Março Lilás alerta para prevenção do câncer de colo do útero e reforça a importância da vacina contra HPV
O câncer de colo do útero é o que mais mata mulheres até 36 anos, e o segundo que mais mata mulheres até 60 anos; 99% dos casos são causados por HPV

SÃO PAULO - O lançamento da campanha Março Lilás reuniu, na terça-feira (26), especialistas, influenciadoras e representantes da indústria farmacêutica para um debate crucial sobre a prevenção do câncer de colo do útero. O evento ocorreu na capital paulista.
A iniciativa, que tem a apresentadora Fernanda Lima como embaixadora, busca reforçar a importância da vacina contra o papilomavírus humano (HPV) e incentivar exames regulares para detecção precoce da doença.
Impacto do câncer de colo do útero no Brasil
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de colo do útero é o primeiro em incidência entre mulheres de até 36 anos e o segundo entre aquelas com menos de 60 anos.
A cada dia, 19 mulheres morrem no Brasil vítimas dessa doença, que é causada, em 99% dos casos, pelo HPV.
“Frequentemente nos perguntamos quando haverá uma vacina que previna o câncer, mas a verdade é que ela já existe. Por isso, estamos comprometidos em contribuir para um futuro em que o câncer de colo do útero não seja mais uma realidade para as mulheres”, destacou o diretor de Vacinas Privadas da MSD Brasil, Fernando Cerino.
A vacinação, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), está disponível para meninos e meninas entre 9 e 14 anos de idade. Entretanto, em bula, a vacina é recomendada para pessoas de até 45 anos.
Na rede pública, a vacinação gratuita também é disponibilizada para vítimas de abuso sexual. Nesse caso, entre 15 e 45 anos, a recomendação é de três doses, considerando o histórico vacinal contra o HPV.
Pessoas que vivem com HIV/aids, transplantadas de órgãos sólidos e de medula óssea, pacientes com câncer e aqueles com papilomatose respiratória recorrente (PPR) devem tomar três doses, com prescrição médica.
Para menores de 18 anos, é necessário consentimento dos pais ou responsáveis para a vacinação contra o HPV como tratamento adjuvante da PPR. O intervalo entre as doses deve ser confirmado na Unidade Básica de Saúde.
Necessidade de prevenção
O evento contou com relatos de casos reais, como o da jornalista Mirelle Moschella, que enfrentou um câncer de colo do útero durante a pandemia. “Eu sempre fiz meus exames em dia, mas fiquei dois anos sem realizar o papanicolau. Quando recebi o diagnóstico, o câncer já estava avançado”, compartilhou Mirelle.
Ela também ressaltou a falta de informação sobre a vacina: “Eu achava que era só para adolescentes, e minha irmã também não sabia que podia se vacinar depois dos 30 anos. Hoje, estou com duas doses e a caminho da terceira”.
Apesar de já ter sido infectada pelo vírus e posteriormente curada, a jornalista decidiu se vacinar, pois existem mais de 200 tipos de HPV, sendo 12 deles associados ao desenvolvimento de câncer. Além disso, a infecção anterior não garante imunidade definitiva, havendo a possibilidade de reinfecção por outro subtipo do vírus.
Os que não têm o esquema vacinal completo e não se enquadram nos grupos pré-estabelecidos pelo SUS podem se vacinar na rede privada, como foi o caso de Mirelle Moschella.
Erradicação da doença
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu metas para erradicar o câncer de colo do útero até 2030, com prioridade:
- 90% de vacinação de meninas e meninos até 15 anos;
- 70% de rastreamento das mulheres elegíveis por meio de exames como o Papanicolau e o teste de DNA-HPV;
- 90% de tratamento adequado para lesões pré-cancerígenas e cânceres diagnosticados precocemente.
A vacina contra o HPV está aprovada para homens e mulheres de 9 a 45 anos. “Mesmo após o câncer, a vacina continua sendo essencial, pois protege contra outros tipos de cânceres relacionados ao HPV, como os de vagina, vulva, orofaringe e ânus”, explicou o ginecologista Fabiano Serra, supervisor da residência médica em ginecologia e obstetrícia do Hospital da Mulher em São Paulo.
Combate à desinformação
A campanha também chama atenção para a desigualdade no acesso à prevenção. Dados apresentados no evento revelaram que mulheres negras e indígenas morrem mais do que mulheres brancas devido ao câncer de colo do útero, refletindo disparidades sociais e no acesso à saúde.
“Uma mulher morre a cada dois minutos no mundo por essa doença. Precisamos unir esforços para disseminar a informação e garantir que todas tenham acesso à vacina e aos exames”, reforçou a apresentadora Fernanda Lima, embaixadora da campanha.
A campanha Março Lilás trará conteúdos educativos em mídias digitais, televisão e eventos, além de mobilizações em espaços públicos.
O objetivo é garantir que mais pessoas tenham acesso à prevenção e ao tratamento precoce, evitando que o câncer de colo do útero continue ceifando vidas que poderiam ser salvas com medidas simples e eficazes.
*A repórter cobriu o evento a convite da MSD Brasil