Metrô do Recife: Sistema volta a ter redução de operação para fazer mais troca de trilhos
Ramal Jaboatão, da Linha Centro, passará a operar em via singela (única), de segunda à sexta, após o horário das 20h30, e por tempo indeterminado
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O Metrô do Recife voltará a ter a operação reduzida para tentar correr contra o tempo e fazer manutenção da sua linha férrea, que - acreditem - nunca tinha passado por uma troca de trilhos como agora. Por isso e por um tempo ainda indeterminado, o Ramal Jaboatão da Linha Centro do metrô vai operar em via singela (única, passando um trem por vez) a partir desta segunda-feira (13/10).
Segundo a Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a operação será sempre de segunda à sexta, após o horário das 20h30, quando a demanda de passageiros no sistema reduz. E é possível que ocorram atrasos pontuais na circulação dos trens durante a fase de obras. Apesar de não dar uma previsão de conclusão, a CBTU reforçou que o serviço vai proporcionar mais segurança na operação, além de uma possível redução no tempo das viagens no ramal após a conclusão.
METRÔ SEM OPERAÇÃO AOS DOMINGOS HÁ MAIS DE UM ANO
A redução de operação se soma à paralisação do sistema aos domingos desde setembro de 2024, também para fazer a troca de trilhos no metrô. A paralisação aos domingos permite a realização de manutenção corretiva da via e todos os demais sistemas das linhas eletrificadas do metrô - as Linhas Centro e Sul. Por este motivo, não é realizada a operação comercial.
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E, assim como a manutenção que terá início no Ramal Jaboatão, não existe prazo para a conclusão dos serviços - pelo menos por enquanto. Será, inclusive, a primeira ação concreta de investimento no sistema metropolitano, que há quase dez anos vem sobrevivendo com pouco mais de 50% dos recursos necessários para bancar o custeio, ou seja, a operação básica, sem qualquer investimento. Com a garantia de R$ 136 milhões pelo Novo PAC Seleções (Plano de Aceleração do Crescimento), a troca de dormentes e trilhos prevista no projeto aprovado irá começar.
A CBTU já vinha fazendo a substituição de alguns pontos, mas sem recursos robustos. Com a certeza do dinheiro do PAC, resolveu acelerar a manutenção.
SISTEMA EM CRISE PERMANENTE E FUTURO INCERTO
A atual situação do Metrô do Recife é classificada como crítica pelos gestores e trabalhadores. A última grande injeção de recursos ocorreu há mais de 10 anos, com a finalização da Linha Sul. Hoje, o sistema opera com grandes restrições, prezando unicamente pela segurança operacional.
A frota é descrita como sucateada. Apenas a aquisição de uma nova frota está estimada em R$1,4 bilhão, demandando cerca de três anos para o início da entrega dos primeiros trens. Além disso, a rede aérea, responsável pela alimentação elétrica dos trens, possui 40 anos e é frequentemente a causa de paralisações longas.
Por falta de investimentos e corte até mesmo nos recursos de custeio, atualmente o passageiro do metrô (180 mil pessoas por dia, vale destacar) está levando 1h para fazer um percurso que era feito em, no máximo, 26 minutos. Isso no deslocamento dos dois ramais da Linha Centro do metrô (a maior) - Jaboatão e Camaragibe - até o Centro do Recife.
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Além de um aumento do tempo de viagem, o passageiro está enfrentando intervalos desumanos e inadmissíveis para um transporte sobre trilhos - de 13/14 minutos nos horários de pico e de até 20 minutos nos horários de vale -, a paralisação há mais de um ano da operação aos domingos; trens superlotados e quentes; e quebras praticamente semanais e há muitos anos. E paga caro por isso, vale destacar: uma tarifa de R$ 4,25.
A situação financeira do sistema metropolitano segue crítica. Quando tudo dá certo, a operação diária do metrô está sendo feita com no máximo 15 trens nas duas linhas elétricas: Centro e Sul. Sendo 5 trens na Linha Sul e 10 trens na Linha Centro. O orçamento também continua insuficiente.
Segundo a CBTU, o déficit do orçamento de custeio do Metrô do Recife para 2025 estava em R$ 22 milhões em setembro/25, e não foi maior porque a CBTU conseguiu, após muita pressão e notificações oficiais ao Ministério das Cidades, alocar mais dinheiro ao longo do ano. Em 2024, o metrô teve um orçamento de R$ 126 milhões e iniciou 2025 com apenas R$ 90 milhões previstos.