Câncer: nova fase de pesquisa para alívio da neuropatia após químio recruta pacientes no Recife
Na 1ª etapa, pesquisa mostrou resposta positiva em mais de 60% dos casos de efeito colateral que afeta 70% das pessoas que passam pela quimioterapia

Considerado um dos principais tratamentos de combate a diferentes tipos de câncer, a quimioterapia utiliza medicamentos para destruir as células doentes que formam um tumor ou se multiplicam desordenadamente. Ao longo do ciclo, o paciente pode apresentar efeitos colaterais, como a neuropatia periférica. A condição, que afeta 70% das pessoas que se submetem à quimioterapia, leva à perda de sensibilidade nas extremidades do corpo, como mãos e pés.
Para cuidar dos pacientes que apresentam a neuropatia decorrente da químio, a oncologista Mariane Fontes, da Oncoclínicas&Co, lidera uma pesquisa inédita desde 2018. Atualmente, o estudo recruta pacientes voluntários no País. No Recife, o local para triagem é a Multihemo Oncoclínicas, que fica na Ilha do Leite, bairro da área central da cidade.
Ao todo, serão 52 participantes no Brasil, atendidos por clínicas particulares e pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
"A quimioterapia é um tratamento curativo, mas infelizmente essa reação adversa é comum e pode acontecer em graus e intensidades diferentes. De 30% a 40% das pessoas permanecem com os sintomas (de neuropatia periférica) a longo prazo. Isso impacta muito a qualidade de vida: algumas não conseguem virar uma página, segurar um copo ou vestir a roupa", diz Mariane.
"Este estudo é importante. Até então, a única forma de controlar essas limitações é reduzir a dose ou interromper a quimioterapia, o que prejudica o resultado final do combate ao câncer."
A pesquisa testa a molécula PSP neuro serum - um remédio tópico para ser usado exclusivamente nas mãos.
Na primeira etapa, foram avaliados 24 pacientes. A metade fazia uso de taxanos (TXN), uma droga utilizada para tratar vários tipos da doença. A outra metade foi submetida a quimioterapias com outras substâncias.
Segundo a médica, ao observar todos os participantes, 44% tiveram resposta positiva ao creme. No entanto, ao verificar apenas quem fazia uso de taxano, o percentual subiu para 64%.
"Verificamos uma maior atividade da molécula nessa população. Por isso, agora, estamos restringindo a participação a esse grupo. Nesta nova etapa, os voluntários estão sendo randomizados para receber remédio ou placebo, a fim de confirmar a eficácia do primeiro estudo, quando a medicação foi administrada para todos", explica Mariane.
Ela acrescenta que, como não há alternativas terapêuticas contra a neuropatia periférica atualmente, a investigação que lidera tem uma relevância importante. "Isso pode impactar diretamente na qualidade de vida de uma parcela considerável dessa população (que precisa passar pela quimioterapia)", reforça a oncologista.
Entenda o que é a neuropatia periférica como consequência da quimioterapia
A chamada neuropatia periférica induzida por quimioterapia é considerada um efeito colateral pouco conhecido, mas que acomete pacientes em algum nível.
Certos quimioterápicos atacam o sistema nervoso e são considerados neurotóxicos, o que causa dormência e dor em extremidades que podem levar a dificuldades para a realização de atividades comuns do dia a dia, como escovar os dentes.
A neuropatia pode ser exclusivamente sensitiva ou, quando mais grave, pode resultar em perda de movimentos. É importante ressaltar que a gravidade dos casos varia, a depender, inclusive, da quantidade de medicamentos e sessões de quimioterapia.
Como se candidatar à pesquisa
A médica explica que a pesquisa é aberta a qualquer pessoa que faça uso de taxano, independentemente do local e do tipo de unidade (pública ou privada) em que esteja em tratamento.
Os interessados, com 18 anos ou mais, devem ir em uma das nove unidades selecionadas para avaliação.
A previsão é que a participação do voluntário dure um mês e, nesse período, ele terá que ir três vezes à clínica. Trinta dias após o fim do acompanhamento, será necessário retornar para mais uma visita.
Veja os endereços dos locais para avaliação:
- Multihemo Oncoclínicas Ilha do Leite (Recife/PE): Rua Senador José Henrique 231, Ilha do Leite.
- Oncoclínicas Botafogo (Rio de Janeiro/RJ): Praia de Botafogo 300, 4º e 10º andar, Botafogo.
- Oncoclínicas Faria Lima (São Paulo/SP): Avenida Brigadeiro Faria Lima 4.300, 10º andar, Itaim Bib.
- Oncoclínicas Ondina (Salvador/BA): Avenida Milton Santos 123, Ondina.
- Cancer Center Oncoclínicas Dana Farber Belo Horizonte (Belo Horizonte/MG): Rua Roma 561, Santa Lucia.
- Oncoclínicas Uberlândia (Uberlândia/MG): Rua Anselmo Alves dos Santos 900, Santa Mônica.
- ONCOSITE (Ijuí/RS): Rua São Cristóvão 618, Hammarstron.
- CECON Oncoclínicas – Enseada do Suá (Vitória/ES): Rua Manoel Feu Subtil 120, Edifício Fernando Pessoa, salas 201 e 203, Enseada do Suá.
- Oncoclínicas CPO Paraíba (João Pessoa/PB): Avenida Mato Grosso 183, Estados.
E-mail para contato: regulatorio.pesquisaclinica@oncoclinicas.com.