Quando o trabalho dói: funcionários relatam desconfortos, e metade deles não tem apoio das empresas
Pesquisa mostra que, mesmo com queixas constantes de dores no trabalho, maioria dos funcionários não recebe nenhum benefício para alívio

Geralmente quem trabalha com atividades repetitivas ou por longos períodos na mesma posição já sentiu ou sente algum desconforto corporal. Um estudo divulgado recentemente pela plataforma de currículos online Onlinecurrículo revela que 68% dos entrevistados relataram dor física frequentemente devido ao trabalho.
A empresa especialista em carreiras entrevistou centenas de brasileiros de todas as regiões do País para entender o impacto do trabalho na saúde física. A pesquisa analisou os efeitos corporais ao longo da vida profissional, as principais causas de desconforto entre os ouvidos e as melhores formas de apoio organizacional para garantir o bem-estar no trabalho.
Os resultados mostram que, apesar do mal-estar físico ser algo comum, 51% dos participantes não recebem nenhuma forma de suporte ou benefício dos empregadores para lidar com desconfortos e dores habituais. Dessa forma, os trabalhadores vão em busca de suas próprias formas de alívio.
Essa falta de apoio pode agravar ainda mais diferentes tipos de incômodos: dores posturais, enxaquecas, inchaço ou fadiga ocular.
O levantamento foi feito nos dias 1º e 2 de março. A Onlinecurrículo ouviu 500 pessoas de diversos segmentos produtivos, faixas etárias, classes sociais e regiões do País.
Os participantes, conectados à internet, responderam às perguntas por meio de questionário estruturado em formato online. O índice de confiabilidade, segundo a empresa, foi de 95%, e a margem de erro foi de 3,3 pontos percentuais.
Onde dói?
A parte dorsal é uma das regiões com mais mudanças em decorrência do trabalho. Para 50% dos participantes do levantamento, a alteração postural é a principal queixa da rotina laboral.
Em seguida, estão a dor de cabeça (48%) e a vista cansada (46%). Os entrevistados ainda relatam o enrijecimento (42%); o inchaço de pernas e pés (36%); e a diminuição da flexibilidade (27%).
Logo depois, surgem os problemas de sono (26%), o que indica que as questões do ambiente de trabalho podem afetar o descanso mental após o expediente.
Mas afinal, de onde vêm essas dores?
Para os entrevistados, existem quatro causas que se destacam no desenvolvimento dos desconfortos durante a jornada de trabalho:
postura inadequada ao longo do dia (63%)
exposição prolongada a telas (43%)
movimentos repetitivos ou esforço físico excessivo (35%)
ambiente de trabalho estressante (31%)
Investimento em saúde é necessário
Para Amanda Augustine, especialista em carreiras da Onlinecurrículo, além de garantir o bem-estar dos colaboradores, o investimento em saúde pode reduzir custos, fortalecer o engajamento e a satisfação das equipes.
"Com as novas regulamentações reforçando o direito ao apoio psicossocial, os empregadores têm uma oportunidade real de transformar a forma como o trabalho é vivenciado por suas equipes. Priorizar o bem-estar emocional no ambiente de trabalho não é apenas uma boa prática; é também uma decisão estratégica", explica Amanda.
Isso pode resultar, segundo a especialista, em menos ausências, relacionamentos profissionais mais fortes e um desempenho geral superior.
"Ao investir na saúde mental da equipe, também se cuida da saúde física. Afinal, ambas estão profundamente conectadas. Não se trata apenas de cumprir uma obrigação, mas de criar um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos", acrescenta.
Como melhorar esse cenário?
Para minimizar dores ou desconfortos, mais da metade (52%) dos respondentes afirmaram que pausas regulares para alongamento ou descanso seriam a mudança mais impactante para o bem-estar físico no trabalho.
A ergonomia também é uma preocupação relevante: 41% dos participantes destacaram a importância de melhorias no mobiliário e suporte para home office, incluindo cadeiras ajustáveis, mesas ergonômicas e apoio para os pés.
Ao pensar no espaço de trabalho, 36% dos trabalhadores acreditam que mais áreas de descanso ou espaços para relaxamento durante o expediente fariam diferença na rotina.
Outros fatores que envolvem o local profissional incluem maior ventilação ou controle de temperatura no ambiente (30%) e um espaço físico mais amplo para circulação e organização (30%).
Além disso, 33% dos entrevistados apontaram que benefícios para a prática de atividades físicas ajudariam na prevenção de dores e problemas musculares, a fim de promover um melhor equilíbrio entre vida pessoal e profissional.