
A desativação do sistema de orientação de pousos do Aeroporto Internacional do Recife, que já provocou o desvio de pelo menos 23 voos devido às chuvas e prejudicou centenas de passageiros, segue. Por isso, caso chova muito, o risco de mais voos terem que arremeter e serem desviados para outros aeroportos da região continua.
Depois de a Aena Brasil, concessionária que administra o terminal de passageiros, divulgar uma nota de apenas duas linhas se eximindo da responsabilidade sobre o religamento do sistema, a Força Aérea Brasileira (FAB) se posicionou condicionando o religamento do equipamento às obras que estão sendo executadas na pista.
O equipamento em questão é o Sistema de Pouso por Instrumento (Instrument Landing System - ILS), um dispositivo fundamental para auxiliar os pilotos até obterem contato visual com a pista de pouso.
Esse contato visual só seria possível a partir dos 200 pés de altura (o equivalente a 61 metros de altura). Até chegar a esse patamar, só é possível realizar o procedimento de pouso com o ILS.
Segundo a denúncia feita ao JC, sem conseguir realizar a aterrissagem em dias de chuva, já que não têm a orientação do equipamento, os pilotos precisam arremeter as aeronaves e seguir para outros aeroportos da região - como aconteceu na quarta-feira (14/6).
Para quem não sabe, arremeter é um procedimento no qual o piloto de uma aeronave retoma o voo depois de falhas no processo de pouso ou quando o piloto não tem referência visual da pista. A arremetida pode ocorrer ainda em voo, durante a reta final ou após a aeronave ter "tocado" a pista. E, geralmente, assusta os passageiros.
SEGURANÇA NOS POUSOS É GARANTIDA
Embora seja decorrente das obras previstas no contrato de concessão e, principalmente, das alterações na pista (como o deslocamento das cabeceiras para implantação das áreas de segurança de fim de pista, chamada de RESA - Runway End Safety Area), a responsabilidade pelo equipamento e sua manutenção são dos órgãos de navegação aérea, no caso, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA) da FAB.
Pilotos alegam que essas obras de infraestrutura, embora importantes, poderiam ter sido antecipadas ou adiadas para um período de sol, quando o uso do ILS não fosse tão imprescindível - BOBBY FABISAK/JC IMAGEM
Na nota, a FAB explica que o desligamento foi feito por segurança, mas deixa claro que o ILS só poderá ser religado após a conclusão das obras, que segundo a denúncia feita ao JC acontecerá no dia 29 de julho. E que a realocação é responsabilidade da concessionária - no caso a Aena. A FAB também garante que a segurança para pousos no aeroporto está mantida com procedimentos de aproximação por instrumentos que direcionam a aeronave com segurança para o rumo da pista.
Confira a nota da FAB na íntegra:
“Com o objetivo de manter a segurança da operação, o ILS (Instrument Landing System) do aeroporto em questão está inoperante. Após a implantação de uma área de segurança de fim de pista (Runway End Safety Area), foi necessário modificar a posição da cabeceira da pista de pouso e, com isso, realizar adaptações no ILS instalado.
Durante este processo, é preciso manter o auxílio à navegação aérea Glide Slope desligado até que seja concluída a reinstalação na nova posição da cabeceira de pista, já que o equipamento é responsável por oferecer uma rampa eletrônica para a aeronave durante a fase final do pouso.
No que se refere à Segurança Operacional, o equipamento só poderá ser colocado em operação após o cumprimento de todos os itens previstos nas legislações referentes ao Plano de Proteção do Aeródromo e demais auxílios e Sistema de Pouso por Instrumentos.
A responsabilidade pela realocação do ILS é da concessionária do aeroporto, sob a supervisão do CINDACTA III (Terceiro Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo). Todo o processo de homologação é feito atendendo aos parâmetros de segurança previstos no MCA 63-4 - Homologação, Ativação e Desativação no âmbito do SISCEAB (Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro).
Na indisponibilidade do ILS, o aeródromo de Recife dispõe dos procedimentos de aproximação por instrumentos VOR (Very High Frequency Omnidirectional Range), procedimento balizado por uma antena no solo, e RNP (Required Navigation Performance), este balizado por GPS. Ambos os procedimentos por instrumentos direcionam a aeronave com segurança para o rumo da pista”.