Conscientização sobre a dislexia reforça importância do diagnóstico precoce
Transtorno neurológico afeta milhões de brasileiros e, se não identificado cedo, pode comprometer aprendizado, autoestima e inclusão escolar

Clique aqui e escute a matéria
Outubro é reconhecido mundialmente como o mês de conscientização da dislexia, uma condição neurológica que interfere no modo como o cérebro processa a linguagem escrita e sonora.
O alerta é fundamental: dislexia não é preguiça nem desinteresse, mas um transtorno específico de aprendizagem que exige diagnóstico e acompanhamento especializados.
Estima-se que cerca de 8 milhões de brasileiros convivam com dislexia, segundo especialistas. No ambiente escolar, a prevalência varia de 5% a 17% dos alunos, o que reforça a necessidade de que professores e famílias estejam atentos aos sinais de alerta.
Sintomas que não devem ser ignorados
Os primeiros sinais aparecem ainda nos anos iniciais de alfabetização:
- Leitura lenta e hesitante;
- Trocas ou omissões de letras;
- Dificuldade de decodificação de palavras;
- Problemas de ortografia e de compreensão de textos.
Além disso, crianças podem apresentar confusão entre direita e esquerda, atraso na entrega de tarefas e baixa autoestima.
A fonoaudióloga Cora Cabral, da Clínica Mundos, ressalta que muitos diagnósticos são retardados pela falta de informação.
“A dislexia muitas vezes é confundida com desatenção ou indisciplina, o que atrasa a intervenção e compromete a trajetória escolar. É essencial que os sinais sejam reconhecidos cedo e que a criança seja encaminhada para avaliação multidisciplinar”, explica.
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico da dislexia deve ser feito por uma equipe formada por fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e neurologistas, a partir de histórico clínico, avaliações específicas e exclusão de outros fatores, como problemas auditivos ou visuais.
Embora não haja cura, a intervenção adequada pode transformar o aprendizado. Entre as estratégias estão programas de consciência fonológica, leitura guiada, uso de tecnologias assistivas e adaptações pedagógicas, como mais tempo em provas e materiais adaptados.
“Intervenções bem direcionadas fazem enorme diferença no progresso. Não se trata apenas de adaptar o ambiente escolar, mas também de fortalecer a confiança e explorar os pontos fortes de cada criança”, afirma Cora.
Ainda hoje, muitos mitos cercam a dislexia. “Não tem relação com baixa inteligência, má criação ou preguiça. É um transtorno específico da aprendizagem, de origem neurológica, que precisa de acompanhamento profissional e apoio familiar”, reforça a fonoaudióloga.