Aumento nas emendas dos deputados cobrará empregos pernambucanos no futuro

Os deputados estaduais em Pernambuco pautaram para esta terça-feira (8) uma discussão sobre o aumento do valor destinado às emendas que beneficiam os próprios deputados. Coisa do Brasil, onde ter o poder para aumentar os próprios benefícios é prerrogativa daqueles que deveriamclose pensar primeiro na população.

As dificuldades que os pernambucanos enfrentam todos os dias, muitas sem solução há décadas, demonstram para que lado pesa o voto dos parlamentares. Sempre que a ideia é melhorar seus próprios rendimentos, financeiros e políticos, ou resolver problemas estruturais do estado, nossos parlamentares optam por seus próprios interesses. E isso é lamentável.

Emenda

Essa é a base da discussão atual. As emendas são legais, embora sua moralidade seja mais discutível quanto maior é o volume.

O problema é que se trata de um dinheiro separado dentro do orçamento do estado para que os parlamentares apontem onde deve ser investido. Na prática, ao invés de essa verba ir ajudar a sustentar grandes projetos estruturantes que são necessários para o benefício de todos os pernambucanos, eles acabam indo parar nas bases eleitorais dos próprios deputados.

“Se vire”

O que os deputados estão querendo agora é aumentar de 0,8% da Receita Corrente Líquida para 2,0%. É um reajuste de mais de 100%, que ajuda a imobilizar a gestão central do estado.

Imagine que você é o síndico de um condomínio e organiza todos os pagamentos, depois de quitar todas as contas obrigatórias, de água, de luz, funcionários, sobra apenas um pouco de dinheiro que você pretende juntar ao longo dos meses para fazer uma grande e necessária reforma na cisterna, porque sem ela os moradores ficarão sem água nas torneiras.

Mas é surpreendido por um dos fornecedores que resolve aproveitar uma situação de momento para ganhar muito mais dinheiro do que estava programado, prometendo transformar sua vida num inferno se você não pagar.

Milhões

O fornecedor não está preocupado se os moradores do condomínio vão ficar sem água nas torneiras. Querem uma fatia maior da parte deles, e fim de papo. Adeus reforma estruturante, desde que o fornecedor ganhe mais.

Agora, trazendo isso para a realidade de Pernambuco. Quantas obras grandes deixam de ser realizadas porque esse dinheiro, que com o aumento pelo qual os deputados estão brigando pode chegar a mais de R$ 800 milhões, ficará preso nas bases eleitorais dos parlamentares num volume muito maior do que o previsto?

Críticos

Não é por acaso que a Fiepe e mais 11 associações divulgaram nota criticando deputados da Alepe por tentarem aumentar o próprio bolo financeiro com as emendas, tirando dinheiro do estado que pode ser utilizado em projetos com potencial de melhorar a economia para destinar aos projetos que fortalecem apenas sua relação com os próprios eleitores.

Os milhões que os deputados querem receber a mais do que havia sido acordado com o Palácio, é um dinheiro que deixará de ser investido em projetos estruturantes.

Isso é muito grave, porque o futuro vai cobrar pesado essa escolha.

2032

Pernambuco deveria estar numa corrida incessante por melhorar sua infraestrutura e sua capacidade logística ao invés de destinar mais recursos para emendas. Com a reforma tributária aprovada recentemente, definiu-se que todo incentivo fiscal que sustenta empresas e empregos por aqui deve se encerrar até 2032.

Se, até lá, Pernambuco não conseguir oferecer boas condições de logística e infraestrutura, sem subsídios, indústrias inteiras podem simplesmente fechar as portas e partir para centros mais desenvolvidos, no Sudeste, por exemplo.

Menos empregos

Será uma catástrofe do ponto de vista de empregos e a economia sofrerá imensamente. As associações e federações ligadas ao setor produtivo já entenderam essa situação e começaram a trabalhar para o desenvolvimento de Pernambuco no futuro. O Governo também está ciente do desafio.

Só os deputados estaduais, principalmente os da oposição que tentam viabilizar mais verbas para eles mesmo, é que parecem não ter entendido o tamanho do problema ainda.