VIOLÊNCIA | Notícia

Raquel Lyra classifica como 'barbárie' linchamento de suspeito de matar criança em Tabira

Governadora reforçou que a Corregedoria da SDS apura possíveis erros cometidos pela polícia no transporte do casal de suspeitos para a delegacia

Por Raphael Guerra Publicado em 19/02/2025 às 14:00

No dia seguinte ao linchamento do homem suspeito de matar uma criança de 2 anos no município de Tabira, no Sertão de Pernambuco, a governadora Raquel Lyra classificou as cenas de violência como uma "barbárie". E reforçou que há investigação em curso para apurar os crimes relacionados. 

Antônio Lopes Severo, de 42 anos, conhecido como Frajola, suspeito de violentar e assassinar o menino Arthur Ramos Nascimento, foi retirado da viatura da Polícia Civil por populares e agredido até a morte, na noite da terça-feira (18). 

"É lamentável que a gente veja cenas como esta. A Corregedoria da Secretaria de Defesa Social já instaurou inquérito para poder apurar esse caso e enxergar os erros que aconteceram. A população não pode revidar com linchamento, o que foi uma barbárie que foi acometida", disse Raquel, nesta quarta-feira (19), no Palácio do Campo das Princesas. 

"O sentimento de justiça aflora muito, especialmente quando se trata de um crime contra uma criança, mas o Estado precisa fazer o seu papel. Não só de investigação ao crime acontecido contra a criança, mas também a instauração para apurar a conduta dos envolvidos no linchamento", completou.

A mulher suspeita de ter participado do crime, Giselda da Silva Andrade, 30, também ficou ferida.Ela foi levada para uma unidade de saúde, onde foi atendida e já recebeu alta. Ela está em um presídio feminino, mas o nome não será revelado pelo governo estadual por motivo de segurança.

A criança foi encontrada morta e com indícios de violência física e sexual no último domingo. Uma vizinha prestou socorro e acionou a polícia. 

A mãe de Arthur estava em outro Estado e deixou a criança sob os cuidados de Antônio e Giselda, que eram considerados amigos dela. 

De acordo com a delegada Joedna Soares, o casal já tinha antecedentes criminais e havia sido preso anteriormente por homicídio e tráfico de drogas.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil informou que instaurou inquérito para apurar o linchamento e identificar quem participou da ação. "A conduta do policiamento também será apurada", reforçou a nota oficial. 

Além disso, a Delegacia de Tabira vai continuar investigando o assassinato de Arthur. A delegada Joedna Soares descartou a participação da mãe do menino no crime.

MÃE DA CRIANÇA FAZ DESABAFO

A mãe de Arthur usou as redes sociais para desabafar sobre o caso. E também para dar a versão dela sobre o motivo de ter deixado o filho com o casal suspeito do crime.

"Eu não abandonei meu filho, eu estava trabalhando. Eu errei em confiar nessas 'almas sebosas'. Eu tenho provas de que estava em busca do sustento para o meu filho. A culpa é deles, e não minha. Pelo amor de Deus, eu não tenho mais cabeça para ler comentários negativos" , disse Geovana Ramos.

Ela contou ainda que o pai da criança já é falecido. E, por necessidade de ir trabalhar em outro Estado, deixou Arthur sob os cuidados do casal, que era amigo dela e já tinha colaborado em outras situações.

Geovana disse que está sofrendo ameaças, mas que não tem culpa pelo assassinato do filho.

"ELE TINHA DIREITO A DEFESA", DIZ IRMÃO DE SUSPEITO MORTO

TV Jornal/Reprodução
Paulo Lopes, irmão do suspeito de matar criança em Tabira - TV Jornal/Reprodução

Em entrevista à TV Jornal Interior, o irmão do suspeito linchado declarou que ele deveria ter tido direito a se defender. E que os policiais foram omissos ao levarem os suspeitos para a cidade onde o crime ocorreu.

"Um policial foi lá em casa dizer que eles (suspeitos) iam para a Delegacia de Afogados da Ingazeira. Quando a gente menos espera, aparece um vídeo dele chegando em Tabira e aconteceu o que aconteceu. Eu acho que até que se prove o contrário, ele tinha o direito de defesa. E, antes disso, ele tinha que esperar o resultado da perícia. Estava nas mãos da Justiça. Houve omissão dos policiais", afirmou Paulo Lopes.

"Se estava em Afogados da Ingazeira, porque não deixou lá? O que vi foi omissão, uma tragédia aquela. Se ele deve, tem que pagar. Agora não daquela forma. Se esse homem foi inocente? Quem é a população para julgar? O menino chamava ele de pai. Ele adorava o menino", questionou.

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