Brasileira está entre as vítimas de atropelamento coletivo no Canadá, que deixou 11 mortos e mais de 30 feridos

Com Agência Brasil e outras agências

Uma brasileira está entre as 11 pessoas mortas no atropelamento coletivo provocado por um motorista imprudente em Vancouver, no Canadá, que ainda deixou mais de 30 feridos na madrugada de sábado para domingo (27/4). É a  brasileira Kira Salim, de 34 anos, que residia no País desde 2022.

Kira Salim nasceu no Rio de Janeiro e era filha de uma argentina e gaúcho. Era formada em música pela UniRio e tinha mestrado na Espanha. A mudança para o Canadá aconteceu para acompanhar o marido. A musicista tinha registro de conselheira clínica e, desde 2024, atuava como conselheira escolar na Fraser River Middle School, cidade localizada em New Westminster.

Nas redes sociais, Kira se apresentava como uma profissional dedicada à saúde mental, com experiência em ambientes educacionais, atuando tanto como educadora quanto como prestadora de serviços de apoio psicológico.

"Minha missão pessoal é facilitar e orientar jovens e comunidades marginalizadas para que prosperem em suas vidas, ao mesmo tempo em que crio um ambiente diverso e equitativo que valoriza diferentes talentos e personalidades, oferecendo soluções personalizadas e inovadoras para apoiar as pacientes", escreveu na rede social.

Também de acordo com as redes sociais da jovem, ela era apaixonada por animais e fez questão de levar seus bichos de estimação ao se mudar para o Canadá. Costumava compartilhava momentos ao lado deles, demonstrando o carinho e a importância que tinham em sua vida.

E ainda ministrou aulas de banda, coral e música geral em turmas multiníveis e desenvolveu programas de apoio emocional para estudantes neurodivergentes e com deficiência. Além de liderar grupos de apoio a jovens LGBTQIA+ e organizado eventos escolares.

COMO ACONTECEU O ATROPELAMENTO COLETIVO

O motorista, Kai-Ji Adam Lo, 30 anos, tem antecedentes policiais e problemas de saúde mental, segundo autoridades policiais canadenses. O motorista teria jogado o carro em alta velocidade contra bancas de comida durante o festival filipino Lapu Lapu Day, que costuma atrair multidões. O atropelamento coletivo aconteceu na noite de sábado (26) por volta das 20h, no horário local – zero hora de domingo, no horário de Brasília.

Testemunha do crime, Dale Selipe disse ao jornal Vancouver Sun que viu crianças feridas na rua depois que o veículo atingiu a multidão. "Havia uma senhora olhando para cima, uma de suas pernas estava quebrada. Outra pessoa segurava a mão dela tentando consolá-la."

O primeiro-ministro Mark Carney escreveu nas redes sociais que estava devastado pelos "acontecimentos horríveis". "Ofereço minhas mais profundas condolências aos entes queridos dos mortos e feridos, à comunidade filipino-canadense e a todos em Vancouver. Todos estamos de luto com vocês", disse.

MOTORISTA INDICIADO POR VÁRIOS HOMICÍDIOS

Kai-Ji Adam Lo foi indiciado por oito acusações de homicídio de segundo grau em uma aparição em vídeo perante um juiz ainda no domingo, horas depois de ser preso no local, disse Damienne Darby, porta-voz do Ministério Público da Colúmbia Britânica. Lo não se declarou culpado. Os investigadores disseram que mais acusações são possíveis. Os mortos tinham entre 5 anos e 65 anos de idade.

A tragédia lembrou um ataque ocorrido em 2018, quando um homem usou uma van para matar 10 pedestres em Toronto.

ATO TERRORISTA DESCARTADO

De acordo com o primeiro-ministro do Canadá, Mark Carney, não há qualquer "ameaça ativa aos canadenses", o que levou a polícia a descartar, pelo menos inicialmente, alguma relação entre Kai-Ji Adam Lo e grupos terroristas.

Em Brasília, o Itamaraty informou ter recebido "com profunda tristeza e consternação", a notícia do incidente ocorrido durante as celebrações do festival filipino Lapu Lapu Day. Em nota, expressou "profundas condolências às famílias das vítimas" e desejou "rápida e plena recuperação" a todos os feridos.