SUS vai implantar teste mais preciso que detecta HPV antes do surgimento de lesões
Novo exame de biologia molecular identifica o vírus com até 10 anos de antecedência e reduz risco de evolução para o câncer de colo do útero

O Sistema Único de Saúde (SUS) começou a substituir o tradicional exame de papanicolau pelo teste de DNA-HPV, baseado em biologia molecular. A nova tecnologia permite detectar a presença do Papilomavírus Humano (HPV) com até 10 anos de antecedência ao desenvolvimento de lesões que podem evoluir para o câncer do colo do útero.
O HPV é uma das infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) mais comuns no Brasil e está diretamente ligado à maioria dos casos de câncer de colo uterino. Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 10 milhões de brasileiros convivem com o vírus. A substituição do método de rastreio representa um avanço importante na medicina preventiva.
De acordo com a ginecologista Wanuzia Miranda, o teste de DNA é mais preciso e confiável. Ele permite identificar diferentes genótipos do vírus, inclusive com baixa carga viral. “Esse exame consegue identificar a infecção antes mesmo que surjam alterações celulares. E com o controle interno de qualidade, sabemos se a amostra foi coletada corretamente”, explica.
Teste é mais sensível e reduz falsos negativos
Diferente do papanicolau, que pode ter limitações na coleta e interpretação, o novo teste usa a técnica de PCR (reação em cadeia da polimerase), com amostra coletada geralmente do colo do útero e da vagina, para amplificar o DNA do vírus. Isso garante mais sensibilidade e reduz o risco de falsos negativos. A mudança deve contribuir para a redução de até 70% dos casos graves da doença, segundo estimativas.
Além disso, o novo protocolo amplia o intervalo entre os exames. Em casos negativos, a recomendação passa a ser de cinco em cinco anos, e não mais anualmente, como acontecia com o papanicolau. A triagem segue indicada para mulheres a partir dos 25 anos que já iniciaram a vida sexual.
Vacinação continua sendo fundamental
A prevenção também inclui a vacinação contra o HPV, oferecida gratuitamente pelo SUS para meninas e meninos de 9 a 14 anos. Entretanto, em bula, a vacina é recomendada até os 45 anos. A imunização ajuda a reduzir os casos de câncer e de verrugas genitais.