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Doenças pós-carnaval: saiba o que mais preocupa e como se recuperar

Saúde após a folia exige atenção. Os principais riscos incluem viroses, intoxicações, insolação e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

Por Maria Letícia Menezes Publicado em 07/03/2025 às 11:28

O Carnaval é um período de festa, mas também pode oferecer riscos para a saúde. Com multidões nas ruas, consumo excessivo de álcool e exposição prolongada ao sol, diversas doenças podem surgir logo após os dias de folia.

Neste ano em Pernambuco, a festa foi prolongada por conta o feriado da Data Magna, nesta quinta-feira (6), com algumas pessoas estendendo a folga no fim de semana. Por isso, manter os cuidados mesmo após esse período é importante.

Principais doenças no pós-Carnaval

Dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) de 2023 e 2024 apontam que intoxicação alcoólica, insolação, crises hipertensivas e infecções gastrointestinais estão entre os principais problemas registrados nessa época do ano.

Além disso,  viroses respiratórias e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também ganham destaque todos os anos.

Viroses e doenças respiratórias

Em entrevista ao Videocast Saúde e Bem-Estar do JC, o pneumologista Murilo Guimarães explicou que o período entre fevereiro e junho é naturalmente crítico para a circulação de viroses, e o Carnaval potencializa ainda mais essa disseminação por conta do alto contato entre as pessoas.

Entre os sintomas mais comuns estão:

  • Tosse persistente;
  • Febre prolongada;
  • Falta de ar.

O médico alerta que caso os sintomas persistam por mais de três dias, uma unidade de saúde deve ser procurada.

A SES-PE registrou que entre 2% e 5% dos casos pós-Carnaval foram relacionados a síndromes respiratórias, como gripes e resfriados

Infecções gastrointestinais

FREEPIK
A diarreia é um sintoma comum de gastroenterites como a causada pelo norovírus - FREEPIK

A qualidade dos alimentos e das bebidas consumidas durante a folia também influencia na saúde pós-Carnaval.

Náuseas, vômitos e diarreia foram relatados em até 18,5% entre as doenças infecciosas, segundo a SES-PE.

Infecções Sexualmente Transmissíveis

Também em entrevista ao Videocast Saúde e Bem-Estar, o infectologista Demetrius Montenegro, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, alerta que a queda no uso de preservativos durante o Carnaval aumenta os riscos de infecções sexualmente transmissíveis.

"É provado que por conta do consumo de álcool e outras substâncias, a vulnerabilidade aumenta e a utilização do preservativo cai", afirma.

Além da camisinha, Montenegro destaca outras formas de prevenção, como a vacinação contra hepatites e HPV, e o uso de medicamentos como PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), indicados para prevenir a infecção pelo HIV

De acordo com o Ministério da Saúde, a PrEP é recomendada para pessoas que:

  • Têm relações sexuais frequentes sem preservativo;
  • Fazem uso recorrente da PEP;
  • Já tiveram ISTs anteriormente;
  • Estão em contextos de vulnerabilidade, como relações sexuais em troca de bens materiais;
  • Praticam chemsex (uso de drogas para potencializar relações sexuais).

Contudo, segundo o médico, qualquer pessoa que se sinta em risco pode procurar uma unidade de saúde para avaliar a necessidade de medicação.

 

Outros problemas comuns após a folia

Há outras doenças que passam despercebidas por muitos foliões, como por exemplo:

  • Insolação e crises de hipertensão: os sintomas incluem tontura, fadiga e aumento da temperatura corporal e podem ser confundidos com sintomas das viroses;
  • Conjuntivite: é comum durante devido ao contato direto com secreções e objetos contaminados. O sintoma mais característico é a vermelhidão intensa nos olhos acompanhada de secreção;
  • Micoses: ambientes quentes e úmidos favorecem o surgimento de micoses, que podem afetar pele, unhas e cabelos. Os principais sintomas são manchas esbranquiçadas, coceira intensa e unhas descoladas;
  • Leptospirose: a bactéria causadora da doença está na urina dos roedores. O contato com água contaminada ou com latas de bebidas que foram armazenadas em locais impróprio pode facilitar o contágio;

Ressaca

A ingestão excessiva de álcool representa 20% das ocorrências médicas durante o Carnaval em Pernambuco e após o consumo, é comum que haja a ressaca.

Dores de cabeça, vômitos, enjoos e até febre podem surgir. O pneumologista Murilo Guimarães explica que a ressaca é um quadro de desidratação do corpo, por isso, os cuidados após a folia devem incluir uma alimentação balanceada e maior consumo de água. 

Ele também ressalta que os remédios populares para ressaca apenas mascaram os sintomas, mas não resolvem o problema.

Automedicação pode ser perigosa

Eugene Barmin/Freepik
A automedicação por antibióticos não é recomendada em caso de sintomas gripais - Eugene Barmin/Freepik

Outro ponto de alerta no pós-Carnaval é o uso indiscriminado de medicamentos. O doutor Demetrius enfatiza que muitas pessoas utilizam antibióticos sem prescrição, o que não é eficaz contra viroses e pode causar resistência bacteriana.

Diante de sintomas como febre persistente e falta de ar, é fundamental procurar orientação médica antes de recorrer a remédios por conta própria.

Assista ao episódio 'Saúde depois da folia' do Videocast Saúde e Bem-Estar do JC

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