O "Efeito Gonet" preocupa o Planalto e fragiliza a rota de Jorge Messias rumo ao STF
Já está comprovado que governo e oposição recorrem às mesmas armaduras para blindar seus apaniguados. Enquanto isso a Polícia Federal avança
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SILÊNCIO NADA INOCENTE
Canção do Exílio, do maranhense Gonçalves Dias (1823–1864), nunca foi tão atual: “As aves que aqui gorjeiam não gorjeiam como lá.” Esse “aqui” é o lado da notícia. O “lá” é o governo. Nenhum pio por lá, mesmo após a prisão de Alessandro Stefanutto, ex-presidente do INSS, nomeado no governo do presidente Lula da Silva (PT), em julho de 2023.
ALIÁS…
Nem do Planalto, nem do Republicanos, muito menos do PSB. Na operação desta quinta-feira, a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão no gabinete do deputado federal Euclydes Pettersen (Republicanos–MG) e do deputado estadual Edson Cunha (PSB–MA).
AINDA TEM SUJEIRA
Quando conversei ontem, (13) com o presidente da CPMI do INSS, senador Carlos Viana (Podemos-MG), a primeira frase de efeito que ele soltou foi que a nova fase da operação Sem Desconto, da Polícia Federal, “ainda tem muita sujeita para varrer”. Como neste país a gente sabe para onde vai a maioria dessa sujeira, lembrei-me de Raul Santos Seixas (1945-1989) e de Dedé Caiano (1960-2003): “Varrendo lixo, prá debaixo do tapete, que é supostamente persa, prá alegria do ladrão”.
DIREITOS HUMANOS DA BANDIDAGEM
Na Câmara, o presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Reimont (PT–RJ), não gostou do que leu no relatório do deputado Guilherme Derrite (PP–SP), que incluiu no texto a proibição de visita íntima a presos condenados por integrar facções criminosas.
O FATOR GONET
De um lado, anima a oposição a rejeitar a possível indicação de Lula para o Supremo Tribunal Federal (STF), até aqui inclinada a recair sobre o advogado pernambucano Jorge Messias. De outro, deixa o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG) praticamente com a toga na mão. Paulo Gonet foi reconduzido ao cargo de procurador-geral da República com apenas quatro votos além do mínimo necessário, um placar apertado, sobretudo em se tratando de votação secreta.
QUEIMA DE CAPITAL POLÍTICO
A ministra Marina Silva, do Meio Ambiente, uma espécie de biombo onde o governo Lula tenta esconder suas negligências ambientais, deixou-se levar ontem pelo mote palaciano da “autodeterminação de cada povo” e completou: “Nesse sentido, somos todos solidários com qualquer um de nós que seja atacado em sua soberania”. Foi imediatamente recompensada com um afetuoso abraço do ministro do Ecossocialismo da Venezuela, Ricardo Molina, que estava sentado ao lado dela.
OUVIU-SE O RECADO
“Enquanto a CPMI do INSS blinda o irmão do presidente da República [Frei Chico] e o ex-ministro do governo Bolsonaro [José Carlos Oliveira], a Polícia Federal faz a investigação completa”.
PENSE NISSO!
É pura elucubração, mas passei a quinta-feira (13) imaginando como teria sido o Dia dos Pais na casa do ex-diretor de Benefícios e Relacionamento com o Cidadão do INSS, André Paulo Felix Fidelis. Ele é suspeito de ter recebido R$ 5 milhões por meio do escritório de advocacia do filho, Eric Fidelis Sociedade Individual de Advocacia.
— Papi, pingou!
— Êba, quanto?
— Já disse que, na hora do almoço, não é momento de falar de dinheiro!, gritou uma voz vinda da cozinha.
— E por que o senhor diz “êba”, pai, e não “oba”? Lá no escritório todo mundo fala “oba”!
— Assim como eu digo “êpa”, em vez de “opa”, uso “êba” quando as coisas estão mais pra cima, mais expansivas, filosofou o patriarca, enquanto erguia uma taça de espumante que havia recebido de presente de um amigo de Petrolina (PE).
Na CPMI, o pimpolho da família preferiu o silêncio. Não respondeu ao questionário do relator, Alfredo Gaspar (União Brasil-AL), nem esboçou nenhuma reação quando foi informado pelo presidente da comissão que o pai tinha sido preso na operação Sem Desconto.
Possivelmente pensando que, naquela hora, não era momento nem para “oba” nem “êba”. Soltou um palavrão baixinho.
Pense nisso!