Ciclovias: menos de 2% da população brasileira reside em ruas com infraestrutura para bicicleta
Censo 2022, divulgado pelo IBGE, constatou que apenas 1,9% da população urbana brasileira mora em ruas com ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas

Apesar da crise climática mundial e dos discursos políticos sustentáveis, o Brasil continua ignorando a força da mobilidade ativa e o brasileiro segue sofrendo para conseguir usar a bicicleta como transporte. Menos de 2% da população brasileira reside em ruas e avenidas que têm algum tipo de infraestrutura para pedalar, sejam ciclovias, ciclofaixas ou até mesmo ciclorrotas, que na prática pouca segurança oferecem ao ciclista.
É importante destacar que a infraestrutura ciclável é o principal requisito para estimular o pedalar, seja como lazer, ou ainda mais como modal de transporte. Diversas pesquisas do setor já apontaram que as pessoas não pedalam mais por medo de circular no trânsito, junto a carros, motos e, principalmente, ônibus e caminhões. As ciclovias e ciclofaixas estão diretamente ligadas à segurança no trânsito.
Dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) no dia 17/4, mostraram que a população urbana que mora em ruas com sinalização para transporte de bicicletas não chega a 1,9%. Em números absolutos, significa dizer que apenas 3,3 milhões de moradores das cidades urbanas de todo o País contam com ciclovias, ciclofaixas ou ciclorrotas no entorno de suas residências, seja na frente ou do outro lado da rua, em todo o País.
“De forma geral, os percentuais de moradores residindo em vias com sinalização para bicicletas foram significativamente baixos, revelando que a infraestrutura das vias no País ainda é muito direcionada para veículos automotores”, analisa Jaison Cervi, Gerente de Pesquisas e Classificações Territoriais.
MAIS DA METADE DOS MUNICÍPIOS BRASILEIROS NÃO TÊM QUALQUER INFRAESTRUTURA PARA A BICICLETA


A omissão dos prefeitos, governadores e gestores públicos em relação à infraestrutura ciclável não para por aí. Os dados do IBGE, que fazem parte do conjunto de características urbanísticas do entorno dos domicílios, mostram que a existência de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas não foi sequer registrada em 3.012 municípios do País, o que representa mais da metade das cidades brasileiras (5.570).
E quando o recorte é feito por regiões, o Sul se destaca, deixando o Nordeste para trás. As cinco concentrações urbanas com a maior proporção de moradores em ruas e avenidas com algum tipo de sinalização para bicicletas estão todas no estado de Santa Catarina: Joinville (11,2%), Jaraguá do Sul (9,8%), Itajaí-Balneário Camboriú (7,2%), Florianópolis (7,1%) e Blumenau (6,8%). Segundo o IBGE, as concentrações urbanas são municípios isolados ou arranjos populacionais que tenham mais de 100 mil habitantes.
Comparando entre municípios com mais de 100 mil habitantes, Balneário Camboriú (SC) lidera na proporção de pessoas com sinalização em suas ruas, com 14% de seus 138.653 residentes. São Paulo chega a 3,7% de seus moradores, ou 422.492 deles, em vias com essa estrutura. Já no total de municípios, a pequena cidade catarinense de Abdon Batista, com 1.171 residentes, tem um terço deles morando em ruas sinalizadas.
Entre as unidades da federação, o índice mais elevado alcançou 5,2% em Santa Catarina, seguido de estados de todas as regiões do país como Distrito Federal (4,1%), Ceará (3,2%), Amapá (3,1%) e Rio de Janeiro (2,5%), revelando uma diversidade de padrões no território. O menor percentual levantado pertence ao Maranhão e Amazonas, ambos com 0,5%.