Cenário econômico em Pernambuco, no Brasil e no Mundo, por Fernando Castilho

JC Negócios

Por Fernando Castilho
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Coluna JC Negócios

Maria Izabel revela novos sabores do azeite de Oliva

O azeite extra virgem Maria Izabel é produzido com as variedades cobrançosa, verdial e galega sem qualquer produto químico, constante limpeza e arejamento das oliveiras.

Fernando Castilho
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Publicado em 25/10/2020 às 6:00 | Atualizado em 25/10/2020 às 6:22
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A segunda safra do azeite Maria Izabel, com apenas 3 mil garrafas chega ao Brasil em garrafas de 500 ml com rótulo elegante revelando acidez de variação de até 0,2% na produção. - FOTO: DIVULGAÇÃO

Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios

Maior produtor mundial de proteína animal — representada pelas carnes de boi e de frango — o Brasil caminha para se tronar um dos cinco maiores consumidores de salmão e bacalhau.

Embora o consumo de peixe per capita seja apenas 1/6 das duas outras proteínas, há um crescimento na preferência do consumidor brasileiro e isso provoca uma outra mudança na dieta do consumidor: a maior utilização do azeite de oliva nas refeições.

Tudo isso amplia as perspectivas de um mercado que, num passado não tão distante, conhecia apenas duas ou três marcas, via o azeite como um produto de alto luxo e sequer sabia do seu uso direto como antepasto.

É uma pequena revolução que já motiva agricultores brasileiros a cultivarem oliveiras em vários Estados, movidos pela ideia de produzir azeites de alta qualidade do tipo extra virgem.

Já existem no mercado ao menos 70 marcas nacionais, embora o maior consumo ainda seja o de azeite português e espanhol.

O tamanho do mercado potencial brasileiro atrai a cada dia mais produtos vindos da Itália e Argentina, e mais recentemente da França e da Grécia.

Agora, estão chegando os azeites marroquinos, egípcios e tunisianos. Em Portugal, destacam-se as azeitonas das variedades cobrançosa, verdial e galega, com as quais são produzidos azeite de melhor qualidade.

Em 2013, o mercado de azeites no Brasil apresentava vendas de menos de 40.000 toneladas/ano, similar à Austrália e superior ao Canadá.

Atualmente, a produção mundial de azeite situa-se próxima dos 3 milhões de toneladas/ano. É apenas 2% de todas as gorduras produzidas no mundo.

Este ano, a safra de azeitonas no Brasil apresentou uma queda significativa na produção, em relação ao recorde atingido no ano passado de 1,4 milhão de toneladas.
O País deve produzir 240 toneladas de azeite, conforme dados do Instituto Brasileiro da Olivicultura (Ibraoliva).

A menor produção não diminui o entusiasmo dos produtores. Ano passado, a safra de azeite ficou em torno de 230 mil litros no País, sendo aproximadamente 180 mil litros no Rio Grande do Sul.

Este ano, deveremos chegar aos 10.000 hectares plantados e até 2025 a estimativa é de 20.000 hectares. Curiosamente a covid-19 ajudou nas vendas de azeite de maior qualidade nas lojas que venderam pelo delivery.

O cultivo de oliveiras está na Bíblia Sagrada. Na mesopotâmia o azeite era utilizado em diversos rituais religiosos e se espalhou pelo mundo árabe.

Da Grécia, a oliveira foi introduzida na Península Ibérica durante o domínio árabe e lá acabou encontrando solo propício em Portugal (segundo produtor mundial, depois da Espanha), de onde se expandiu para a Argentina e Chile, na América do Sul.

A produção no Brasil começou há menos de 20 anos, em 2003, no Rio Grande do Sul (Caçapava do Sul), hoje o principal polo produtor do País.

Regiões como a Serra da Manteigueira, entre Minas Gerais e São Paulo, atrai o interesse dos produtores que apostam em novo terroir para as azeitonas do azeite "made in Brazil".

Maria Izabel chega ao País

Com um nome no mercado de vinhos, a Quinta Maria Izabel vai ganhando espaço em outro segmento: o de azeites. Localizada na região do Douro, em Portugal, é de lá que vem um azeite extra virgem, maduro, ligeiramente amargo e picante, com acidez de até 0,2%. De cor forte, recebe cuidados especiais desde o tratamento das oliveiras, ao produto final.

Ele chega ao Brasil em garrafas de 500 ml com rótulo elegante, assim como os dos vinhos Maria Izabel. Esta é a segunda safra do produto, com apenas 3 mil garrafas, das quais 70% ficam na Europa, onde a marca

Maria Izabel vem se consolidando no mercado dos vinhos. Os outros 30% desembarcam no Brasil.
Embora o rótulo informe acidez de variação de até 0,2% na produção, as análises mostram que ela chega a 0,11%. As azeitonas usadas são cobrançosa, verdial e galega sem qualquer produto químico, constante limpeza e arejamento das oliveiras.

A colheita é manual e mecânica, com rápido processo entre a retirada das azeitonas e chegada ao lagar (local onde se pisam frutos para separar sua parte líquida da massa sólida).
Esse curto tempo entre os processos permite evitar qualquer fermentação do produto, mantendo a alta qualidade final do azeite.

A Quinta Maria Izabel é um investimento dos empresários brasileiros Reginaldo e João Carlos Paes Mendonça em Portugal, com produção dos rótulos Vinhas da Princesa, Quinta Maria Izabel, Maria Izabel e MI, Sublime e Bastardo.

Anualmente, a marca coloca no mercado vinhos de alta qualidade nas versões rosé, branco, tinto e vinho do Porto. Alguns, inclusive, já premiados na Europa. Toda produção de vinhos tem consultoria do enólogo e empresário Dirk Niepoort.

No RioMar Recife, os produtos são encontrados nos restaurantes e nas principais revendas de vinhos do shopping, como o Barchef. O azeite já está disponível para venda no Barchef.

Líder do mercado foi pioneiro no Brasil

Existem marcas que se tornam tão fortes na memória do consumidor que acabam virando substantivo. Com o azeite aconteceu isso em relação ao Gallo.

O Brasil é hoje o maior mercado externo da empresa portuguesa, que fez 100 anos em 2019. O azeite Gallo está presente no Brasil desde a década de 1930. Nos últimos cinco anos suas vendas cresceram acima da média do mercado nacional pelo aumento do consumo. Andorinha, Borges e o espanhol Cocinero vêm a seguir.

O maior conhecimento do consumidor do produto azeite, e mais ainda o interesse pelos azeites extra virgem, de produção bem restrita — no qual o Maria Izabel se inclui — ajudam nas vendas dos novos azeites que estão chegando ao mercado brasileiro. Apesar das mudanças, o recall do Gallo no Brasil é impressionante.

Mas isso não aconteceu por acaso. A fábrica em Abrantes, Portugal, do português Victor Guedes, que começou a produzir desde 1860 e registrou o nome Gallo em 1919, iniciou uma trajetória que, depois de 100 anos, tem um lista de produtos nas diversas categorias e novas formulações.

Isso inclui azeites orgânicos, colheita madura e até o Grande Escolha, um azeite extra virgem Premium que já ganhou 128 prêmios depois de que foi lançado em 2010. Os brasileiros contentam-se com o azeite clássico que remete à lata de 500 ml, agora também oferecida em vidros.

Entretanto, o mercado brasileiro recebeu concorrentes de peso como o Andorinha, Cocinero e Borges com ações de marketing agressivas aproveitando o crescente interesse dos brasileiros pelo hábito de, cada vez mais, temperar seus pratos com azeite de qualidade na mesa. E isso ajudou que, mais recentemente, essa oferta de produtos de qualidade diferenciada levasse os consumidores ao gesto de degustar o azeite puro com pães e antepastos.

Na verdade, os brasileiros ainda estão começando a conhecer e apreciar os diversos tipos de azeites provenientes principalmente de Portugal, Itália, Espanha e Argentina, mas também da França e da Grécia.
Isso também tem ajudado os agricultores brasileiros a começarem a se interessar em produzir azeite de oliva de qualidade no Brasil.

A safra 2020 de azeitonas no País deve apresentar uma queda significativa na produção em relação ao volume recorde atingido no ano passado de 1,4 milhão de toneladas, enquanto a produção de azeite foi de 240 toneladas, segundo dados do Instituto Brasileiro da Olivicultura (Ibraoliva).

É uma cultura nova. A safra 2020 foi menor em função de problemas climáticos na época da polinização, mas essa diminuição da quantidade não afetou a qualidade do azeite. Muito menos o entusiasmo dos produtores.

Extra virgem, o melhor na mesa

A produção de azeite de oliva é um assunto tão sério que existe até um Programa de Controle da Pureza dos Azeites, que segue as normas do Conselho Oleícola Internacional (COI), uma instituição subordinada à ONU encarregada de gerir o Convênio Internacional do Azeite de Oliva, a Associação Oliva.

Tecnicamente existem cinco grandes categorias de azeite de oliva. O produto mais nobre é o azeite de oliva virgem, que é extraído unicamente por processos mecânicos ou outros meios físicos, com controle de temperatura adequada para manter a natureza original do produto. O azeite assim obtido pode, ainda, ser submetido aos tratamentos de lavagem, decantação, centrifugação e filtração, desde que observados os valores dos parâmetros de qualidade previstos em normas técnicas bem rigorosas.

O segundo produto é azeite de oliva. Trata-se do produto constituído pela mistura de azeite de oliva refinado com azeite de oliva virgem ou com azeite de oliva extra virgem.

O terceiro é o azeite de oliva refinado. É uma espécie de produto de combate do mercado, usado largamente na cozinha onde não usa os demais óleos vegetais, como os óleos de soja e milho como acontece no Brasil.

Existe ainda o óleo de bagaço de oliva. É um tipo de óleo constituído pela mistura de óleo de bagaço de oliva refinado com azeite de oliva virgem ou com azeite de oliva extra virgem. E finalmente o óleo de bagaço de oliva refinado proveniente do bagaço do fruto da oliveira, depois de várias passagens pelas prensas e refino.

 

 

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