Ozempic e Mounjaro manipulados: médicos alertam sobre riscos aos pacientes
"Versões são vendidas como mais acessíveis e eficazes, mas essa promessa é falsa. Não há garantia de que paciente recebe produto seguro", alerta nota

As principais sociedades médicas do Brasil na área de endocrinologia e metabolismo emitiram um alerta, nesta semana, sobre os perigos do uso de medicamentos manipulados ou alternativos para o tratamento da obesidade e do diabetes.
A Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) e a Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e Síndrome Metabólica (Abeso) destacam que essas versões não aprovadas podem não garantir a eficácia e segurança necessárias. Isso expõe pacientes a sérios riscos de saúde.
"O alerta se refere especialmente a medicamentos injetáveis que atuam no controle da glicose e do apetite, como a semaglutida (princípio ativo de Ozempic® e Wegovy®, da Novo Nordisk) e a tirzepatida (presente em Mounjaro® e Zepbound, da Eli Lilly). Esses remédios são biológicos, ou seja, possuem um processo de fabricação altamente complexo e regulado para garantir sua qualidade", diz, em nota, as entidades médicas.
As versões manipuladas ou alternativas dessas substâncias, segundo as sociedades médicas, não passam por testes de bioequivalência e podem ter composição e dosagem inadequadas.
"Há relatos documentados por órgãos internacionais, como a FDA (Food and Drug Administration), de problemas graves, incluindo contaminação, substituição por outros compostos e variação perigosa da dosagem."
Outro ponto destacado no alerta é a comercialização irregular, que ocorre tanto em sites e redes sociais quanto em consultórios médicos - prática considerada antiética pelo Código de Ética Médica.
"Essas versões são vendidas como mais acessíveis e eficazes, mas essa promessa é falsa. Não há garantia de que o paciente está recebendo um produto seguro", alerta a nota oficial.
Ozempic e Mounjaro manipulados: recomendações das sociedades médicas
Diante da crescente popularidade desses medicamentos, a Sbem, a SBD e a Abeso recomendam que médicos evitem prescrever versões manipuladas de semaglutida e tirzepatida. Devem ser indicados apenas medicamentos aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Além disso, as entidades orientam que pacientes rejeitem tratamentos com versões alternativas, compradas pela internet ou oferecidas em consultórios. A população deve buscar apenas produtos certificados.
As sociedades médicas cobram ainda que os órgãos reguladores, como a Anvisa e os Conselhos de Medicina, intensifiquem a fiscalização para coibir a comercialização irregular.
"A Sbem, a SBD e a Abeso reforçam que o uso seguro desses medicamentos deve ser feito apenas sob prescrição e com acompanhamento médico, sempre com produtos devidamente regulamentados", destaca o alerta.