Mercado de imóvel de luxo não tem crise e corretores dizem que clientes já cobram projetos mais ousados
A falta de terrenos na faixa de praia na beira mar da Avenida Boa Viagem ja faz o preço do metro quadrado subir para ate R$ 30 mil.

Nos últimos anos, o mercado imobiliário de luxo do Nordeste vem experimentando uma espiral de preços nas capitais que surpreendeu até mesmo os corretores especializados nessa faixa de produtos. Eles viram as grandes empresas colocarem seus produtos no mercado com preços inimagináveis para o cliente do segmento Minha Casa Minha Vida que não sabe que o preço do metro quadrado na Avenida Boa Viagem, por exemplo chegou a R$ 30 mil.
Recife, Fortaleza, Salvador e Natal vivem uma espécie de boom de negócios no segmento que praticamente vendem a maioria dos imóveis na planta até porque nesse nicho atuam poucas empresas que ocuparam o espaço dos mega projetos liderados pelas companhias do setor pertencentes às grandes corporações da Região relacionadas na crise da Lava Jato.
Sem Terrenos
Mas o Recife enfrenta uma situação peculiar: a falta de terrenos na faixa de praia na beira mar da Avenida Boa Viagem. O último deles na altura do número 5680 abrigará o futuro Edifício Francisco Brennand, da construtora Vale do Ave, que só deve ser lançado em 2025. Isso faz a pressão pelos preços subir em todos os sete quilômetros da curta faixa de praia do Recife onde cresceram as vendas de usados, especialmente depois da pandemia.
Entretanto, corretores especializados no segmento em Pernambuco como José Maria Miranda (Paulo Miranda Exclusive), Gustavo Morais (Direct Imóveis) e Sacha Myrna (XM2 Soluções Imobiliárias) vem observando uma cobrança de seus clientes por projetos mais arrojados especialmente no Recife, como já acontece em Salvador e especialmente em Fortaleza onde as construtoras locais estão lançando edifícios cujo material de promoção tem versão em inglês já que está sendo trabalhos fora do Brasil.
Poder de Compra
Eles confessam que a questão não é preço nem clientes de alto poder aquisitivo dispostos a pagar R$30 mil pelo metro quadrado. O que os clientes estão interessados em plantas que possam se tornar referência pela ousadia do projeto arquitetônico.
Sasha Myrna que trabalha apenas no segmento de altíssima renda revela que Boa Viagem é um território onde os novos empreendimentos têm mesmo uma similaridade caracterizada pelo espelho na fachada. Uma predominância arredondada na frente que faz o cliente agora reclamar que praticamente são iguais independente da construtora.
José Maria Miranda concorda que existe melhoria arquitetônica ao longo dos anos. Mas sim, estamos bem atrás de outras capitais nesse sentido, que trazem assinaturas de design que ressignificam o visual da cidade embora sejam projetos muito específicos que chegam ao patamar de R$30 mil o metro quadrado.
Gustavo Morais revela que o cliente se queixa da questão do vidro com alumínio que de certa forma virou um modismo na Avenida Boa Viagem em função da maresia que aumenta os custos de manutenção. Porque uma fachada de espelho de vidro dá muito trabalho para se manter.
Primeira moradia
Todos concordam que não se trata de não ter mercado. Myrna lembra que há compras de alto padrão no Recife e que o cliente quer o imóvel para primeira moradia. “Eles vão morar nesse novo endereço, daí essa nova cobrança”, afirma.
Miranda também admite que sua carteira de clientes de alta renda de Pernambuco suporta esses preços. “Até porque a escassez de terrenos ajuda muito a valorizar as poucas ofertas novas que existem atualmente no mercado”.
Gustavo Morais admite que com certeza a demanda continuará aquecida. “Acabou o estoque de terreno e a tendência de subir os preços e deve continuar nos próximos projetos”, prevê.
Eles também concordam que esse cenário é uma oportunidade para que os arquitetos sejam desafiados nos futuros projetos, não só na Avenida Boa Viagem, mas noutros bairros do Recife. E lembram que em locais como o Paiva já foram apresentados projetos mais arrojados.
Wave Fortaleza
Myrna lembra o caso do projeto do Edifício Wave Beira Mar, com 40 unidades de 435m 2 e que deve ser entregue em 2026, na beira mar de Fortaleza, cujo projeto é diferenciado e tem material em inglês.
“Acho que o mercado pode ser muito mais ousado e oferecer coisas diferenciadas noutros bairros do Recife. O cliente de alta renda agora quer ter uma experiência diferenciada na sua primeira moradia. E isso abre enormes possibilidades!, conclui a arquiteta de formação que virou corretora de imóveis de luxo.
Custo dos policiais
A decisão da Governadora Raquel Lyra de promover uma forte modernização na segurança publica vai exigir, como prevê o plano Juntos Pela Segurança, ao menos R$ 5,2 bilhões, em quatro anos. Mas dentro desse número geral, tem uma informação que pouca gente até mesmo dentro do governo sabe avaliar relacionada como o custo que a contração de 4.412 novos policiais civis e militares vai agregar ao orçamento do Estado por ano. Dados do governo apontam que os novos servidores vão custar a partir de sua contratação, por ano, mais R$ 280 milhões doas quais R$ 110 milhões com os 2.400 com edital de concurso já anunciado