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Consumo das famílias aquecido beneficia vendas no varejo que acumula alta de 4,3% no ano

Em 2024 a oferta d ecredito pode ter alta de dois dígitos (0,3%) com crescimento maior na carteira direcionada podendo crescer até 12,6% em 2024.

Por Fernando Castilho Publicado em 03/09/2024 às 14:00

O setor de varejo voltou a registrar crescimento (+0,3%) no segundo trimestre segundo dados da Febraban que observou a melhores vendas no acumulado do ano com destaque para as vendas de artigos farmacêuticos, veículos, artigos de uso pessoal e de supermercados, impulsionados pelo aumento da renda e melhores condições de acesso ao crédito.

O comportamento no consumo segundo o estudo da entidade se aplica por uma melhora no mercado de trabalho, com boa geração de vagas, avanço da renda (aumento real anual de 9,2%) e baixo desemprego no trimestre encerrado em junho, contribuindo para manter o consumo das famílias em alta. Segundo o IBGE, em junho a taxa de desemprego da População Economicamente Ativa ficou em 6,9% a menor desde 2018.

Preocupação

Mas apesar do quadro há uma forte preocupação da instituição que representa os bancos relacionada com a inflação que segue como um ponto especial de atenção, uma vez que nos primeiros sete meses de 2024 a taxa atingiu o teto da meta (4,5%) em julho onde a pressão no câmbio (dólar/real) acaba se tornando um fator de risco adicional.

Até porque as expectativas de inflação, inclusive para horizontes de maior prazo (2026), seguem em alta, especialmente com quadro fiscal. Isso tem tornado mais forte a discussão sobre alta de juros neste ano que está na mesa dos analistas e do próprio Banco Central que vai analisar esses dados na próxima reunião nos dias 17 e 18 para tomar sua decisão.

No evento “Economia e Crédito ao Consumo”, realizado pelo Instituto para o Desenvolvimento do Varejo (IDV), o Presidente da Febraban, Isaac Sidney disse que a principal fonte de risco segue sendo o quadro fiscal, apesar da aprovação do novo arcabouço fiscal, mas há dúvidas sobre a capacidade do governo entregar as metas estipuladas, mesmo após a mudança das metas. “Com isso, a relação Dívida Bruta/PIB deve prosseguir em alta nos próximos anos. Os dados foram retirados da Pesquisa Febraban de Economia Bancária, realizada entre os dias 07 a 12 de agosto.

Um movimento que chamou atenção no relatório da Febraban com base nos números do segundo trimestre do ano foi relacionado aos empréstimos feitos na carteira com recursos livres com destaque (17,7%) para o financiamento de veículos. Como se sabe desde 2023 que os bancos vêm adotando uma postura cautelosa quanto à tomada de risco, dando preferência por linhas mais seguras. Mas este ano o destaque positivo foi na carteira do crédito rural que em 12 meses cresceu 18,6% revelando a força do agronegócio.

Estabilidade

Outro dado positivo apresentado ao IDV pela Febraban está relacionado a estabilidade na inadimplência dos empréstimos para a Pessoa Física feitos com recursos livres mostrou estabilização. O dado ruim é que a piora se mantém concentrada no cartão rotativo e parcelado com juros. Embora os dados indiquem que o comprometimento de renda também caiu desde então, ainda está em níveis relativamente elevados.
Finalmente a Febraban entregou ao IDV um recorte bem interessante sobre os impactos no varejo da crise das Lojas Americanas. Os números mostram que depois da fraca performance em 2023 (casos Americanas/Light), carteira de empresas com recursos livres começou a mostrar recuperação este ano.

Mas o ritmo de crescimento ainda é modesto e parece ser afetado pela migração das captações para o mercado de capitais, o que é positivo. Entretanto no segmento de s PMEs, a alta inadimplência pode estar afetando a disposição dos bancos em emprestar mais ao setor.

Carteida das empesas

É verdade que os dados mostraram que a chamada Carteira PJ mostrou alguma normalização neste 1º semestre, mas a verdade é que o crédito destinado ao Varejo perdeu participação desde a crise da Americanas embora ainda represente 23% do total. E a maior prova disso pode ser visto nas linhas de crédito envolvendo operações com recebíveis que entre Junho/24 comparado a Dezembro/22 caíram 27%, além do alto nível de inadimplência das MPMEs do setor que chegaram a 3,3%.

Na verdade, na avaliação do presidente da Febraban, Isaac Sidney, a inadimplência das empresas do varejo ainda está bem acima da média do SFN, embora tenha apresentado melhora relevante neste ano. E isso se reflete no aumento dos pedidos de Recuperação Judicial que estão crescendo. Na verdade Inadimplência do Varejo por porte de empresa chegou a 6,8% no segmento de pequena empresa, 6,3% na microempresa e média empresa 4,4%.

A boa notícia é que o crédito pode fechar em 2024 com alta de dois dígitos (0,3%) com crescimento maior na carteira direcionada, pelos programas públicos podendo crescer até 12,6% em 2024.

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