HOSPITAL OTÁVIO DE FREITAS | Notícia

Superfungo: no pós-Carnaval, mais um caso de Candida auris é confirmado em Pernambuco

Direção do hospital informa que estão suspensas novas admissões na sala vermelha, setor pelo qual a paciente passou antes de ir para a UTI

Por Cinthya Leite Publicado em 05/03/2025 às 18:55

A Secretaria de Saúde de Pernambuco (SES-PE) confirma, nesta Quarta-Feira de Cinzas (5), mais um caso do superfungo Candida auris no Hospital Otávio de Freitas (HOF), no bairro de Tejipió, na Zona Oeste do Recife.

A paciente tem 29 anos e fazia parte do grupo de monitoramento que estava em acompanhamento no isolamento da unidade de terapia intensiva (UTI) da unidade, onde foi identificado, no dia 18 de fevereiro, o primeiro caso (mulher de 51 anos) do superfungo de 2025 em Pernambuco

"Como medida preventiva, a direção do HOF e a Central Estadual de Regulação de Leitos suspendem, nesta quarta (5) e quinta-feira (6), novas admissões na sala vermelha do hospital, setor pelo qual a paciente passou antes de ir para a UTI", diz, em nota, a SES. 

Nesse setor, serão intensificados os procedimentos de limpeza e desinfecção, conforme orientado pela Agência Pernambucana de Vigilância Sanitária (Apevisa), em articulação com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Hospital Otávio de Freitas.

"Os pacientes da sala vermelha também vão passar por exames por meio da coleta de swab, a fim de permitir a testagem para detecção de colonização para o fungo."

Entre outras medidas de prevenção e controle da transmissão de Candida auris, que podem ser executadas em estabelecimentos de saúde, estão: 

  • treinamento constante dos profissionais de saúde e dos trabalhadores responsáveis pela limpeza do hospital;
  • higienização correta e periódica das mãos;
  • uso apropriado de equipamento de proteção individual;
  • isolamento de casos confirmados;
  • intensificação da limpeza e desinfecção de todo ambiente hospitalar com produto sanitizantes preconizados, como o peróxido de hidrogênio;
  • monitoramento ambiental com coleta de amostras de superfícies e equipamentos utilizados nos setores onde se identificaram os casos positivos.

Candida auris: superfungo é ameaça à saúde pública

A Candida auris é um fungo emergente que representa uma séria ameaça à saúde pública. Ele pode causar infecção de corrente sanguínea e outras infecções invasivas.

Os pacientes com Candida auris podem não apresentar sinais relacionados à infecção pelo superfungo, mas ter um quadro de colonização.

A diferença entre ambas as condições é que a colonização indica que o paciente está com o fungo, mas não apresenta infecção - e esta ocorre quando há presença de Candida auris na corrente sanguínea.

 

O superfungo pode ser fatal, principalmente em pacientes imunodeprimidos ou com doenças crônicas.

O infectologista Danylo Palmeira explica que a Candida auris ocorre como infecção hospitalar. "Não há diagnóstico clínico baseado em sinais e sintomas de Candida auris", diz.

As infecções por Candida auris, segundo Danylo, estão relacionadas ao uso de dispositivos chamados invasivos, como um cateter venoso central, uma sonda vesical e um ventilador mecânico. "São casos em que há um maior risco de ocorrência de infecção hospitalar, incluindo por Candida auris", explica Danylo.

Ele frisa que o superfungo Candida auris se mantém facilmente nos hospitais onde há pacientes colonizados ou infectados. "É um fungo que, no ambiente hospitalar, consegue sobreviver sem estar no organismo humano." Ou seja, a Candida auris pode estar em superfícies ou equipamentos da unidade de saúde. Por isso, é muito difícil de ser erradicada.

Como é a transmissão do superfungo Candida auris?

A transmissão do superfungo Candida auris ocorre em ambiente hospitalar, diretamente de equipamentos, superfícies e materiais de assistência ao paciente com Candida auris (como estetoscópios e termômetros, além de outros), mas nada impede que essa transmissão também aconteça pelas mãos dos profissionais de saúde. Por isso, a higienização das mãos precisa ser respeitada.

Quando tem alta da unidade de saúde, o paciente pode seguir para casa, já que é um superfungo de ambiente hospitalar (ocorre dentro de hospital).

"Não é na comunidade (pelas ruas, em casa, na feira, no supermercado...) que uma pessoa vai ser colonizada por Candida auris. E o paciente que foi diagnosticado com o superfungo, foi controlado e teve alta, não vai transmitir. No entanto, quando ele precisar ir a um serviço de emergência ou qualquer outra unidade de saúde, ele precisa sinalizar que já teve cultura positiva para Candida auris, pois cuidados precisam ser seguidos, pelo menos, por dois anos", orienta Danylo.

O maior problema relacionado ao superfungo Candida auris, de acordo com o infectologista Filipe Prohaska, é que esse agente infeccioso é multirresistente a diversos medicamentos antifúngicos. "É um micro-organismo exclusivamente hospitalar", diz o médico, que se preocupa com o potencial agressivo desse fungo.

Estudos apontam que até 90% dos isolados de Candida auris são resistentes às seguintes medicações: fluconazol, anfotericina B ou equinocandinas.

Outro motivo de preocupação é que a Candida auris pode permanecer viável por longos períodos no ambiente (semanas ou meses) e apresenta resistência a diversos desinfetantes, inclusive os que são à base de quaternário de amônio.

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