Julgamento do que se convencionou chamar de ‘trama golpista’ deixa país em estado de alerta

E a "taxa das blusinhas" que provocou recuo na economia! E a praça dos Três Poderes que aos poucos vai deixando de ser a praça do povo

Por Romoaldo de Souza Publicado em 01/09/2025 às 20:22

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PERGUNTA LAICA
Se a suposta minuta do golpe não foi, efetivamente, concretizada, e o fator motivador do julgamento que começa nesta terça-feira (2), no Supremo Tribunal Federal (STF), foi o vandalismo no Congresso Nacional, no Palácio do Planalto e na sede do Judiciário, em 8 de janeiro de 2023, por que o ministro Alexandre de Moraes quer enjaular os acusados por até 12 anos por algo que não saiu do papel?

MANIFESTO COMUNISTA
Por que ninguém pensou nisso antes? Reação mais próxima da chacota à proposta da deputada Júlia Zanatta (PL-SC) de extinguir o Imposto de Renda, que representa 27% aproximadamente da receita tributária. A deputada argumentou que a criação de um imposto de renda “também foi defendida por Karl Marx (1818-1883) e Friedrick Engels (1820-1895), quando publicaram, em 1848, o Manifesto Comunista, pregando abertamente o fim da propriedade privada”.

CAFEOMANCIA
Não foi preciso fazer como fazem os ciganos da Romênia, que interpretam o futuro lendo a borra de café que sobrou no fundo da xícara. A “taxa das blusinhas” — engenharia econômica arquitetada pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad — deu no que deu: queda de 35% nos pedidos de produtos importados.

MENOS LIKE…
…mais investigação. Essa foi a orientação do PSB ao deputado Duarte Jr, vice-presidente da CPMI do INSS. O parlamentar maranhense disse à coluna que o objetivo “mais importante” é garantir que os recursos desviados voltem para a conta dos aposentados e pensionistas, e que eles tenham confiança na Previdência Social.

BRICS VIRTUAL
O presidente Lula da Silva (PT) tem dado telefonemas aos seus pares, articulando uma reunião virtual para discutir o tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

MEIA-FOLGA
Os senadores não precisarão bater o ponto em Brasília, nesta semana. A decisão é do presidente da Casa, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). Um dos motivos alegados é o acompanhamento do julgado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

‘SERENO’
Pelo que disse a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), Bolsonaro está “sereno”. Em prisão domiciliar, o ex-presidente foi quem convidou a senadora para “dar um abraço”. Damares anunciou que está tratando de um câncer. “Oramos juntos”.

A PEDIDO
O ex-presidente da Câmara dos Deputados Arthur Lira (PL) se antecipou e foi ao STF pedir autorização para encontro com Bolsonaro antes do julgamento.

PENSE NISSO!
O Brasil é um país com medo. Narrativas de inclusão acabam por excluir e, por vezes, cancelam quem ousa pensar diferente.

O Parlamento — ato de falar, na raiz francesa de Victor Hugo (1802-1885) — virou um disse me disse digno dos tempos da colunista Candinha. É a trupe de maquiadores de uma deputada, a gravata borboleta de um deputado que, aos poucos, vai se efeminando. Substancialmente, há poucos debates, para não ferir suscetibilidades ideológicas.

Com um Judiciário engajado até a medula, ouvem-se menos argumentos baseados em Pontes de Mirante (1892-1979) e Clóvis Beviláqua (1859-1944), e mais “tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito” — seja lá o que isso, de fato, tem de significando.

Não a toa, nesta segunda-feira (1º), a praça dos Três Poderes estava cercada de cavaletes, grades, cones, policiais e alguns pombos atrevidos.

“O povo está com medo, meu filho. Vai que vem uma ordem lá de dentro e quem estiver aqui, do lado de fora, com um vela acesa, também se torne cúmplice”.

O Brasil precisa de mais Castro Alves (1847-1871): “A praça é do povo. Como o céu é do condor. É o antro onde a liberdade cria águias em seu calor”.

Pense nisso!

 

 

 

 

 

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