Estudos clínicos crescem no Brasil e ampliam foco sobre o sistema imunológico

Pesquisas avançam na imunologia e centros de pesquisa e desenvolvimento do Norte e Nordeste ganham espaço nos testes de novos tratamentos e vacinas

Por Maria Clara Trajano Publicado em 13/06/2025 às 15:31 | Atualizado em 21/06/2025 às 23:53

SÃO PAULO — A ciência brasileira vive um momento de expansão estratégica. A imunologia, antes restrita a círculos técnicos, começa a ganhar espaço em centros de pesquisa e também na conversa com o público.

No campo dos estudos clínicos, o Brasil tem se consolidado como território-chave para testar novos tratamentos relacionados ao sistema imunológico, com destaque para o crescimento desta área em regiões fora do eixo Sul-Sudeste, como o Recife.

Durante o lançamento da exposição “Nosso Corpo, Nosso Mundo: Uma Aventura Imunológica”, viabilizada por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura com patrocínio da Sanofi, no Museu Catavento, em São Paulo, pesquisadores reforçaram a importância de tornar a ciência mais acessível tanto em linguagem quanto em geografia.

Dados apresentados no evento mostram que, entre 2023 e 2024, os investimentos da empresa global em pesquisa clínica no País cresceram 122%. Atualmente, há 54 estudos em andamento, mais da metade deles voltados à imunologia e inflamação.

A novidade é que centros de pesquisa em cidades como Manaus, São Luís, João Pessoa e Recife agora fazem parte da rede que conduz testes de novos medicamentos. A descentralização amplia a diversidade dos participantes e torna os resultados mais representativos da população brasileira, algo fundamental para validar tratamentos personalizados e garantir eficácia em diferentes contextos.

Outro destaque é o uso crescente de inteligência artificial para identificar alvos terapêuticos, prever respostas imunológicas e acelerar a criação de vacinas mais eficazes e com armazenamento facilitado — uma questão especialmente importante em países tropicais.

A aposta na imunociência representa uma mudança de paradigma na medicina: o foco passa a ser compreender e agir sobre as causas das doenças, e não apenas aliviar sintomas. Doenças como dermatite atópica, diabetes tipo 1, asma, esofagite eosinofílica e até mesmo infecções respiratórias e hipertensão estão entre as que podem ser tratadas com terapias imunológicas.

O que são terapias imunológicas?

As terapias imunológicas são tratamentos que atuam diretamente no sistema imunológico — o conjunto de células e mecanismos do corpo que nos protege de vírus, bactérias e outras ameaças.

Em vez de apenas combater os sintomas de uma doença, essas terapias ajudam o próprio organismo a reagir de forma mais eficiente ou equilibrada. Isso pode significar estimular as defesas naturais, quando o corpo precisa de reforço, ou controlá-las, quando estão desreguladas e atacando o que não deveriam, como acontece em doenças autoimunes.

Na prática, essas terapias são feitas com medicamentos desenvolvidos para agir em alvos muito específicos do sistema imunológico, como certos tipos de células ou substâncias produzidas durante processos inflamatórios. Por serem focadas, elas costumam provocar menos efeitos colaterais e oferecem respostas mais precisas, com melhores resultados para o paciente.

*A repórter viajou a convite da Sanofi

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