Vara Única da Comarca de Rio Formoso, na Mata Sul de Pernambuco. 

Na ocasião, a Justiça alegou a necessidade do regime diferenciado porque, segundo o Ministério Público, o criminoso continuava dando ordens à organização criminosa liderada por ele, por meio de celulares.

Lyferson foi condenado em 2016 por participação no assassinato do médico Artur Eugênio de Azevedo, de 35 anos. A acusação aponta que Lyferson foi contratado para executar a vítima. O crime ocorreu em 12 de maio de 2014, em Jaboatão dos Guararapes.

EX-DIRETOR E POLICIAIS PENAIS PRESOS POR CRIMES NO PRESÍDIO DE IGARASSU

A operação da Polícia Federal prendeu um ex-diretor do Presídio de Igarassu e policiais penais suspeitos de integrar uma organização criminosa que atuava no tráfico de drogas e na prática de outros crimes na unidade prisional.

A Operação La Catedral, como foi denominada, é resultado de uma investigação iniciada após a identificação de um detento que comandava crimes na unidade, contando com o apoio de servidores do sistema prisional.

"Durante as apurações, foram constatados atos de corrupção passiva praticados por policiais penais, além de acessos indevidos a sistemas internos para favorecer detentos", informou a Polícia Federal, em nota oficial.

A investigação indicou que policiais penais recebiam propina, como joias, refeições e até celulares, em troca de benefícios aos presos de Igarassu.

As prisões foram determinadas pelo juiz José Romero Maciel de Aquino, do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE). Um dos alvos é Charles Belarmino de Queiroz, que atuou até o final do ano passado como diretor do Presídio de Igarassu e que foi exonerado após denúncias de irregularidades na unidade.

Os investigados devem responder pelos crimes de tráfico e associação para o tráfico de drogas; lavagem de dinheiro; corrupção; prevaricação; promoção ou facilitação de ingresso de aparelho telefônico em presídio; participação em organização criminosa.

O QUE DIZ O GOVERNO ESTADUAL?

Em nota, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco (SEAP) afirmou que "não compactua com quaisquer atos ilícitos dentro do sistema prisional de Pernambuco, bem como desvios de conduta por parte de seus servidores".

A pasta disse ainda que tem o compromisso de combater a criminalidade nos estabelecimentos penais. E destacou que, na gestão atual, foram implementadas medidas estratégicas e técnicas como "mudanças nas gerências prisionais, criação da ouvidoria penal e fortalecimento da Comissão de Sindicância".

 

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