Tumulto na Câmara: Plenário se converte em "praça de guerra" e jornalistas são impedidos de registrar a ação

PEC da Segurança pode reduzir a maioridade penal de adolescentes; no Centrão, a recepção à candidatura de Flávio Bolsonaro não anima o pré-candidato

Por Romoaldo de Souza Publicado em 09/12/2025 às 21:01

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REDUÇÃO DA MAIORIDADE PENAL
O relatório do deputado Mendonça Filho (União Brasil-PE) discute uma medida para reduzir a maioridade penal, na PEC da Segurança, encaminhada ao Congresso pelo governo Lula da Silva (PT). O "jabuti" de Mendonça tem respaldo nos partidos de centro e de direita, mas a esquerda, contrária, sabe ser estridente.

VEJA BEM
A medida reduziria a maioridade penal de 18 para 16 anos. Para que a regra entrasse em vigor, seria realizado um referendo nacional nas eleições municipais de 2028. Essa nova pena seria imputada somente para crimes graves.

NA VOLTA A GENTE COMPRA
...Quem nunca? Mas o jeito "educado" do Centrão dizer não à candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), à Presidência da República, lembrou o pai de família que sai a passeio com o menino que se encanta com uma gravatinha na vitrine do magazine: "Filho, na volta a gente compra". O retorno é sempre pela outra rua.

OPERAÇÃO PARA SALVAR A VENEZUELA
Chanceleres do Mercosul, Brasil, Uruguai, Argentina e Paraguai, querem se antecipar aos acontecimentos envolvendo a presença de tropas dos Estados Unidos, no mar do Caribe, e planejar o retorno da Venezuela ao bloco. O país foi banido do Mercosul por "ruptura da ordem democrática", em agosto de 2017.

DOSIMETRIA EM DOSE DUPLA
A birra prossegue. Se na Câmara dos Deputados, o projeto de Paulinho da Força (Solidariedade-SP) só não passou pelo crivo dos governistas, no Senado, o presidente, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), se antecipou e - para cutucar o Planalto, afirmou que "na Casa o rito será acelerado".

DESESPERO TOTAL
Contando os votos, o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) chegou à conclusão de que não teria os votos necessários para impedir sua cassação. O que fez o deputado? Ocupou a cadeira de presidente da Câmara e deu um discurso. A maioria dos parlamentares se retirou do plenário, o som foi cortado e a TV Câmara cortou o sinal. A imprensa, a primeira vítima, foi impedida de cobrir a expulsão realizada por 12 agentes da Polícia Legislativa.

DOIS PESOS...
... Glauber Braga, que foi enquadrado depois de dar um pontapé em um manifestante dentro da Câmara e expulsá-lo aos sopapos, reclamou da ira de Hugo Motta (Republicanos-PB), presidente da Câmara, que resolveu puni-lo com a perda de mandato e oito anos de inelegibilidade, "mas não vai cassar Eduardo Bolsonaro (PL-SP) por falta". Nesse caso, o filho do ex-presidente poderá disputar as eleições de 2026. Glauber Braga, somente em 2034.

CERCEAMENTO DO TRABALHO JORNALÍSTICO
Em dura nota, as associações Brasileira de Emissoras de Rádio e TV (Abert), Nacional de Editores de Revistas (Aner) e Nacional de Jornais (ANJ) condenaram “com veemência” a ação policial que resultou no “cerceamento ao trabalho dos jornalistas”. A entidades afirmam, ainda, que “o corte do sinal da TV Câmara” é uma atitude incompatível “com o exercício da liberdade de imprensa”. Abert, Aner e ANJ cobraram “a apuração de responsabilidades, para que tais práticas de intimidação não se repitam e para que sejam preservados os princípios da Constituição brasileira, que veda explicitamente a censura”.

PENSE NISSO!

Um autor desconhecido disse, certa vez, que “na guerra, a primeira vítima é a verdade”. Na Câmara dos Deputados, a vítima é sempre a imprensa. Os episódios desta terça-feira mostraram que a Polícia Legislativa não poupou empurrões aos jornalistas credenciados, sob o pretexto de cumprir a ordem de evacuar o plenário da Casa.


No Parlamento brasileiro, cassar o mandato de Glauber Braga sempre foi uma questão de honra para seu desafeto mais contumaz: o deputado Arthur Lira (PP-AL), desde a época em que comandou a Câmara com mão pesada contra os adversários.


Por outro lado, não parece saudável que um parlamentar parta para os tapas com um manifestante — seja ele quem for. Resultado: a democracia sai arranhada.


Contudo, a ação truculenta da Polícia Legislativa, com a conivência do deputado e presidente da Câmara, Hugo Motta, mostra que Sua Excelência está longe de demonstrar preparo para exercer o cargo que seus pares lhe concederam. Até porque não é a primeira vez que os agentes policiais são truculentos com os jornalistas.
Pense nisso!

 

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