Dor, inchaço e desafios diários: os impactos do lipedema, tema de videocast do JC

Silencioso, subestimado e frequentemente confundido com obesidade, o lipedema é uma condição crônica que atinge principalmente mulheres e afeta não só o corpo, mas também a autoestima e a qualidade de vida.

Apesar de atingir milhões de pessoas no mundo, muitos ainda desconhecem os sintomas e tratamentos do lipedema, caracterizado pelo acúmulo desproporcional de gordura nos membros inferiores e que pode, às vezes, afetar os membros superiores. Esse é o tema do 37º episódio do videocast Saúde e Bem-Estar, do JC, às 20h, nesta quarta-feira (9/4). É possível acompanhar a conversa entre os especialistas pelo JC Play - canal do Sistema Jornal do Commercio de Comunicação (SJCC) no YouTube.  

Confira o episódio do videocast sobre lipedema:

O lipedema causa inchaço, dores e sensação de peso nos membros. Fatores como alimentação inadequada, falta de exercício físico e predisposição hereditária podem potencializar o desenvolvimento da doença, o que impacta a mobilidade das pacientes.

Na bancada do videocast, estão o cirurgião vascular Bruno Canto e a nutricionista Erika Oliveira, coordenadora do Núcleo de Ensino e Pesquisa em Lipedema. Eles compartilham orientações que ajudam a controlar o lipedema, como dieta balanceada, prática regular de exercícios físicos regularmente, realização de drenagens linfáticas manuais realizadas por profissionais qualificados e manutenção das consultas com o médico cirurgião vascular e outros profissionais de saúde. 

Os especialistas também destacam que o lipedema tem origem genética e que fatores hormonais aceleram a progressão da doença: uso de anticoncepcionais, tratamentos para engravidar, gestação e até mesmo a menopausa. Por isso, é muito raro que homens apresentem lipedema, mas não é impossível.

Dados do Instituto Lipedema Brasil mostram que 10% das mulheres no mundo são afetadas por lipedema, com mais de 10 milhões de brasileiras que possivelmente desconhecem a condição, que só foi reconhecida como doença, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2022.

O diagnóstico do lipedema é clínico. O profissional faz avaliação de presença de acúmulo de gordura em região glútea, coxas, joelhos e pernas, com desproporção entre a parte inferior e a superior do corpo. É possível ainda haver comprometimento dos braços.

A identificação precoce é importante para o controle adequado do lipedema. Para confirmar o diagnóstico, é essencial procurar um profissional de saúde, como um dermatologista, cirurgião vascular ou um especialista em medicina interna. Eles podem realizar um exame físico detalhado e, se necessário, solicitar exames complementares.

Entre as queixas mais frequentes dos pacientes com lipedema, estão dor (principalmente à palpação), dificuldade de mobilidade, edema (inchaço) e hematomas frequentes. Um sinal típico é o acúmulo de gordura na região do tornozelo, conhecido como "sinal do manguito".

De acordo com a Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, há cinco tipos de lipedema:

• Tipo 1: Afeta a região que vai do umbigo até os quadris
• Tipo 2: Atinge a área até os joelhos, com o acúmulo de tecido gorduroso nas partes lateral e inferior dos joelhos
• Tipo 3: Estende-se até os tornozelos, formando uma espécie de "manguito" de gordura logo acima dos pés
• Tipo 4:  Impacta os braços, frequentemente associado aos tipos 2 e 3
• Tipo 5: Limita-se à região abaixo dos joelhos

Quais são os sintomas típicos do lipedema?

• Você sente dores, peso e apresenta hematomas frequentes?
• Quando perde peso, emagrece no abdome, mas não nas pernas?
• Sente nódulos de gordura na coxa ou braços e a pele mais fria?
• Sentiu piora deste quadro após a puberdade, uso de hormônios, gestação ou menopausa?
• Alguma mulher da sua família apresenta as mesmas características?

É importante ressaltar que a confirmação do diagnóstico de lipedema depende de uma avaliação médica. Para quem respondeu "sim" para a maior parte dessas perguntas, vale a pena investigar com um profissional.