O caso do governo que combate a corrupção e não quer CPI sobre o assunto
Se não existe motivo para qualquer preocupação, qual o motivo de tanta preocupação? CPI não seria boa para esclarecer os escândalos no INSS?

Assim que o escândalo no INSS tomou as manchetes dos jornais, o governo Lula se apressou em construir a narrativa de que estava trabalhando contra a corrupção. A fórmula utilizada e trabalhada com muita força pela militância nas horas seguintes à operação da Polícia Federal foi a de que as fraudes começaram em 2016 no governo Temer, seguiram no governo Bolsonaro e estavam sendo combatidas no governo Lula.
Depois, o discurso do governo ficou fragilizado pelos números. É que a média de descontos irregulares nas aposentadorias e pensões do INSS aumentou absurdamente a partir de 2023, exatamente o primeiro ano desta gestão do petista. A média era de R$ 500 milhões por ano e passou para R$ 2 bilhões por ano quando Lula assumiu. Entidades que fazem esse desconto foram criadas em 2023 e surgiram, repentinamente, com mais de 300 mil associados no início do governo petista.
Mas a questão é que a gestão atual tentou se fazer parecer muito confortável com a situação. Aí, bastou a oposição falar em CPI do INSS para as lideranças petistas se movimentarem como fazem as formigas assim que alguém joga uma pedra no formigueiro. Se não existe motivo para preocupação, qual o motivo da preocupação?
Raquel e os prefeitos
O PSD, da governadora Raquel Lyra, alcançou a impressionante marca de 60 prefeitos filiados ao partido. O número fechado aconteceu depois que o gestor do município de Paranatama, Henrique Gois, saiu do MDB e assinou a ficha do partido para o qual a chefe do Executivo migrou há algumas semanas.
Em seu período de hegemonia mais impressionante, o PSB chegou a ter, filiados, 70 prefeitos do partido socialista. Isso com Eduardo Campos em preparação para ser candidato a presidente da República. Atualmente, os gestores socialista nos municípios não chegam a 30 e muito tem se falado no desafio que terá João Campos (PSB) para renovar o grupo em Pernambuco, enquanto ainda atua como prefeito do Recife e, em breve, assumirá a presidência nacional do PSB. Sem falar na intenção de ser candidato ao governo de Pernambuco contra a própria Raquel. A questão é se, tentando fazer tudo ao mesmo tempo, Campos pode acabar não concluindo bem nenhuma das frentes assumidas.
Agora, Raquel ter 60 prefeitos em seu partido resolve sua situação eleitoral? Ajuda, mas não garante nada. É preciso ter tração popular até o início de 2026. Os sinais, por agora, são positivos para ela. Todas as últimas pesquisas locais, contando as de reconhecida credibilidade e as que ninguém nunca ouviu falar, mostram estabilidade ou queda de João de um lado, com crescimento gradual de Raquel. Continuando assim, ela terá a tal tração eleitoral. Uma das que tem credibilidade, a Quaest, deve trazer novos dados nos próximos dias. É aguardada com ansiedade.
Trump vai mal
Donald Trump está tendo problemas com sua popularidade nos EUA. Em cem dias de governo, é o presidente com a pior avaliação positiva dos últimos 80 anos. A aprovação dele caiu de 47% para 40% de fevereiro a abril. Isso seria impulsionado pela aplicação do tarifaço, que tem uma desaprovação de 54% segundo o mesmo levantamento.
E nesta quarta-feira (30) o PIB americano foi divulgado com mais um resultado ruim. Os EUA caíram 0,3% no acumulado dos últimos três meses. No trimestre anterior, o país havia crescido 2,4%. O resultado acentua a preocupação dos economistas que apontavam uma possível recessão para o país por causa das medidas de Trump.
Até esses economistas foram surpreendidos com o recuo no PIB. Os mais pessimistas esperavam um crescimento pequeno, de 0,4% positivo. E veio 0,3% negativo.