
Mas, afinal, quem é a ministra do Turismo que adora dar chá de cadeira em políticos do Congresso Nacional, em governadores e prefeitos? As reclamações sobre essas atitudes de Daniela Moté de Souza Carneiro, mais conhecida por Daniela do Waguinho, chegaram até os ouvidos do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que, por duas vezes, recomendou que ela tratasse os políticos “com afago”. Segundo Lula, “eles gostam de afago, de ser bem tratado. Tem dinheiro, libera, não deixa um prefeitO, uma prefeita, ou um governador, uma governadora esperando muito não. Se tem, libera. Se não tem pede um tempo”, recomentou o presidente.
Parece tarde. A mulher do prefeito de Belford Roxo (RJ) carrega, no nome político, o apelido do marido - embora no ministério goste de ser chamada de Daniela Carneiro - agora está sem legenda e deve ficar sem o ministério nos próximos dias. A pedra cantada no Palácio do Planalto é de que após a reunião ministerial desta quinta-feira (14), Daniela Carneiro volte a ser chamada de Daniela do Waguinho, reassuma seu mandato na Câmara enquanto aguarda a janela partidária para se filiar a outro partido. Possivelmente o MDB ou o Republicanos. Nas eleições de 2022, a pedagoga recebeu mais de 200 mil votos, pelo União Brasil. “Espero que ela volte logo para mostrar sua importância de ter saído de uma região de reduto bolsonarista, trabalhamos para eleger Lula presidente e, agora, estamos pagando um preço muito caro por isso”, disse o prefeito.
BOLSONARO RECLAMA DO “CUBÍCULO” EM QUE MORA E ATÉ DO RETORNO NA VIA PERTO DE CASA
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) “tem reclamado muito ultimamente”, segundo confidenciou um aliado muito próximo. “Reclama do trânsito, do espaço apertado em casa, da falta de apoio nas redes sociais”.
Bolsonaro mora no bairro Jardim Botânico, um dos mais arborizados de Brasília, distante 17km do Palácio do Planalto, onde durante quatro anos deu expediente. Àquela época, Bolsonaro andava pela cidade com batedores. O comboio presidencial não parava em sinal fechado, não respeitada faixa de pedestre, não tinha problemas para estacionar. Agora, não. Agora os dois carros que o acompanha não têm placa oficial, não usam sirene. Enfrentam engarrafamentos, embora sejam pagos pelo contribuinte.
O ex-presidente não paga aluguel nem condomínio. O PL arca com as despesas mensais que chegam a R$ 13 mil. A casa de quase 400 metros quadrados construídos não tem espaço suficiente para amplas reuniões. “Teve um dia que chegaram umas convidadas da Michelle Bolsonaro, e o [ex]presidente reunido em outro grupo na sala. Foi total incômodo”, conta um frequentador assíduo da mansão. A ex-primeira-dama atualmente é presidente do PL Mulher e tem feito reuniões semanais em casa.
Outro dia, Bolsonaro chegou a pedir a um graduado funcionário do Governo do Distrito Federal para encurtar o caminho de casa. Dependendo da hora, ele fica preso no congestionamento, nas proximidades da ponte JK. “Pelo menos coloca um retorno no meio do caminho, ali pertinho da entrada do condomínio”. Bolsonaro recebeu um não. O GDF iniciou nesta semana uma grande obra no Jardim Botânico. O ex-presidente vai passar mais horas preso nos engarrafamentos, pelos próximos dois anos.
“PADILHANDO” POR AÍ VIROU SINAL DE “BEIJA-MÃO” NO CONGRESSO
Desde julho de 2009, quando o médico Alexandre Padilha ingresso no Twitter, para divulgar o link de um escrito seu “Vetores da Malária em duas Reservas Indígenas da Amazônia Brasileira”, ele adotou como usuário o @padilhando.
Agora, como ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha tem sido o “saco de pancada” do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL); e, de líderes partidários, incluindo do próprio partido, o PT. “A articulação política do governo? Ela simplesmente, não existe”, reclamou Lira, recentemente. “É algo que precisa ser corrigido. O presidente Lula tem que assumir as rédeas porque só um articulador não dá conta do recado, não”, disse Zeca Dirceu (PR), líder do PT.
Nesta terça-feira, enquanto tentava entender a desarticulada base aliada, de gabinete em gabinete, Alexandre Padilha visitava, na Câmara e no Senado, líderes dos principais partidos. “Olha lá, Padilha fazendo o que sabe fazer: ‘Padilhar’”, disse Lincoln Portela (PL-MG).
CPMI “AMARELA” E POUPA GENERAL, AMIGO DE LULA
No mesmo dia em que a maioria governista na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) aprovou a convocação do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Augusto Heleno, do ex-ministro da Justiça Anderson Torres, do tenente-coronel Mauro Cid, e do ex-ministro da Defesa Braga Netto, todos eles integrantes do primeiro escalão do governo Bolsonaro, essa mesma maioria rejeitou a convocação do ex-ministro do GSI general Gonçalves Dias e o convite ao ministro da Justiça, Flávio Dino.
“Nós não teremos problemas em ouvir Dino e o general Dias. Agora, o processo golpista teve uma ordem cronológica, inaugurada dia 30 de outubro. Vamos seguir a ordem cronológica. No momento oportuno, concluso a 1ª parte do programa da relatora, que é até 17 de julho, julgaremos e avaliaremos a pertinência de ouvir tanto o senhor Gonçalves Dino quanto o ministro Dino”, disse o senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), líder do governo no Congresso Nacional.
“São dois pesos e duas medidas. Quer dizer que o general Heleno, que chefiou o GSI até 31 de dezembro, portanto oito dias antes dos acontecimentos do 8 de janeiro e foi convocado? Já o general Gonçalves Dias, que durante os tumultos estava dentro do gabinete do presidente da República, e não tomou nenhum atitude, e esse não foi convocado. Os governistas amarelaram”, disse o Delegado Ramagem (PL-RJ.