Pernambuco confirma primeira morte em adulto por febre oropouche; Estado tem 179 casos da doença
Secretaria de Saúde de Pernambuco informa que vítima foi uma mulher, de 71 anos, que morava no Recife. Ela tinha comorbidades: hipertensão e diabetes

A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirma, nesta quarta-feira (9), a primeira morte em adulto por febre oropouche no Estado. A vítima é uma mulher de 71 anos, moradora do Recife, que apresentava comorbidades, como hipertensão e diabetes.
O caso ocorreu na última semana de 2024 e passou por uma investigação criteriosa, ao se levar em consideração a raridade desse tipo de ocorrência no Brasil. Todas as confirmações de morte pela doença, no País, foram registradas apenas a partir do ano passado. A análise foi conduzida por um comitê de especialistas, que discutiu o caso até chegar a um consenso sobre a causa da morte.
Além disso, em 2024, Pernambuco também confirmou três óbitos fetais relacionados à febre oropouche. Os casos, registrados ao longo do ano passado, passaram por investigação detalhada e foram oficialmente reconhecidos como tendo vínculo com a infecção pelo vírus.
Até o momento, desde maio de 2024, Pernambuco tem 179 casos confirmados de oropouche.
Assista a videocast sobre febre oropouche:
O vírus, no Estado, já foi identificado em pacientes dos municípios de: Cabo de Santo Agostinho, Camaragibe, Ilha de Itamaracá, Ipojuca, Jaboatão dos Guararapes, Moreno, Paulista, Pombos, Recife, Bom Jardim, Limoeiro, Machados, Água Preta, Catende, Gameleira, Jaqueira, Lagoa dos Gatos, Maraial, Rio Formoso, São Benedito do Sul, Sirinhaém, Barra de Guabiraba, Bonito, Gravatá, Santa Cruz do Capibaribe, Garanhuns, Aliança, Itaquitinga, Macaparana, São Vicente Ferrer, Timbaúba, Paudalho.
Entenda a febre oropouche
A doença é causada pelo vírus OROV, um arbovírus transmitido pelo inseto Culicoides paraensis. Identificada desde os anos 1950, a doença se caracterizava por surtos esporádicos região Amazônica, embora também tenha sido registrada em outros países da América Central e do Sul.
Por ter sintomas semelhantes ao da dengue, a febre oropouche podia ser diagnosticada equivocadamente.
A partir de 2023, a detecção de casos aumentou em decorrência da descentralização do diagnóstico molecular para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública (Lacen) de todo o Brasil. As mudanças climáticas também colaboraram para que mais casos surgissem em outras regiões.
A transmissão do oropouche ocorre por meio do inseto, que, após picar uma pessoa ou animal infectado, transmite o vírus a uma pessoa saudável.
Há dois ciclos principais de transmissão da febre oropouche:
- ciclo silvestre, em que bichos-preguiça, primatas não humanos e possivelmente aves silvestres são hospedeiros.
- ciclo urbano, em que os humanos são os principais hospedeiros, sendo o Culicoides paraenses o vetor predominante nos dois casos.
Sintomas: o que a pessoa com oropouche sente?
Os sintomas são parecidos com os da dengue: dor de cabeça intensa, dor muscular, náusea e diarreia.
Nesse sentido, é importante que profissionais da área de vigilância em saúde sejam capazes de diferenciar essas doenças por meio de aspectos clínicos, epidemiológicos e laboratoriais e orientar as ações de prevenção e controle.
Não existe tratamento específico para febre oropouche. Os pacientes devem permanecer em repouso, com tratamento para aliviar os sintomas e acompanhamento médico.