Doenças pós-carnaval: saiba o que mais preocupa e como se recuperar
Saúde após a folia exige atenção. Os principais riscos incluem viroses, intoxicações, insolação e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs)

O Carnaval é um período de festa, mas também pode oferecer riscos para a saúde. Com multidões nas ruas, consumo excessivo de álcool e exposição prolongada ao sol, diversas doenças podem surgir logo após os dias de folia.
Neste ano em Pernambuco, a festa foi prolongada por conta o feriado da Data Magna, nesta quinta-feira (6), com algumas pessoas estendendo a folga no fim de semana. Por isso, manter os cuidados mesmo após esse período é importante.
Principais doenças no pós-Carnaval
Dados da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) de 2023 e 2024 apontam que intoxicação alcoólica, insolação, crises hipertensivas e infecções gastrointestinais estão entre os principais problemas registrados nessa época do ano.
Além disso, viroses respiratórias e infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) também ganham destaque todos os anos.
Viroses e doenças respiratórias
Em entrevista ao Videocast Saúde e Bem-Estar do JC, o pneumologista Murilo Guimarães explicou que o período entre fevereiro e junho é naturalmente crítico para a circulação de viroses, e o Carnaval potencializa ainda mais essa disseminação por conta do alto contato entre as pessoas.
Entre os sintomas mais comuns estão:
- Tosse persistente;
- Febre prolongada;
- Falta de ar.
O médico alerta que caso os sintomas persistam por mais de três dias, uma unidade de saúde deve ser procurada.
A SES-PE registrou que entre 2% e 5% dos casos pós-Carnaval foram relacionados a síndromes respiratórias, como gripes e resfriados.
Infecções gastrointestinais
A qualidade dos alimentos e das bebidas consumidas durante a folia também influencia na saúde pós-Carnaval.
Náuseas, vômitos e diarreia foram relatados em até 18,5% entre as doenças infecciosas, segundo a SES-PE.
Infecções Sexualmente Transmissíveis
Também em entrevista ao Videocast Saúde e Bem-Estar, o infectologista Demetrius Montenegro, do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, alerta que a queda no uso de preservativos durante o Carnaval aumenta os riscos de infecções sexualmente transmissíveis.
"É provado que por conta do consumo de álcool e outras substâncias, a vulnerabilidade aumenta e a utilização do preservativo cai", afirma.
Além da camisinha, Montenegro destaca outras formas de prevenção, como a vacinação contra hepatites e HPV, e o uso de medicamentos como PEP (Profilaxia Pós-Exposição) e PrEP (Profilaxia Pré-Exposição), indicados para prevenir a infecção pelo HIV
De acordo com o Ministério da Saúde, a PrEP é recomendada para pessoas que:
- Têm relações sexuais frequentes sem preservativo;
- Fazem uso recorrente da PEP;
- Já tiveram ISTs anteriormente;
- Estão em contextos de vulnerabilidade, como relações sexuais em troca de bens materiais;
- Praticam chemsex (uso de drogas para potencializar relações sexuais).
Contudo, segundo o médico, qualquer pessoa que se sinta em risco pode procurar uma unidade de saúde para avaliar a necessidade de medicação.
Outros problemas comuns após a folia
Há outras doenças que passam despercebidas por muitos foliões, como por exemplo:
- Insolação e crises de hipertensão: os sintomas incluem tontura, fadiga e aumento da temperatura corporal e podem ser confundidos com sintomas das viroses;
- Conjuntivite: é comum durante devido ao contato direto com secreções e objetos contaminados. O sintoma mais característico é a vermelhidão intensa nos olhos acompanhada de secreção;
- Micoses: ambientes quentes e úmidos favorecem o surgimento de micoses, que podem afetar pele, unhas e cabelos. Os principais sintomas são manchas esbranquiçadas, coceira intensa e unhas descoladas;
- Leptospirose: a bactéria causadora da doença está na urina dos roedores. O contato com água contaminada ou com latas de bebidas que foram armazenadas em locais impróprio pode facilitar o contágio;
Ressaca
A ingestão excessiva de álcool representa 20% das ocorrências médicas durante o Carnaval em Pernambuco e após o consumo, é comum que haja a ressaca.
Dores de cabeça, vômitos, enjoos e até febre podem surgir. O pneumologista Murilo Guimarães explica que a ressaca é um quadro de desidratação do corpo, por isso, os cuidados após a folia devem incluir uma alimentação balanceada e maior consumo de água.
Ele também ressalta que os remédios populares para ressaca apenas mascaram os sintomas, mas não resolvem o problema.
Automedicação pode ser perigosa
Outro ponto de alerta no pós-Carnaval é o uso indiscriminado de medicamentos. O doutor Demetrius enfatiza que muitas pessoas utilizam antibióticos sem prescrição, o que não é eficaz contra viroses e pode causar resistência bacteriana.
Diante de sintomas como febre persistente e falta de ar, é fundamental procurar orientação médica antes de recorrer a remédios por conta própria.
Assista ao episódio 'Saúde depois da folia' do Videocast Saúde e Bem-Estar do JC