Doenças respiratórias não preveníveis por vacinas já matam mais que a gripe no Brasil
DPOC, câncer de pulmão e asma representam mais de 60 mil mortes por ano no País - e isso sem contar com hospitalizações e casos subdiagnosticados

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Doenças respiratórias não preveníveis por vacinas, como asma, doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e o câncer de pulmão, já provocam mais mortes no Brasil que a própria gripe. Os dados, do DataSUS, revelam uma realidade que tem chamado a atenção dos especialistas: o envelhecimento da população, o tabagismo e a própria poluição ampliam os casos dessas enfermidades e estão tornando as doenças crônicas respiratórias não transmissíveis um problema para o futuro da saúde pública no Brasil.
Atualmente, a DPOC, o câncer de pulmão e asma já representam mais de 60 mil mortes por ano no País - e isso sem contar com as hospitalizações e casos que são subdiagnosticados nas unidades básicas de saúde.
Para chamar a atenção para a questão da saúde respiratória, muitas vezes negligenciada no País, a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT) acaba de lançar a campanha A vida está no ar, que pretende levar conscientização sobre a importância da saúde respiratória, levantar a discussão em relação às doenças que crescem no País e tornam o Sistema Único de Saúde (SUS) cada vez mais pressionado por internações.
"O Brasil é um exemplo na luta por ampliar a prevenção das doenças respiratórias que têm vacinas, caso da gripe, do vírus sincicial respiratório (VSR) e da covid-19", explica o pneumologista Ricardo Amorim Corrêa, presidente da SBPT.
"Mas existe um problema que já faz parte da rotina dos médicos e ainda não é evidenciado que vai sobrecarregar muito mais o sistema nos próximos anos: as doenças respiratórias que não têm vacina e cujo diagnóstico, muitas vezes, ainda é tardio ou nem acontece."
A DPOC e o câncer de pulmão, por exemplo, estão entre as principais causas de morte no País. Internações recorrentes e óbitos por asma, asma grave e doenças respiratórias raras como a hipertensão arterial pulmonar e fibrose pulmonar idiopática também são uma realidade que preocupa os especialistas e pressiona o Sistema Único de Saúde (SUS).
Sem prevenção por meio de protocolos mais efetivos para o diagnóstico e o tratamento dessas doenças, a situação pode se agravar até o final dessa década.
O desafio, segundo os principais especialistas da SBPT, é silencioso. Atualmente, o País não possui um plano específico para o enfrentamento do aumento no número de casos dessas doenças - e o impacto será sentido no sistema público.
"A qualidade de vida da população, seguramente, será comprometida", ressalta Ricardo Amorim Corrêa. "Temos que lembrar que o processo de prevenção realizado com as doenças respiratórias preveníveis por vacina agora deve acontecer nas doenças crônicas e no câncer de pulmão. Esse é o novo desafio que se apresenta para a saúde pública", completa.