URGÊNCIA ESQUECIDA | Notícia

Dia Mundial da Saúde 2025: uma morte evitável a cada 7 segundos; dado denuncia abandono no cuidado materno e neonatal

Data dá início a uma campanha cuja meta é intensificar esforços para acabar com mortes maternas e neonatais, além de priorizar bem-estar das mulheres

Por Cinthya Leite Publicado em 07/04/2025 às 5:04

Quatro em cada cinco países não estão no caminho certo para atingir as metas globais de melhoria da sobrevivência materna até 2030. Os números ainda mostram que cerca de 300 mil mulheres a cada ano perdem a vida por causas relacionadas à gravidez ou ao parto, e mais de 2 milhões de bebês morrem no primeiro mês de vida e milhões nascem mortos.

Isso equivale a aproximadamente uma morte evitável a cada sete segundos.

Esses dados compõem o alerta da campanha da Organização Mundial de Saúde (OMS) deste ano para marcar o Dia Mundial da Saúde – 7 de abril.

A data dá início a uma atividade global de conscientização sobre saúde materna e neonatal.

NO BRASIL

A mortalidade materna é um indicador crítico que reflete a qualidade da assistência e o acesso aos serviços de saúde.

No Brasil, em números absolutos, em 2021, no contexto da pandemia de covid-19, a quantidade de mortes aumentou para 3.030, o que representou um incremento de 74% em comparação a 2014, quando houve 1.739 mortes, segundo dados da Plataforma Integrada de Vigilância em Saúde (IVIS).

DAR UM FIM ÀS MORTES DE MÃES E BEBÊS

A mobilização da OMS, intitulada Inícios saudáveis, futuros esperançosos, cobra dos governos e das autoridades sanitárias a intensificação de seus esforços para acabar com as mortes maternas e neonatais, além de priorizar a saúde e o bem-estar de longo prazo das mulheres.

Além disso, a OMS e seus parceiros compartilharão informações úteis para apoiar gestações e partos saudáveis, bem como melhor saúde pós-natal.

CHAMADO URGENTE

Em junho de 2024, o diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), Jarbas Barbosa Jr., fez um chamado urgente à ação para reduzir a mortalidade materna nas Américas. Em 2020, a América Latina e o Caribe registraram uma morte materna a cada hora — o dado fez reverter duas décadas de progresso dos indicadores de saúde materna na região.

Escuta e ação necessárias

Mulheres e famílias em todos os lugares precisam de escuta e de cuidados de alta qualidade. Elas precisam ser apoiadas física e emocionalmente, antes, durante e depois do parto.

Os sistemas de saúde devem evoluir para gerenciar os diversos problemas de saúde que afetam a saúde materna e do recém-nascido. Esses problemas incluem não apenas complicações obstétricas diretas, mas também problemas de saúde mental, doenças não transmissíveis e planejamento familiar.

ATÉ 2027

Em 2024, o governo brasileiro reestruturou a antiga Rede Cegonha na rede pública de saúde. Com a meta de reduzir a mortalidade materna em 25% até 2027, o novo modelo homenageia Alyne Pimentel, que morreu grávida de seis meses por desassistência, no município de Belford Roxo (Rio de Janeiro), em 2002.

O Brasil é o primeiro caso no mundo de uma condenação em corte internacional por morte materna evitável, reconhecida como violação de direitos humanos das mulheres a uma maternidade segura.

MATERNIDADE E SAÚDE DA FAMÍLIA

Entre as inovações da Rede Alyne, está a necessidade de um plano integrado entre a maternidade e a Saúde da Família, com qualificação das equipes na principal porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS).

A missão é acabar com a peregrinação da gestante, como aconteceu com Alyne, a fim de garantir vagas para atendimento, com prioridade para a mulher que precisa de suporte no deslocamento para a maternidade.