Das fogueiras ao fogo das palavras
Bienal Internacional do Livro do Ceará chega à 15ª edição e começa na próxima sexta, destacando a participação das mulheres na literatura

Com dez dias de atrações em torno do livro e da leitura, a 15ª edição da Bienal Internacional do Livro do Ceará tem início esta semana, e vai de 4 a 13 de abril, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza. O tema é “Das fogueiras ao fogo das palavras: mulheres, resistência e literatura”. A abertura da feira será na sexta, às 9h da manhã. Um cortejo com cordelistas e cantadores marcará a festa às 7 da noite, seguido pela solenidade às 20h e do show “Também guardamos pedras aqui”, com Luiza Romão, às 21h.
O encontro de estrelas do mercado editorial brasileiro – como Aline Bei, Airton Souza, Jeferson Tenório, Micheliny Verunschk e outras – com escritores e escritoras do estado e da região, proporcionam ao público mais uma rica oportunidade de contato com a natureza da criação literária e seus desdobramentos na cultura, na educação e em diversas áreas e atividades humanas. Entre os temas dos debates, os convidados irão tratar de questões como ancestralidade e literatura indígena, negritude e masculinidade na ficção brasileira, os blogs literários e o jornalismo, a responsabilidade do Estado na formação de leitores, e muitos outros. Haverá encontros de clubes de leitura, oficinas, palestras, sessões de autógrafos e atividades culturais variadas, celebrando a proximidade da literatura com outras manifestações artísticas.
A curadoria totalmente feminina é composta pelas escritoras Sarah Diva Ipiranga, Nina Rizzi, Amara Moira e Trudruá Dorrico, sob a coordenação geral de Maura Isidório, orientadora da Célula de Livro, Leitura e Literatura (Celiv) e coordenadora de Formação, Livro e Leitura (CCFOL) da Secretaria da Cultura do Ceará. O protagonismo das mulheres avança no cenário nacional, com escritoras, editoras e livreiras aparecendo cada vez mais para um universo dominante de leitoras no país. O tema pertinente da Bienal do Livro do Ceará lança luz sobre essa realidade, e pode ampliar a atenção da população para a importância da presença feminina na criação e na difusão da literatura.
Luto na ABL e na APL
A Academia Brasileira de Letras (ABL) perdeu dois de seus membros, em intervalo de poucos dias. A paulista Heloisa Teixeira e o pernambucano Marcos Vinicios Vilaça deixaram o nosso convívio, ambos aos 85 anos. Vilaça também era da Academia Pernambucana de Letras (APL).
Heloísa Teixeira
Referência do feminismo nacional e da cultura das periferias, antes conhecida como Heloisa Buarque de Hollanda, a crítica literária e pesquisadora Heloisa Teixeira era a décima mulher em uma cadeira na ABL, sucedendo desde o ano passado a escritora Nélida Piñon.
Marcos Vilaça
Ex-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), o escritor, professor e advogado Marcos Vinicios Vilaça estava na ABL há 40 anos, sucedendo o também pernambucano Mauro Mota. Um dos mais respeitados intelectuais do país, Vilaça deixa um legado de quase 80 obras, com vários livros traduzidos para outros países. Nas duas vezes em que presidiu a ABL, notabilizou-se pelo trabalho de divulgação das atividades culturais da entidade.
Jabuti 2025
As novidades para a 67ª edição do Prêmio Jabuti, o mais prestigiado do mercado editorial brasileiro, promovido pela Câmara Brasileira do Livro (CBL), foram divulgadas na última quinta. Haverá uma categoria especial em homenagem ao Rio de Janeiro, capital mundial do livro este ano. O vencedor do Livro do Ano receberá como parte da premiação uma viagem para a Feira do Livro de Londres, em 2026. As inscrições para os interessados já estão abertas, e podem ser feitas até 15 de maio. Regulamento completo e outras informações no site www.premiojabuti.com.br.
Chamada de poesia
O selo Auroras da Litteralux abriu chamada para o recebimento de originais de poesia, para livros inéditos escritos por mulheres de qualquer lugar do Brasil. De acordo com a editora Dani Costa Russo, todas que enviarem originais receberão resposta. O envio pode ser feito até às 23h do dia 23 de abril. Mais informações no Instagram @seloauroras.
A invenção de Fernando Pessoa
O pernambucano Túlio Velho Barreto tem participação garantida, mais uma vez, na Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), este ano. O escritor e cientista social foi o vencedor do Prêmio Off Flip em uma das categorias, com o conto “A invenção de Fernando Pessoa”, e finalista em outra, com o poema “O Ovo”. O evento na cidade turística do Rio de Janeiro será entre 30 de julho e 3 de agosto.
Palavra em movimento
Oficina gratuita sobre as interações entre corpo, palavra e ancestralidade, “Dança Palavra-Movimento: Recontando Histórias” acontece nesta segunda, 31, em Bezerros, no agreste pernambucano. Serão reunidas práticas de dança popular, mitologia afro-brasileira, contos dos povos originários e poesia, tendo como referência a obra de França de Olinda. Mais informações no Instagram @danca.inflamada.
Lady Tempestade
A Livraria da Travessa de Botafogo, no Rio de Janeiro, recebe o lançamento de “Lady Tempestade”, de Sílvia Gomez, que conta a história da advogada pernambucana Mércia Albuquerque, defensora de presos políticos na ditadura militar. A obra ganhou os palcos com a intepretação de Andrea Beltrão. No evento de lançamento, a autora e a atriz conversam com a jornalista Miriam Leitão, com a mediação de Helena Aragão, a partir das 7 da noite. A publicação é da Cobogó.
Lançamento coletivo em Minas
Com apoio do Instituto Unimed de Belo Horizonte, a Academia Mineira de Letras (AML) recebe até a próxima sexta, 4, inscrições para um lançamento coletivo na sede da entidade, em 26 de julho. Os livros para avaliação devem ser enviados até o dia 9. Serão escolhidas apenas dez obras para o evento, e a comercialização ficará sob a responsabilidade das editoras ou atores selecionados. Leia matéria completa no site do Livronews.
Livros, biritas & ideias
A segunda edição da série de bate-papos Confra Ria – Livros, Biritas & Ideias, na Ria Livraria, em São Paulo, acontece na terça, 1º de abril, com o tema “Dia da Mentira: breve festival de lorotas”. Participam Andrea Del Fuego e Xico Sá, com a mediação de Henrique Rodrigues, escritor e criador do Instituto Caminhos. A partir das 7 e meia da noite. No sábado, 5, Rodrigues lança o infantil “A casa das vogais”, ilustrado por Bruno Nunes e publicado pela Pallas, na mesma Ria, às 4 e meia da tarde.
Ocupação Ana Mae Barbosa
Aluna de Paulo Freire no Recife, onde cresceu, a arte-educadora carioca Ana Mae Barbosa ganha mostra no Itaú Cultural, em São Paulo, a partir desta quarta, 2 de abril. A Ocupação Ana Mae Barbosa expõe mais de 300 itens que fazem parte de sua trajetória em 70 anos de carreira. Entre o material exposto, estão diversos livros, dos quais 30 publicados pela educadora.
Livro a caminho
Na quarta, 2, a Escola Estadual João Kopke, em Campos Elíseos, São Paulo, terá uma edição especial do Livro a Caminho, projeto do Instituto Caminhos da Palavra para valorização do livro como bem cultural e da prática leitora. O editor Gustavo Faraon, da Dublinense, conversará com os alunos de ensino médio sobre como são feitos os livros. E a mediadora de leitura Márcia Rigato, sobre a importância da leitora no cotidiano. Para incentivar a leitura, serão doados 200 exemplares de obras da Dublinense para alunos e funcionários da escola.
Conversa com escritora na UFMT
Autora de “Tempos íntimos”, Larissa Campos é a convidada da Conversa com Escritores da próxima sexta, 4, no Laboratório de Literatura e Escrita Criativa da Universidade Federal de Mato Grosso, às 2 da tarde. A mediação será de Daiane Campos. Saiba mais no Instagram @lec.ufmt.
Uma bela cidade
No sábado, 5, Eugênia Cavalcanti leva o seu livro “Uma bela cidade” para a Bienal do Ceará, com lançamento marcado para às 11h30 no estande da Livraria Palavra Encantada. A obra trata da vida na cidade na perspectiva política, numa abordagem criativa para crianças.
Brasil africano
Saiu pela Pallas o livro do escritor, professor e sociólogo Reginaldo Prandi com textos publicados ao longo de 50 anos: “Brasil africano – Orixás, sacerdotes, seguidores” oferece aos leitores mais de 400 páginas sobre deuses, rituais e transformações na sociedade nesse período. Segundo o autor, há reflexões “sobre a intolerância religiosa e a incorporação da tradição dos orixás na cultura contemporânea”, formando “um panorama crítico e detalhado do papel dessas religiões na construção da identidade brasileira”.
Então, viver é isso
A Maralto apresenta uma seleção de crônicas de Cássio Zanatta, escritas entre 2018 e 2023. Com ilustrações de José Carlos Lollo, a obra une “a poesia do cotidiano, o humor da observação e a delicadeza da memória”, segundo a divulgação da editora. No prefácio, convida Matthew Shirts: “Recomendo ler as crônicas de Cássio Zanatta aos poucos, tal com faria se as encontrasse nos jornais. Uma por vez. Talvez duas. Se não conseguir parar, OK, entendo, três”.
Memórias de Lourdes Nicácio
Com 12 livros publicados, a escritora e professora Lourdes Nicácio e Silva lançou no último dia 20, na Biblioteca Pública do Estado de Pernambuco, no Recife, as memórias “Sob a claridade do rio”, em publicação da Novo Horizonte. A obra conta com depoimentos do presidente da Academia Pernambucana de Letras (APL), Lourival Holanda, e de outros acadêmicos e escritores, além de memória fotográfica, cronologia e glossário. Aqui, um trecho do presidente da APL: “A pedra, para os do sertão, é uma invariante: sua consistência é nossa matriz. O rio: o movimento, a graça, as variações. A poesia de Lourdes Nicácio vem dessa dupla frequentação: uma firme, a outra fluida, fecundante”.
O ar dá vida
Cinco anos depois do mundo parar com a pandemia da Covid-19, Nice Guimarães relança em e-book o romance autobiográfico “O ar dá vida”. Para a autora, trata-se de “uma história sobre amor, morte, vida e esperança”. Conheça a autora no Instagram @sou.niceguimaraes.
Concentração da escrita
Em “Matéria escura”, ficção científica engenhosa sobre o multiverso, o roteirista e autor best-seller Blake Crouch resume uma propriedade do texto: “Quando você escreve, concentra toda a sua atenção naquilo. É quase impossível escrever uma coisa pensando em outra. O ato de escrever mantém as intenções e os pensamentos organizados”. A publicação, de 2023, é da Intrínseca, com tradução de Alexandre Raposo.