
O Dia Mundial da Tuberculose (24 de março) é uma oportunidade para reforçar a importância da disseminação de informações sobre transmissão, prevenção da doença e tratamento adequado.
No Brasil, segundo o Ministério da Saúde, cada paciente com tuberculose pulmonar que não se trata pode infectar, em média, de 10 a 15 pessoas por ano.
No Recife, em 2022, foram diagnosticados 1.962 novos casos da doença, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Desse total, apenas pouco mais da metade (57,5%) alcançaram a cura. Ou seja, 42,5% ainda não se recuperaram.
A taxa é abaixo do que pode ser atingido atualmente, já que cerca de 85% das pessoas que desenvolvem a doença, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), podem ser tratadas com sucesso com um regime de medicamentos de 6 meses.
"Os pacientes que apresentarem sintomas sugestivos da doença devem procurar uma unidade de saúde, para ser avaliado por um profissional e, se necessário, realizar a baciloscopia direta do escarro, que é o principal exame para diagnosticar a tuberculose", explica a coordenadora de Programa Municipal de Controle da Tuberculose do Recife, Monica Simplicio.
"Caso o diagnóstico de tuberculose seja confirmado, é preciso iniciar o tratamento o mais rápido possível", acrescenta.
No Recife, os pacientes que têm a necessidade de atendimento pelo pneumologista, a Secretaria Municipal de Saúde oferece com sete unidades de referência: nas Policlínicas Gouveia de Barros, na Boa Vista; Albert Sabin, na Tamarineira; Lessa de Andrade, na Madalena; Agamenon Magalhães, em Afogados; do Pina, no bairro de mesmo nome; Clementino Fraga, no Vasco da Gama; e no Centro de Saúde Romildo Gomes, na Imbiribeira.
O tratamento com antibiótico para os casos de pneumonia é disponibilizado exclusiva e gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), na unidade de saúde de referência do morador da cidade, e tem duração mínima de seis meses.
O diagnóstico é feito através do teste do escarro, em que é coletada amostra de secreção, mas também de forma clínica, pelos sinais e sintomas do paciente.
O QUE É TUBERCULOSE E COMO SE PEGA?
A infectologista Ana Carina Serfaty, no Hospital Geral de Carapicuíba, gerenciado pelo Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” (CEJAM) em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, ressalta que a tuberculose é uma doença infectocontagiosa transmitida de forma direta de pessoa a pessoa.
A transmissão da tuberculose acontece por micropartículas expelidas durante a fala, espirro ou tosse.
Ao inalar as micropartículas, o bacilo da microbactéria segue pelas vias áreas e atinge os pulmões, podendo atingir também outros órgãos, como rins, meninges e ossos.
A bactéria da tuberculose é a Mycobacterium tuberculosis. A doença pode ser causada, mais raramente, por outras espécies agentes, como Mycobacterium bovis, M. africanum e M. microti.
"A tuberculose é uma doença passível de prevenção e com tratamento eficaz e, ainda assim, segue como um grande problema de saúde pública. Em 2021, o Brasil realizou cerca de 82.680 notificações de novos casos e retratamento", destaca Ana Carina, com base em dados epidemiológicos do Ministério da Saúde.
O QUE A TUBERCULOSE PODE CAUSAR?
Os principais sintomas da tuberculose, de acordo com a infectologista, são tosse por mais de duas semanas (seja seca ou, em alguns casos, com catarro), febre baixa, sudorese, cansaço, dor no peito e perda de peso.
É recomendado que toda pessoa com sinais respiratórios por um período maior a duas semanas seja investigada por um profissional.
"Os adultos do sexo masculino são os mais acometidos. Mas vale ressaltar que é uma doença que atinge todas as faixas etárias. Em 2021, segundo relatório da OMS (Organização Mundial da Saúde), os homens representavam 56,5% da carga de tuberculose, enquanto as mulheres adultas, 32,5%, e as crianças, 11%", diz Ana Carina.
"Muitos casos novos da doença são atribuídos a alguns fatores de risco, como desnutrição, infecção por HIV e outras imunossupressões induzidas ou primárias, etilismo, uso de drogas ilícitas, condições socioeconômicas precárias, tabagismo, doença renal crônica dialítica e diabetes."
COMO SABER SE A GENTE ESTÁ COM TUBERCULOSE?
O diagnóstico da tuberculose é clínico (considera sinais e sintomas), laboratorial (através da análise de secreções corporais, sendo o escarro um exemplo) e por meio de exame de imagem radiológico ou tomográfico.
Quando necessário, pode-se utilizar outros exames auxiliares, como diagnóstico PPD, Igra, broncoscopia e biópsia pulmonar.
COMO SE PROTEGER DA TUBERCULOSE?
Para prevenção da tuberculose, a infectologista Ana Carina Serfaty reforça a importância da aplicação da vacina BCG em crianças, pois ela previne a forma mais grave da doença.
Já o contágio pode ser evitado com a orientação aos infectados para o seguimento adequado do tratamento, diagnóstico precoce e rastreio de contactantes, além de melhorias nas condições de vida da população. A tuberculose está associada a más condições socioeconômicas e sanitárias.
O tratamento é prolongado e pode durar de seis meses a um ano.
As medicações são fornecidas pelo Ministério da Saúde de forma gratuita, através do Sistema Único de Saúde (SUS).
"Existem diversas barreiras que comprometem a adesão ao tratamento da tuberculose. Entre elas, podemos citar o tempo prolongado, os eventos adversos que podem ocorrer durante a terapia, as mudanças de domicílios e a perda do seguimento ambulatorial", destaca Ana Carina.
Ela acrescenta que outros fatores estão também relacionados à má-adesão ao tratamento e podem favorecer o desenvolvimento da tuberculose multirresistente. "É uma forma da doença que não responde ao esquema terapêutico inicial", explica a infectologista.
MORTES POR TUBERCULOSE
A tuberculose continua sendo uma das doenças infecciosas mais mortais do mundo.
Todos os dias no mundo, mais de 4 mil pessoas morrem com tuberculose e cerca de 30 mil adoecem com essa doença evitável e curável.
