
Por Fernando Castilho da Coluna JC Negócios
A oferta da Yduqs, controladora da Estácio, para entrar na disputa com o Grupo Ser pela operação brasileira da Laureate não é um fato novo na disputa pelo mercado de ensino superior privado no Brasil. A diferença é que, agora as duas empresas estão em campos opostos.
Na manhã desta segunda-feira, a Yduqs disse em comunicado de fato relevante ao mercado que acredita ter condições de apresentar proposta concorrente mais atraente dentro do prazo estabelecido para o go-shop.
Se a disputa, de fato, acontecer promete ser a reedição de uma briga da empresa que ainda se chamava Estácio e que a entrada da Kroton na disputa inviabilizou uma outra fusão.
Em junho de 2016, o Grupo Ser fez uma proposta de “combinação de negócios” com a então Estácio que criaria um nova instituição com 750 mil alunos — sendo 600 mil da Estácio e 150 mil do Grupo Ser.
Mas a proposta foi barrada pela Kroton entrou na disputa e acabou ficando com a Estácio numa aquisição que dependia e aprovação e foi proibida pelo Cade. No mercado, ficou a percepção dos controladores Estácio de que a estrategia do Ser era muito agressiva razão pela qual preferiram se alinhar com a proposta da Kroton.
Naquele ano, a Estácio aceitou a oferta de compra feita pela Kroton por R$ 5,5 bilhões – valor que seria pago via troca de ações e tirou o Ser da jogada.
A coisa, porém, não evoluiu e o Cade considerou que as soluções propostas não foram suficientes para mitigar os potenciais impactos na concorrência.
A Estácio mudou de nome e de marca passando a se chamar Yduqs e a Kroton continuou sua vida com as marcas Anhanguera, Pitágoras e Unopar.
O Ser, que havia sido preterido, comemorou o veto do Cade. Na verdade, decisão dos acionistas da Estácio preferindo a Kroton que só fez atrapalhar um negócio que estava certo.
Ser e Estácio continuam brigando por praças muito semelhantes especialmente no Norte e Nordeste. Na verdade, a aquisição da Laureate vai turbinar qualquer uma das duas que vai virar a quarta maior empresa do setor.
Ano passado, a Estácio, anunciou a compra do grupo educacional Adtalem Brasil, numa transação gira em torno de 1,92 bilhão de reais. Entre as marcas adquiridas pelo grupo estão o Ibmec, conceituada faculdade escola de negócios. Com isso passou a controlar as marcas Wyden (FMF, Unimetrocamp, Facid, UniFBV, Facimp, UniRuy, Área 1), Unifavip, Unifanor e Damásio Educacional.
O fato novo é a disposição da Yduqs de entrar numa segunda operação menos de um ano que comprar um pacote de operações que segundo o mercado girou próximo aos R$ 2 bilhões.
Como a oferta do Ser foi de R$ 3,82 bilhões e a multa é de R$ 180 milhões a proposta da Yduqs terá que começar a partir de R$ 4 bilhões, o dobro da aquisição feita em outubro do ano passado.
Isso significa que além de precisar ter R$ 2 bilhões em caixa s Yduqs terá que oferecer muitas ações da sua holding. Nesta segunda-feira as ações do Ser dispararam e cresceram 14%.
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