O futuro de Itamaracá: ilha quer ser "principal destino turístico do Nordeste" com novos investimentos imobiliários

Itamaracá, em Tupi Guarani, quer dizer pedra que canta, e foi nos versos de músicas de artistas como Reginaldo Rossi e Lia que a “ilha mágica” despertou nos ouvidos não só dos pernambucanos a curiosidade de conhecer o lugar. Principal destino de veraneio de Pernambuco antes do desenvolvimento de Porto de Galinhas e do Litoral Sul, a ilha sofreu um intenso processo de abandono e, agora, dá mais um passo para reestruturação do seu potencial imobiliário e turístico. O início da desativação de unidades prisionais na região, demandado há anos, e anunciado na última semana, abre espaço para continuidade de um plano que dá conta da atração de hotéis e pousadas, nova infraestrutura de serviços e um plano diretor que possa devolver a grandiosidade de um dos principais cartões-portais litorâneos do Nordeste no início da década de 90.

Para o diretor executivo do trade turístico do Litoral Norte, Avelar Loureiro Filho, a desativação de penitenciárias significa mais uma etapa concluída dentro de um projeto maior para Itamaracá, Igarassu, Paulista e municípios limítrofes.

“Esse movimento (saída das penitenciárias) é mais um dos que nos levam ao processo para reverter o quadro da ilha. Aos pouquinhos vamos recuperando. Não foi da noite para o dia que entrou em decadência, e também não vamos reverter assim, mas demos passos importantes”, destaca o empresário.

NOVA REALIDADE PARA A ILHA PASSA POR VILA VELHA

A estruturação de serviços e acessos, aliás, é mais um dos desafios a serem vencidos em Itamaracá. Para a chegada de novos empreendimentos imobiliários e turísticos ao município é aguardada a confecção de um Plano Diretor, que regulamente os modelos construtivos possíveis à região e defina quais as regras para que os construtores possam investir na cidade.

“Pela própria característica da ilha, não pode ter empreendimentos de grande impacto, então acreditamos no potencial de empreendimentos mais sofisticados e de porte razoável”, revela Avelar.

Nos próximos anos, turistas e moradores de Itamaracá deverão olhar com novos olhos para Vila Velha, região que engloba os povoados de Fazendas Nossa Senhora da Conceição, Salinas e São Judas Tadeu; e os Sítios Carmelo, Joque e Paripede.

Vila Velha está protegida pelo Estado de Pernambuco por meio da Lei de Tombamento nº 17.181, de 19 de março de 2021 e do Decreto nº 50.528, de 12 de abril de 2021, constituindo Sítio Arqueológico e está inserida na Área de Proteção Ambiental de Santa Cruz e desponta como o novo polo turístico a ser desbravado no litoral norte.

“A área de Vila Velha, que também chamamos de parte alta de Itamaracá, que dá visão para a Coroa do Avião (em Igarassu), é uma área muito bonita e que vislumbramos a construção de pousadas de charme (pequenos empreendimentos que combinam o respeito às tradições locais e ao meio-ambiente com sofisticação e conforto para os turistas)”, sinaliza o diretor executivo do trade turístico do Litoral Norte.

Empreendedores querem aproveitar uma área de 600 hectares disponíveis na região para consolidar a construção dos empreendimentos hoteleiros, garantindo acesso a uma espécie de hub turístico que une Itamaracá, Igarassu e Paulista por meio do mar.

“Itamaracá, para o lado de Vila Velha, tem potencial de se tornar o principal destino turístico do Nordeste nas próximas décadas, e o melhor é que estamos buscando isso de forma planejada. Estamos entrando em mais uma etapa do caminho de consolidação desse projeto”, celebra Avelar Loureiro.

Recentemente, o governo do Estado já anunciou aporte de R$ 1,3 milhão para recuperação da Ponte de Vila Velha, na Trilha dos Holandeses. A obra soma-se à recuperação da PE-001, com um investimento de R$ 9 milhões, que dá acesso ao Forte Orange e a PE-035, que chega ao Pilar, e tem aporte de R$ 25 milhões.

POTENCIAL DE TODO O LITORAL NORTE

Do ramo imobiliário, Avelar acredita no potencial da ilha e de todo o Litoral Norte para atração de resorts, hotéis e pousadas que já começam a tirar do papel seus planejamentos para a região. Na estimativa do trade, em uma década, R$ 10 bilhões podem ser aportados em investimentos que irão garantir a atração de mais turistas e o redescobrimento de uma área com um rico acervo histórico, ambiental e áreas para veraneio.

“A Ilha de Itamaracá está para um segundo momento de investimentos. Inicialmente, Paulista (Maria Farinha) e Igarassu (região de Nova Cruz) já estão próximas da finalização dos licenciamentos de novos empreendimentos âncoras. Acreditamos que os lançamentos dos primeiros grandes empreendimentos devem sair até 2026”, adianta Avelar, sem dar mais detalhes dos projetos.

As duas cidades vizinhas à Itamaracá devem receber resorts de grande porte, voltados para média densidade em Nova Cruz e alta densidade em Maria Farinha, que já possui mais infraestrutura. Outro investimento esperado na região é a requalificação da Coroa do Avião, em vias de receber ordem de serviço para as obras.

OS DADOS DE ITAMARACÁ

• Em 2022, a população era de 24.540 habitantes e a densidade demográfica era de 371 habitantes por quilômetro quadrado.
  
• Na comparação com outros municípios do Estado, ficava nas posições 79 (habitantes) e 15 (densidade demográfica) de 185.
  
• 66,146 km² de área total
  
• 12,20 km² de área urbanizada
  
• 0,2 % de vias públicas urbanizadas